
Natalina José tem uma longa carreira na representação mas a atriz de 84 anos mostra-se triste por ter deixado de ser chamada para fazer novelas e de só receber papéis cómicos.
Em entrevista à TV Guia, lamenta que a vejam apenas como uma atriz cómica quando, assegura, é uma atriz para todos os géneros.
Por que é que já há alguns anos não faz novelas?
É uma boa pergunta.
Não a convidam?
Não.
Então, o que é que se passou?
Não se passou absolutamente nada, bem pelo contrário. Não sou capaz de lhe explicar. Já me disseram que o meu nome está sempre em cima das mesas dos responsáveis...
Mas nunca sai da mesa.
Deve estar lá debaixo do montão. Ainda agora disse ao [Manuel Luís] Goucha que gostava de fazer mais uma novela. É uma coisa que já não faço há anos e gosto muito.
Qual foi a última novela que fez?
Vingança, da SIC, em 2007. Ainda o Nicolau Breyner era vivo!
Ou seja, não encontra explicação para ser excluída das novelas.
Não encontro explicação. As que fiz, e ainda foram bastantes, vieram sempre com nota dez. Diziam eles. Se calhar, estavam-me a aldrabar. Eu sentia-me bem a fazer… Há também outra explicação: a maioria dos colegas têm agentes.
E a Natalina não tem, é isso?!
Não tenho. Faço sempre diretamente. Quando fiz os Patrões Fora, e a produção me convidou diretamente, disseram que estavam muito contentes por eu não ter agente. Acho que isso tem influência. Até a Noémia [Costa] já me falou nisso, mas o agente dela tem o naipe cheio.
A Natalina, a seguir ao 25 de Abril, desapareceu da televisão. Foi porque estava no teatro de revista ou por questões políticas?Não, não. Questões políticas? Não me meto nisso.
Havia muitos artistas que não se metiam em política antes do 25 de Abril e, de repente, levaram com um rótulo e foram saneados.
Talvez. Também levo com rótulos. Eu apanhei com o que diz "cómica". E eu gostava de fazer, e já fiz, e bem, papéis sérios.
Dramáticos.
Sim, mas tenho aqui um letreiro na testa a dizer "cómica". Só escolhem a Natalina para gozar com a malta. As poucas coisas que fiz em modo sério, tenho gostado. E as pessoas dizem que gostam. Então, a seguir ao 25 de Abril, não foi uma questão política ou ideológica. Estava dedicada ao teatro de revista.
Era ali que se senti-a bem e os convites para televisão não apareceram...
Era o Parque Mayer. Tenho 60 anos de Parque e tinha uma atração natural pelo Parque. A primeira novela que fiz, Palavras Cruzadas, foi gravada no Parque. Fizeram um estúdio no topo do Capitólio, o realizador era o Nicolau.
Leia a entrevista na íntegra na TV Guia, que está já nas bancas, ou na edição digital