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Crime

Destinos cruzados. As semelhanças macabras no 'caso Renato Seabra' com o do filho de ator famoso que matou amigo na Tailândia

O que une e o que separa os casos dos assassinatos de Carlos Castro e do cirurgião plástico Edwin Arrieta.
08 de agosto de 2023 às 16:54
Daniel Sancho, Renato Seabra
Daniel Sancho, Renato Seabra

O filho do ator espanhol Rodolfo Sancho, Daniel, que matou e desmembrou o amigo com quem viajava, Edwin Arrieta Arteaga, na Tailândia, está detido na prisão de Koh Samui, no sul do país, onde permanecerá até ao início do julgamento.

A passar por um isolamento profilático por causa dos protocolos da covid-19, Daniel Sancho só terá para já visitas do seu advogado, contratado pela família. Ele está "relaxado", disse o advogado à 'EFE', e "sabe o que fez". "Expliquei-lhe o processo. Ele quer planear como viver aqui dentro". A prisão preventiva pode durar semanas ou meses e há muitas hipóteses em jogo: ser extraditado para Espanha ou ser julgado na Tailândia, arriscando-se à pena de morte. 

Daniel Sancho é acusado de homicídio premeditado, esquartejamento e de esconder os restos mortais do cirurgião plástico Edwin Arrieta. O crime foi descoberto depois que partes do corpo de Edwin foram encontradas por curiosos num aterro sanitário. Daniel confessou o assassinato mas disse que era um "refém" do cirurgião. 

À semelhança da relação de Carlos e Renato, que tinham uma diferença de idades de 44 anos, Daniel e Edwin também estavam em fases de vida diferentes, com uma diferença de idades de 15 anos. 

O espanhol e o colombiano estavam juntos há cerca de um ano, segundo o próprio Daniel, numa relação aparentemente aberta. O filho de Rodolfo Sancho garantiu ao companheiro que não era homossexual e tinha namorada, segundo a 'Semana', mas ao tentar acabar com a relação sexual, Edwin terá ameaçado o jovem de 29 anos, dizendo que ia publicar as fotos íntimas para afetar a família de Daniel - além do pai ser um ator famoso em Espanha, Daniel tem a mãe e tios ligados ao cinema, e o seu avô era Sancho Gracia.

No caso de Carlos Castro e Renato Seabra, os dois estavam juntos há poucos meses. Na altura do crime, os amigos do cronista social diziam que ele estava feliz e apaixonado, já os familiares de Renato Seabra não acreditavam que ele fosse homossexual, tendo visto em Carlos Castro uma figura paternal. 

Uma hora de terror no quarto de hotel

Outros aspectos dos crimes cometidos por Renato Seabra e Daniel Sancho mostram as semelhanças dos casos. Os casais estavam em países distantes das residências habituais e escolheram quartos de hotéis como cenário.

Carlos Castro, de 65 anos, estava em Nova Iorque com Renato Seabra, que na altura tinha 21 anos, para celebrar o Réveillon. O corpo do cronista social foi encontrado a 7 de janeiro de 2011 no quarto 3416 do Hotel Intercontinental, em Times Square. 

Na confissão do crime, Renato disse que naquele dia ele e Carlos "iniciaram uma discussão verbal que se transformou numa altercação física", lê-se no documento publicado pelo 'Diário de Notícias'. Renato agarrou Carlos à volta do pescoço, agrediu-o e esfaqueou-o com um saca-rolhas "na zona da virilha e na cara", e atingiu a cabeça do cronista com um monitor de computador. O ataque durou "pelo menos, uma hora".

Renato despiu-se, lavou-se, saiu do quarto, encontrando em seguida a filha e uma amiga de Carlos que queriam saber onde estava o cronista social. Depois saiu do hotel, "andou a vaguear sem rumo" antes de ir ao hospital St. Luke's Roosevelt para tratar de alguns ferimentos.

Renato despiu-se, lavou-se, saiu do quarto, encontrando em seguida a filha e uma amiga de Carlos que queriam saber onde estava o cronista social. Depois saiu do hotel, "andou a vaguear sem rumo" antes de ir ao hospital St. Luke's Roosevelt para tratar de alguns ferimentos.

Ao contrário de Renato, as autoridades acreditam que Daniel Sancho planeou o crime, noticia a 'BBC'. O chef de 29 anos comprou uma faca, luvas de borracha e um produto de limpeza na última terça-feira, 1. Ele também alugou um barco. Dois dias depois, Daniel foi a uma esquadra denunciar o desaparecimento de Edwin. Na altura, a polícia já tinha relatos de algumas partes de um corpo terem sido encontradas num aterro sanitário, que mais tarde o ADN mostrou ser Edwin.

Na sexta-feira, Daniel confessou o crime e levou as autoridades a outros sete locais onde escondeu o corpo desmembrado. 

Na sexta-feira, Daniel confessou o crime e levou as autoridades a outros sete locais onde escondeu o corpo desmembrado. 

O assassinato aconteceu no quarto de um resort em que os dois estavam hospedados. Daniel espancou Edwin até o cirurgião ficar insconsciente, descreve a 'Semana'. O ataque durou uma hora.

Após as agressões, Daniel arrastou Edwin para a casa de banho, onde desmembrou o corpo do cirurgião, ato que durou três horas. Daniel colocou as partes do corpo em sacos pretos e atirou uma parte ao mar e outra no aterro sanitário.

Renato Seabra foi condenado em 2011 a uma pena de prisão de 25 anos a perpétua, tendo por isso a previsão de ficar numa prisão de alta segurança até 2036. Ele tentou ser transferido para Portugal, mas um tribunal norte-americano negou o seu pedido. 

Renato chegou a ter o apoio permanente da mãe, Odília Pereirinha, em Nova Iorque, mas o custo de vida obrigou a enfermeira a regressar a Portugal, noticiou o 'Correio da Manhã'. Agora, Odília visita o filho de 33 anos a cada três meses. Renato tem trabalhado na confecção de roupas na prisão e ajuda nas missas. 

Daniel arrisca-se a ter um destino semelhante na Tailândia, a cumprir pena longe da família. Para já, a imprensa espanhola diz que o pai, Rodolfo Sancho, já está naquele país para apoiar o filho.

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