
Luís Osório não poupou nas palavras ao apontar o dedo a Nuno da Camara Pereira, após este ter tido um filho fruto de uma relação extraconjugal, com Ana Sofia Fonseca, que, na altura tinha 33 anos, menos 37 que o fadista.
"Há muitos anos um jornalista apanhou François Mitterrand nas escadarias do Eliseu. Para surpresa do Presidente francês perguntou-lhe se confirmava que Mazarine era a sua filha ilegítima. Mitterrand travou o passo, sorriu sem sorrir, e num quase silêncio respondeu com uma outra pergunta. ‘E então?’. Continuou o seu caminho e nunca mais ninguém lhe perguntou acerca da sua vida privada", começou por escrever o jornalista na sua rubrica 'Postal do Dia'.
"É do domínio da sua vida privada. Não há nada de mais sagrado do que isso. É um assunto que deve resolver com a sua família, os seus filhos e com quem quiser. Só que Nuno da Camara Pereira é um personagem que faz muitos juízos de valor sobre o mundo e sobre os outros", acrescentou antes de providenciar exemplos.
"É porque as mulheres não podem usar saias curtas ou por achar excessivo que Cuca Roseta use a roupa que usa. É porque os homossexuais só o são por moda – recordo que chegou enquanto deputado a propor a abolição do dia contra a homofobia. É porque a família é sagrada, assim como o respeito pela palavra de Deus. É porque nas suas redes sociais faz menção a ciganos ou à cor da pele do primeiro-ministro português e inglês. Nuno da Camara Pereira irrita por fazer com os outros aquilo que agora não gosta que lhe façam a si", frisou o antigo diretor de 'A Capital'.
Por fim, fez referência a recentes publicações do ex-deputado, uma delas sobre este mesmo tópico, para assinalar a incongruência nas suas ações: "Nuno da Camara Pereira aproveitou a ocasião para falar da sua virilidade, a que chamou vitalidade. E aproveitou também para legitimar as suas ações com a aprovação e o beneplácito divino. Esta malta julga-se superiora e ungida por Nosso Senhor. Fala de Deus, da família, do respeito pelos filhos, da importância das missas, das comunhões, da moralidade, dos incensos, mas depois é um ver se te avias", adicionou.
"O que Nuno quis dizer foi que a obrigação de um homem como ele, de sangue azul e virilidade comprovada, é espalhar a boa nova, a semente do patriotismo, dos bons valores e do sangue dos ungidos. Perdoai-lhes Senhor. Porque não há mesmo paciência", rematou Luís Osório.