
"Uma das coisas que mais me custou na vida foi ver a minha mãe, já depois dos 40 anos, levantar-se às quatro e meia da manhã para ir trabalhar para o campo... para a apanha da azeitona", revela Cláudio Ramos numa conversa intimista com Júlia Pinheiro em 'Júlia', o programa da tarde da SIC.
O comentador voltou a falar dos tempos difíceis que viveu durante a sua infância. Dias marcados por pouca abundância: "Íamos muito cedo, por volta das cinco e meia, seis horas, à padaria da Dona Chica buscar 18 papo-secos fiados... nunca mais me esqueço, dúzia e meia", recorda.
Mas se a falta do que comer não era fácil de aceitar, a violência do pai era bem pior. Cláudio Ramos contou um episódio em que o pai agrediu uma das suas irmãs com um fio elétrico dobrado: "Ainda hoje ela tem as marcas dessa sova marcadas na perna".
"Todos nós [ele e os seus irmãos] aprendemos a sofrer em silêncio. Sabíamos que o barulho poderia suscitar uma nova reação. O meu pai não nasceu para ser pai. Nunca nutri por ele qualquer sentimento de amor. Quando ele morreu, há dois anos, tive uma enorme sensação de alívio", admitiu.
Conta ainda: "Discuti com ele 15 dias antes de morrer por causa da minha orientação sexual que ele considerava ser uma doença. Dizia que podia contagiar os meus irmãos".