
‘Os Traidores' foi uma aposta apresentada com pompa e circunstância por Daniel Oliveira para a noite de domingo da SIC, com a condução de Daniela Ruah como trunfo. No entanto, o programa não tem convencido os portugueses, como provam as derrotas consecutivas para ‘O Triângulo’, da TVI, e ‘The Voice Kids’, da RTP 1.
Carlos Cruz aproveitou a sua crónica no jornal ‘Tal & Qual’ para analisar este cenário, deixando rasgados elogios à apresentadora e à produção, explicando os fatores que, a seu ver, contribuem para os números mais modestos no que às audiências diz respeito deste formato, que originou nos Países Baixos e que tem feito sucesso a nível internacional.
"Daniela Ruah está perfeita. Ela não é ‘apresentadora’. Ela é participante, como personagem, da história, semana a semana. É atriz a representar impecavelmente um papel. A produção também criou o ambiente correto para o programa. O local e a iluminação não têm erros", começou por afirmar o ex-apresentador.
"Então o que é que falta para o programa conquistar uma excelente audiência? O mais fácil é dizer que falta público. Mas isso seria uma afirmação de La Palice. É preciso lembrar que o espetador médio português não gosta de ter que pensar muito. A televisão há muitos anos que o habituou a não ter que pensar. As narrativas são lineares, simples e são mastigadas como uma pastilha elástica. Conversas durante o dia e novelas à noite. O limite são os concursos de pergunta e resposta, porque não é necessário raciocinar, é só memória, sabe ou não sabe", continuou.
"‘Os Traidores’ pede mais aos espetadores. Ouvir com atenção, interpretar o que ouve, saber ler os olhares, os tiques, as expressões e apostar no nome que vai ser ‘morto’. Isto é, ser psicólogo e observador. Esperar sete dias para ver se acertou? O português médio, na sua maioria, não está para isso. Prefere comer o prato já pronto. Depois, falta conflito, discussão. É tudo muito ‘soft’. É esse o segredo do ‘Big Brother’, conflito. Mais tempo juntos na sala? Ou à mesa? E as razões da escolha dos traidores do jogador a abater? Quais os argumentos dos traidores? Mas agora… está tudo gravado", completou Carlos Cruz, deixando o recado a Daniel Oliveira, o diretor de programas da SIC.