
O histórico comunicador, António Sala, 73 anos de idade, partilhou aquela que é, porventura, a mágoa maior da sua vida: a ausência e o distanciamento do pai, que só veio a conhecer já na idade adulta.
A revelação foi feita durante a entrevista intimista e emotiva que o radialista concedeu a Manuel Luís Goucha, no 'Conta-me' deste sábado, 7. "Só venho a lidar com ele e a conhecê-lo, nos meus 20 e tal anos. Foi assim a vida. E criou-se um vínculo diferente. Durante anos e anos, tinha ouvido 'cobras e lagartos' sobre o meu pai. Perante isso, conforme fui crescendo, pensava que não queria conhecê-lo, mas se um dia o viesse a conhecer, iria dizer-lhe coisas muito amargas. Até tinha pensado no que iria dizer", começou por recordar António Sala.
"Um dia, fui ao Norte, a propósito da atuação de um coro de igreja que eu dirigia. [...] Quando a atuação terminou, já estava tudo na rua e houve um amigo meu, do Porto, que veio ter comigo e me disse que estava, ali perto, uma pessoa que me queria conhecer", descreveu ainda.
Mas o encontro com o progenitor acabou por ser bem diferente daquilo que tinha imaginado: "Quando me aproximo e a pessoa se vira, vejo logo que é o meu pai. E aquilo que ensaiei durante anos e anos sobre o que lhe diria... Ele sorriu para mim, abriu os braços e disse-me: 'Perdoa-me, meu filho.' Caíram todas as barreiras."
O pedido de perdão acabou por abrir caminho a uma "relação extraordinária" entre pai e filho.