
Herman José foi o convidado deste sábado, dia 14, do 'Alta Definição', da SIC. A certa altura, Daniel Oliveira perguntou ao humorista - que celebra 50 anos de carreira - com o que é que Herman se comove e o comediante mostrou um momento de rara vulnerabilidade.
"Com o sofrimento de terceiros. Vou-te dar um exemplo muito forte. Quando o meu pai morreu, estávamos na igreja de Fátima e eu tive um profundo desgosto. A morte é uma coisa de uma violência inexplicável. Estamos no velório, naquele momento um bocadinho penoso, mas que, enfim tem de ser, com muitas flores e muitos amigos. E a coisa estava completamente segura e serena. Estava completamente em controlo", começou por contar.
"Depois há um padre muito simpático que esteve ligado à TVI, Padre Rego, que era ele que lia a homilia, muito gentilmente me pediu para eu ler uma passagem bíblica que ele tinha escolhido. E eu fui, calmamente. Peguei naquilo, para começar a ler, completamente resolvido (...) Começo a ler e quando olho para a frente, vejo os dois irmãos. A irmã do meu pai, a Júlia, e o irmão Luís. Eles eram muito unidos os três. E quando eu vejo o tipo de tristeza e de profunda dor que eles estavam a viver aquele momento, não aguentei. Desisti. Dei ao Vítor de Sousa. Disse, 'Vítor, lê tu que eu não sou capaz'", revelou.
Depois de recordar a despedida do pai, Herman lembrou-se de outro exemplo: o velório do cantor Carlos Paião, de quem era amigo. Paião morreu aos 31 anos, num trágico acidente de viação que chocou o país em 1988.
"Outro exemplo que nunca mais me esqueci: a morte do Carlos Paião, também no velório. Muito triste, com a noção de que tinha vivido uma grande injustiça, que é de repente morrer um miúdo de 30 e tal anos, cheio de talento e muito querido. Era um amigo, um irmão. Também resolvido, quando olho para o lado e vejo os pais perderem o seu filho queridíssimo e amigo e vizinho... fui-me abaixo. Ou seja, o sofrimento de terceiros mata-me. O meu próprio eu resolvo lindamente", afirmou.