
Há um ano, Dolores Aveiro enfrentou risco de vida quando sofreu um AVC. Durante todos este período, a mãe de Cristiano Ronaldo remeteu-se ao silêncio sem nunca falar da doença.
Esta quarta-feira, 3, a matriarca da família Aveiro fala pela primeira vez do drama que viveu e de como foi sentir que a vida lhe estava a "fugir entre os dedos" e de como conseguiu agarrar "a luz". "Luz essa que me puxava para cima, uma luz que teimosamente insistia que aquele era só mais um obstáculo a ser ultrapassado e mais uma história de superação para contar da minha vida", começa por descrever.
Dolores Aveiro guarda esta história com orgulho por ter superado mais um desafio e recusa vitimizar-se ou que tenham pena dela. "Sei que tem milhões de histórias iguais ou piores que a minha, mas cada um sabe da sua dor, não é verdade?", refere num longo texto partilhado com os fãs.
No meio da dor e da incerteza, o neto Cristianinho teve um papel fundamental na recuperação da avó: "Pensei que era uma despedida, uma amarga despedida, fiquei confusa, perdida mas percebi que afinal tinha acabado de sobreviver a algo muito forte e por eles teria que ser forte e voltar a ser quem eu era, e tudo o que me importava naquele momento era ser forte, era superar a luta que a partir daquele momento eu teria que enfrentar e foi por eles que eu me reergui, foi pelos meus netos que me fortaleci, foi por aquele neto (Cristianinho) que pediu ao pai dele para me ver no hospital mesmo no estado em que eu estava, ele sabia que o abraço dele era uma das coisas que eu mais precisava para sair dali vencedora, e fui."
Pelo meio do processo chegou a pandemia. Presa à cama do hospital, Dolores Aveiro ficou sem a sua principal força motivadora: a visita dos filhos e dos netos.
"Fiquei na cama de um hospital ligada a dezenas de fios e entubada, as horas seguintes ao AVC foram de tortura para os meus, eles não sabiam como eu iria acordar, eles não sabiam como seriam os danos, eles estavam com medo de me perder para uma cama de hospital, inválida sem os reconhecer e com muitas limitações (típico do que me aconteceu ). Nunca foi contado em público a gravidade da minha situação. Naquele momento, os meus filhos viram preocupação na cara da equipa médica, eles ficaram sem chão muitas horas e dias. (...) Eles se agarraram ao meu respirar e à minha pulsação e ficaram na fé que eu ia acordar sem sequelas no cérebro e no corpo, acordei algumas horas depois, sem saber o que me aconteceu muito bem, olhei em frente e vi meus filhos em volta da minha cama, eu rodeada de máquinas e sem conseguir me mexer, só me lembro de ver as lágrimas do meu neto (aqueles olhinhos vivos me olhavam com tanto amor) e aí eu gritei, gritei de confusão na minha cabeça, gritei, chorei muito, (foi forte a emoção naquele momento, não teve ninguém naquele lugar que não se emocionou) naquele momento eu pensei que estava quase no fim,horas antes eu tinha ido para a minha cama,dois dos meus filhos moram fora da minha terra, dois deles perto de mim e quando abri os olhos eles os 4 estavam diante de mim, aos meus pés."
Leia aqui o relato completo e amocionado de Dolores Aveiro: