
Pouco ou nada tem sido divulgado nas últimas semanas sobre o escândalo Kathryn Mayorga, a norte-americana que acusa Cristiano Ronaldo de a ter violado no Hotel Palms Place, em Las Vegas, em 2009.
Nem mesmo quando o craque português entrou em campo com uma mancha vermelha no rosto, num protesto contra a violência às mulheres, houve associações ao processo que está a seguir na polícia do Nevada.
Esta sexta-feira, 30, a revista alemã 'Der Spiegel' voltou assombrar o jogador com a publicação de documentos que revelam novos pormenores da fatídica noite de 12 junho, como o que terá dito Ronaldo à jovem.
Em causa está uma conversa da estrela da Juventus com os seus advogados, em que ele dá a sua versão sobre o que se passou com Kathryn Mayorga, e que depois foi transcrita pelos seus próprios representantes legais. Os documentos, revelados por piratas informáticos no 'Football Leaks', têm duas versões - a primeira de setembro, sem edição, e a segunda de dezembro.
Ronaldo terá respondido a um questionário de 41 páginas do advogado Jay Lavely, intitulado 'Questions for Client'. Algumas das respostas foram traduzidas para inglês outras não, o que leva a uma troca de emails entre os advogados Osório de Castro e Francisco Cortez.
Francisco questiona num dos emails: "Vais traduzir hoje?", o que Osório responde a afirmar que "não estava a planear", "até ao momento o documento é apenas para os nossos olhos". "Okay", diz Francisco. "Só não sabia como traduzir coisas como 'bola de cuspo' e 'toca-me ao bicho'", frases que terão sido ditas por Ronaldo na conversa com os advogados.
Parte do conteúdo do questionário já tinha sido revelado pela 'Der Spiegel' em outubro, mas agora a revista publica as duas versões dos documentos que nunca deveriam ter saído da posse dos advogados de Ronaldo.
Nos textos é possível ler frases na terceira pessoa e citações do jogador.
Em setembro de 2009 é possível ler: "Ela disse que não era apropriado fazer sexo, por terem acabado de se conhecer ('Melhor não. É a primeira vez'). Mas mesmo assim, ela agarrou o meu pau".
Três meses depois a versão era outra: "Ela agarrou o meu pénis".
O mesmo acontece com outras questões dos advogados. "Fo***-a por trás. Ela mostrou-se disponível. Ela estava deitada de lado, na cama, e eu entrei por trás. Foi bruto. Não mudamos de posição. 5/7 minutos. Ela disse que não queria, mas mostrou-se disponível. Todo o tempo foi bruto. Virei-a para o lado e foi rápido. Talvez tenha ficado com nódoas negras quando a agarrei. [...] Ela repetiu várias vezes não, não faças isto, não sou como as outras. Pedi desculpas depois. Eles não usaram preservativo. Eles não falaram sobre preservativos. Ele não se veio dentro dela. Ele tirou o pénis antes. Vim-me nela e nos lençóis. Não houve lubrificante. Usei saliva. Ele não sabe se ela teve um orgasmo", lê-se num primeiro texto.
"Ela estava deitada na cama. Entrei por trás. Não mudamos de posição. Durou 5/7 minutos. Foi bruto. Ela não reclamou, não gritou, não pediu ajuda ou nada parecido. Não usamos preservativos. Nem sequer falamos nisto. Não me vim dentro. Vim-me 'nela' (não 'dentro dela') e nos lençóis. Não houve lubrificante artificial. Usei um pouco de saliva. Não sei se ela teve um orgasmo", diz a versão editada do questionário.
Para a pergunta "a senhora 'C' [como é identificada Kathryn] levantou a voz, gritou?", a primeira reposta de Ronaldo foi: "Ela disse não e pára várias vezes". No documento de dezembro a resposta foi: "não".
"A senhora C disse alguma coisa depois do sexo?", vê-se no questionário. "No final ela disse: 'Seu imbecil. Você forçou-me. Idiota. Não sou como as outras'. Eu disse 'desculpa'". Mas, novamente, no documento de dezembro a resposta foi editada para: "não".
A versão do documento de setembro, na posse de Osório de Castro e Francisco Cortez, não terá sido enviada ao também advogado de defesa do jogador Jay Lavely, que produziu o questionário. Apenas a versão editada foi reencaminhada. Mas outro email demonstra que o advogado norte-americano tinha conhecimento primeira versão e terá mencionado com outro representante legal, Richard Wright. "Ele disse que há uma probabilidade de 50/50" de Ronaldo ser acusado nos Estados Unidos. "Parece que Rick [Richard] estava tinha preocupações com base no que o cliente descreveu sobre o que aconteceu entre eles no quarto".
Osório de Castro respondeu no dia seguinte ao colega dos EUA, sublinhado a frase a vermelho. "A descrição resume-se a isto: tudo foi consensual. Nada mais importa".