Conheceram-se quando a vida lhes dizia que tudo era possível, quando todos os sonhos estavam por realizar.
Conheceram-se lá longe, em 1978, jovens, muito jovens, com o desejo de serem grandes na música. E foram.
Na época, era o punk que os fazia vibrar e queriam tocar, ter uma banda. Começaram por chamar-se Delirium Tremens, passaram por Beijinhos & Parabéns - nome que irritava Zé Pedro - e acabaram com Xutos & Pontapés, por sugestão de Gimba (que mais tarde acabaria por fazer parte dos Ena Pá 2000).
O resto é história. Muitas canções, acordes, concertos, digressões, quilómetros de estrada, copos, drogas, excessos, êxitos, amores, paixões, gargalhadas mas também algumas tristezas e discussões.
A vida foi crescendo, sempre juntos. Zé Pedro, Tim, Kalú e João Cabeleira criaram a maior banda rock portuguesa de todos os tempos. Quem não conhece pelo menos uma das canções do Xutos, do início ao fim? Quem nunca assitiu a um concerto dos Xutos?
Quinta-feira, 30 de novembro, será para sempre o dia em que Zé Pedro partiu. Tinha 62 anos de idade e sofria de doença hepática e oncológica. Partiu uma parte da banda, mas não se perdeu porque a sua música e a sua memória ficarão para sempre.
Mas a dor da partida é grande. A consternação está estampada nos rostos de Tim, João Cabeleira e Kalú. Os semblantes estavam carregados à saída do velório e os olhos inchados pelas lágrimas caídas no derradeiro adeus. Este é, porventura o pior dia para os Xutos... mas não será o último.
