Aos 54 anos, José Carlos Malato, revela-se um homem feliz com a vida e bem resolvido mas nem sempre foi assim.
O apresentador da RTP afirma que viveu verdadeiro episódios de terror durante o tempo que frequentou a escola. Os insultos eram mais que muitos e os motivos? A sua orientação sexual e o facto de "ser gordo", como o próprio afirma, numa entrevista exclusiva à TV Guia.
José Carlos Malato: Preto no Branco
"Era uma criança triste, porque, desde cedo, fui habituado a lidar com conceitos que não eram para a minha idade. Tive de lidar com a culpa, o medo, o pecado e o corpo. Também porque percebi cedo que a minha orientação sexual era diferente da dos outros rapazes. De quase todos. E isso era medonho", começa por dizer.
Questionado sobre se foi vítima de bullying por ser gay, Malato responde com a maior naturalidade: "Sim, eu era paneleiro..." E era exactamente assim que o chamavam na escola. "Sofri muito. Por exemplo, apalpavam-me o rabo no autocarro, quando eu ia para casa, e faziam-me outras patifarias. Enfim, o "normal" para um puto maricas nos anos 70/80."
As imagens mais apaixonantes de Malato e João Caçador
O rosto da estação pública viveu num verdadeiro inferno que jamais esquecerá. "Davam-me belinhas, punham-me na baliza e mandavam-me grandes bujardos para eu gritar... Eu era um saco de boxe. Uma vez empurraram-me do alto de uma escada e parti um braço", relembra.
José Carlos Malato perde o pai
Pensar que ia para a escola tornava-se um pesadelo, até porque Malato não reagia aos insultos. "Eu era uma criança triste, porque não me sabia defender. Não dominava a comunicação da violência, com muita pena minha. Houve alturas em que me apetecia agarrar numa caçadeira, entrar por ali a dentro e matá-los a todos, como, infelizmente, acontece muito nos EUA. Tenho pena desses miúdos. Dos que matam e dos que morrem."
A carregar o vídeo ...
O apresentador também anunciou que voltou aos braços de João Caçador.
O estado de angústia e solidão em que vivia era tanto que José Carlos Malato revela que pensou no pior: "Muitas vezes, quis morrer. 'A morte que me namora já me pode vir buscar', como cantava a Amália. Tenho alma de fadista, cada vez mais."
Leia a entrevista na íntegra, na TV Guia desta semana, já nas bancas.