'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
Zé Pedro para sempre

Zé Pedro (1956-2017): O bom rebelde que levou as drogas ao máximo e gostava de comida gourmet

Cometeu uma vida de excessos. Anfetaminas, cocaína e heroína quase destruíram a vida do ícone do rock'n'roll português. Fez um transplante de fígado e "teve a certeza que ia sobreviver tudo". Foi punk mas hoje não dispensava um belo jantar num restaurante com estrelas Michelin. Recorde todas as aventuras do fundador de 'Xutos e Pontapés'.
Por Carolina Pinto Ferreira | 01 de dezembro de 2017 às 13:12
Zé Pedro, Xutos e Pomtapés, Droga, Comida, Heroína, Cocaína. Homenagem, Morte
Zé Pedro, Xutos e Pomtapés, Droga, Comida, Heroína, Cocaína. Homenagem, Morte

Portugal despediu-se na quinta-feira, dia 30, de um dos maiores nomes da música nacional. Zé Pedro, que há anos que lutava contra a doença hepática e oncológica, faleceu aos 61 anos, na sua casa em Lisboa. 

No início de novembro, o fundador da banda 'Xutos e Pontapés' abandonou os palcos com um concerto no Coliseu de Lisboa, uma despedida aos fãs que o aplaudiram com grande carinho, já sabendo do seu frágil estado de saúde.

A carregar o vídeo ...
Zé Pedro sobe ao palco do Coliseu de Lisboa num concerto para recorda toda a vida

Mas para quem bem se lembra de Zé Pedro, é fácil de reavivar a memória e o seu sorriso. Com orgulho no passado e no percurso pessoal e profissional, em 2011, abriu o coração a Daniel Oliveira, no programa 'Alta Definição', onde, como era seu hábito, sem tabús, recordou os anos de vício em drogas, as aventuras sexuais a que fugiu e de como conseguiu sobreviver aos momentos que achou ter chegado ao limite. 

A LOUCURA DOS 'XUTOS' E A ADIÇÃO A DROGAS

Fundou a banda 'Xutos e Pontapés' quando tinha apenas 22 anos. "Era um dos poucos 'punks' em Lisboa. Andava com um alfinete espetado na boca", relembrou, entre risos. 

Os dias começaram a ser uma verdadeira loucura e, sem dinheiro, os membros da banda corriam de Norte a Sul do país para tentarem a sua sorte no mundo da música. As músicas começaram-se a tornar verdadeiros fenómenos em Portugal e o ritmo de vida acelerou de uma forma bombástica: "O meu dia-a-dia era uma aventura", explicou.

Os dias começaram a ser uma verdadeira loucura e, sem dinheiro, os membros da banda corriam de Norte a Sul do país para tentarem a sua sorte no mundo da música. As músicas começaram-se a tornar verdadeiros fenómenos em Portugal e o ritmo de vida acelerou de uma forma bombástica: "O meu dia-a-dia era uma aventura", explicou.

Vivia-se a época pós 25 de Abril. As drogas eram quase uma novidade e apareciam cada vez mais, com composições inovadoras. O ritmo era alucinante e Zé Pedro não resistia a novas experiências. "Quando começaram a surgir as anfetamina passava os fins-de-semana em direta. Sem dormir e sem necessidade de dormir. Dormia 5 minutos e acordava. Andávamos pelas cidades e como não tínhamos dinheiro para os autocarros tomávamos os tais 'speeds'. Entrávamos em festas só por entrar; víamos luzes acesas e tocávamos às campaínhas. Às vezes deixavam-nos entrar. Tinha a sua graça."

A carregar o vídeo ...
Última entrevista de Zé Pedro ao CM

Sem nostalgias mas com a certeza de que viveu tudo no momento certo, Zé Pedro relembra-os com gargalhadas: "Os tempo que vivi foram muito bem vividos. Tenho boas recordações e tento afastar as piores. Não teria feito nada diferente. A minha vida foi tão saborosa assim..."

PRESO À HEROÍNA

Em entrevista ao 'Alta Definição', Zé Pedro não negou que "entrou num reboliço tão grande que não sabia como sair". Afirmou que experimentou várias drogas, entre elas "a cocaína e a heroína", mas foi na última que viu a situação complicar-se. "A heroína foi uma droga que sempre rejeitei. Nunca gostei pela droga em si e por aquilo que fazia sentir. Mas deixei-me arrastar durante 3 ou 4 meses e para sair foi bastante difícil", começou por contar.

PRESO À HEROÍNA

Em entrevista ao 'Alta Definição', Zé Pedro não negou que "entrou num reboliço tão grande que não sabia como sair". Afirmou que experimentou várias drogas, entre elas "a cocaína e a heroína", mas foi na última que viu a situação complicar-se. "A heroína foi uma droga que sempre rejeitei. Nunca gostei pela droga em si e por aquilo que fazia sentir. Mas deixei-me arrastar durante 3 ou 4 meses e para sair foi bastante difícil", começou por contar.

Foi numa fase mais frágil que o cantor entrou nesta espiral: "É uma droga quente. Fecha as pessoas e estas acabam por entrar num estado de interiorização e introspeção. Eu era muito ansioso e aquilo dava-me para ficar fechado. No fundo não gostava das sensações mas também não conseguia não consumir. Na altura não havia tratamento. Tive que fazer a cura sozinho."

