
Benjamim, de 5 anos, é portador de uma doença rara. Recentemente submetido a um delicado transplante de fígado, depois de o pai, Pedro Chagas Freitas, ter feito um apelo nas redes sociais, à procura de um dador compatível, o menino continua internado no Hospital Pediátrico de Coimbra.
Agora, o escritor deixa, uma vez mais, um sentido desabafo nas redes sociais: "Somos inúteis. Será isto, muitas vezes, em todos os hospitais do mundo, o que os pais dizem a si mesmos perante o que acontece, ali, aos seus filhos. Poucas situações nos farão sentir tão nulos como esta, em que nada podemos fazer para, de facto, de forma concreta, fazer a diferença, salvar o nosso menino do que o ataca de forma severa, dolorosa."
Continua: "Se pudéssemos, iríamos para o lugar deles. Arrancaríamos as pernas, os braços, a própria vida, para que o nosso menino não tivesse um único segundo de doença, de dor física. Somos inúteis. Resta-nos dar a cura do carinho, da ternura, do aconchego, da protecção, do abraço, do beijo, da pele na pele, do orgulho nos olhos, da troca de olhares que conforta, que traz coragem, caminho, esperança."
Pedro Chagas Freitas prossegue na sua dolorosa reflexão: "Talvez não sejamos, então, tão inúteis assim. Talvez tenhamos apenas uma utilidade invisível, que não aparece nos livros de história, de histórias. Nunca ninguém leu que o herói X foi capaz de superar o problema Y porque teve a mãe ou o pai a dar-lhe o colo de que ele precisava para ter a coragem de alcançar o que parecia tão complicado de alcançar." Nesta partilha que ajudará, certamente, outros pais que se encontram na mesma situação, o escritor acrescenta: "Os grandes pais são invisíveis, espectadores activos de uma narrativa épica, cheia de altos, de baixos, de quedas, de vitórias e de derrotas, que os ocupa por completo, que os submerge por completo. Quem aparece nos livros de história são os heróis, nunca os pais dos heróis. Ainda bem."
Nesta partilha que ajudará, certamente, outros pais que se encontram na mesma situação, o escritor acrescenta: "Os grandes pais são invisíveis, espectadores activos de uma narrativa épica, cheia de altos, de baixos, de quedas, de vitórias e de derrotas, que os ocupa por completo, que os submerge por completo. Quem aparece nos livros de história são os heróis, nunca os pais dos heróis. Ainda bem."
E termina: "Somos orgulhosamente "Os Inúteis" quando tudo, no final, corre bem, quando o herói, o nosso, triunfa sobre o mal, sobre os males. Os grandes pais não aparecem habitualmente nas fotografias das glórias dos seus filhos, mas se aparecessem estariam dobrados, emocionados, a chorar de alegria. Que inúteis."