Filomena Teixeira, a mãe de Rui Pedro, o menino de 11 anos que desapareceu há 20 anos, deu uma grande entrevista a Cristina Ferreira no seu novo programa 'O Programa de Cristina', da SIC.
Visivelmente fragilizada, como se tem mostrado nas últimas 2 décadas, Filomena começou por explicar como é que ainda consegue sorrir. "O coração sangra. Mas se nos agarrarmos ao sofrimento não conseguimos viver. Eu acho que sou frágil mas aparento ser uma mulher de força".
"Eu às vezes sinto que estou no meio do mar e que me vou afogar e que não há ninguém que me salve", revelou.
RECUSA-SE A CHORAR
No entanto, Filomena garante que já não consegue chorar. "Agora já não choro. As lágrimas vêm muito raramente. Quando choro é uma dor que me ultrapassa demais e deita-me muito abaixo. Já chorei tanto que já não tenho mais lágrimas. Eu acho que ele não quer que eu chore por ele, ele quer que eu lute por ele", afirmou.
RECUSA-SE A CHORAR
Filomena revelou ainda os sonhos que tem tido ao longo dos anos. "Eu sonhava com ele a abraçar-me por trás, já grande, e a dar-me beijinhos no pescoço. Sonhei tanto com isso. Porque é que Deus não me fez a vontade?", perguntou, emocionada.
AINDA ACREDITA NO REGRESSO DO FILHO
Quando Cristina lhe perguntou se acredita que Rui Pedro ainda está vivo, com 32 anos, Filomena respondeu: "O meu coração diz que sim. Tenho tantas dúvidas... mas depois vem aquela saudade, aquele querer que ele esteja bem. Eu não fiz luto nem faço luto. Eu posso ser uma louca, podem-me chamar louca, mas eu ainda acredito que posso saber do meu filho. Se há um Deus, esse Deus tem de me dizer o que aconteceu ao meu filho naquele dia 4 de março e onde é que ele está".
MALTRATADA NO INÍCIO
Filomena contou ainda que, embora hoje em dia receba muito carinho e apoio do público, quando Rui Pedro desapareceu a situação era muito diferente: "As pessoas foram tão más no início... acusaram-me de adultério, de me prostituir..."
filomena teixeira
Filomena também denunciou a incompetência da primeira equipa da polícia que se encarregou do caso. "A primeira equipa foi muito má, eles não faziam nada. Eu estava sozinha a lutar contra um bando de incompetentes. Eles chegaram-me a dizer que não estavam preparados para este tipo de coisas. Eu enlouqueci várias vezes porque me fui abaixo e não aguentei. Eles diziam barbaridades tão grandes, diziam que não gostavam de mim".
MANTÉM O SORRISO E A ESPERANÇA
Apesar da indescritível dor que sente há 20 anos, Filomena, que também é mãe de Carina, que tinha apenas 8 anos quando o irmão mais velho desapareceu, mostrou-se positiva e esperançosa: "Eu tenho dois filhos maravilhosos e é por isso que sorrio. Infelizmente o presente não é como eu desejaria que fosse, mas nada me vai roubar este sorriso".