
Ricardo Quaresma, marcante futebolista português, esteve à conversa com Francisco Pedro Balsemão no podcast 'Geração 80' e durante uma hora falou sobre a sua infância e crescimento, a carreira, as dificuldades da família e a devoção aos seus três filhos.
Quaresma, que nasceu em Lisboa, filho de mãe africana e pai de etnia cigana, admitiu que nunca ninguém o tratou mal "mas olhavam para mim de forma diferente".
Quando questionado se tinha muita liberdade quando era jovem, o antigo internacional português respondeu: "Tinha muita liberdade porque, lá está, a minha mãe tinha três trabalhos, e eu andava sempre na rua, sozinho, ou com o meu irmão".
Assumiu ainda que esta foi uma fase "complicada": “Eu andava quase sempre sozinho. A minha mãe entrava às 4 da manhã na Praça da Ribeira, trabalhava a limpar casas. Saía de uma casa ia para outra. Entretanto eu saía da escola e ia treinar, por isso só via a minha mãe praticamente à noite".
Quaresma teve a sorte ter o apoio do irmão mais velho que o encaminhou e não o deixou perder-se nas tentações da vida e do bairro: "Houve uma altura em que o meu irmão era irmão e era pai, era ele que se preocupava e que me criava. Eu sempre fui um miúdo muito reguila e ele sempre teve medo que eu entrasse noutros mundos." assumiu.
"Nisso tenho de lhe agradecer, nunca me deu oportunidade para isso, ele sabia tudo o que eu fazia e apertava comigo. Muitas vezes não fazia certas coisas com medo que lhe chegasse aos ouvidos. Ele fez bem o seu trabalho de irmão mais velho."
Terminou ainda dizendo que a vida o tratou bem comparativamente àqueles com quem cresceu: “Os meus amigos de infância ou estão mortos ou estão agarrados à droga”.