Com a morte da mãe, vítima de cancro, Zé Pedro livrou-se desta página da sua vida. 

Mas as aventuras continuavam e a cocaína foi uma realidade do cantor até aos mais de 40 anos: "Dava-me euforia", explicou. E o álcool era algo a que também não resistia. "Quando perdi a cabeça, na última fase alcoólica da minha vida, fui até ao limite e bati no fundo do poço. Por sorte, dei-me bem!"

No auge da loucura, o fundador de 'Xutos e Pontapés' chegou a "inalar extintores de incêndio. Era a droga dos pobres. Com tudo o que me aconteceu, o meu corpo aguentou-se muito bem", sorria. 

DIZIA 'NÃO' ÀS ORGIAS E ERA UM ETERNO APAIXONADO 

A loucura do mundo em que vivia chegou a levá-lo a "fazer coisas que não queria" mas "sempre com a noção do que estava a fazer". Apesar do muito que viveu, Zé Pedro sempre se guiou pela máxima de que "uma pessoa não tem que viver e experimentar o que os outros fazem". E houve coisas das quais o cantor sempre tentou fugir como "dos rituais de droga e das orgias. Eram coisas que não me seduziam. Não tenho noção de alguma vez ter entrado numa orgia porque não em sentia bem. Tinha pavor!"

No que diz respeito ao sexo e ao amor, o cantor sempre viveu as emoções ao máximo mas essencialmente com muito respeito. Era conhecido por ser um verdadeiro cavalheiro e, no seu tempo, um quebra-corações. "Tive relações com fãs mas não foram boas. Tentei sempre ser muito medido quanto a este campo. Acho que sempre preservei o coração. Achava que era importante acordar e sentir-me bem ao lado da pessoa que dormiu comigo, nem que fosse apenas por uma noite. Sempre usei preservativo. Acho que uma ou duas vezes fui para a cama com pessoas que não queria mas até isso serviu para aprender."

"TIVE A SENSAÇÃO QUE ME IA ACONTECER ALGUMA COISA"

A viver a um ritmo alucinante, em 2011, Zé Pedro apanhou um susto que o fez abrandar. "Entrei no hospital muito mal mas sempre tive a certeza que ia sobreviver a tudo. Um mês antes tive a sensação que me ia acontecer alguma coisa que me ia obrigar a parar. Rebentaram as veias do isófago. Percebi que a droga e o álcool tinham que parar. Tive um anjo da guarda que me pôs um travão."

E foi o fim o mundo da droga para o cantor que, quando deixou os estupefacientes "achava que tinha dinheiro a mais".

Foi no mesmo ano em que Zé Pedro recebeu um transplante de fígado com o qual vivia até hoje. "Nessa altura que me custou mais nem foi saber que tinha esse problema. Foram sim as duas semanas antes em que estive ansioso à espera do telefonema que me diria que ia ser operado. E não gostava de saber de quem é o meu fígado porque alguém teve que morrer para eu o ter."

DO 'MIÚDO PUNK' AOS RESTAURANTES GOURMET

Se por um lado se olhava para Zé Pedro e se via a simplicidade nos seus olhos e na maneira de interagir, por outro lado havia verdadeiros prazeres da vida que não dispensava.

Adorava comer e, se em tournée, quando era mais novo comia em qualquer esquina, agora tinha os gostos bem mais apurados: "Adoro comer em restaurantes com estrelas Michelin. Gosto do gourmet. É pouca comida mas gosto. Já de dobrada e de rojoões não gosto. São comidas muito pesadas para mim."

Com a morte da mãe, vítima de cancro, Zé Pedro livrou-se desta página da sua vida. 

Mas as aventuras continuavam e a cocaína foi uma realidade do cantor até aos mais de 40 anos: "Dava-me euforia", explicou. E o álcool era algo a que também não resistia. "Quando perdi a cabeça, na última fase alcoólica da minha vida, fui até ao limite e bati no fundo do poço. Por sorte, dei-me bem!"

No auge da loucura, o fundador de 'Xutos e Pontapés' chegou a "inalar extintores de incêndio. Era a droga dos pobres. Com tudo o que me aconteceu, o meu corpo aguentou-se muito bem", sorria. 

DIZIA 'NÃO' ÀS ORGIAS E ERA UM ETERNO APAIXONADO 

A loucura do mundo em que vivia chegou a levá-lo a "fazer coisas que não queria" mas "sempre com a noção do que estava a fazer". Apesar do muito que viveu, Zé Pedro sempre se guiou pela máxima de que "uma pessoa não tem que viver e experimentar o que os outros fazem". E houve coisas das quais o cantor sempre tentou fugir como "dos rituais de droga e das orgias. Eram coisas que não me seduziam. Não tenho noção de alguma vez ter entrado numa orgia porque não em sentia bem. Tinha pavor!"

No que diz respeito ao sexo e ao amor, o cantor sempre viveu as emoções ao máximo mas essencialmente com muito respeito. Era conhecido por ser um verdadeiro cavalheiro e, no seu tempo, um quebra-corações. "Tive relações com fãs mas não foram boas. Tentei sempre ser muito medido quanto a este campo. Acho que sempre preservei o coração. Achava que era importante acordar e sentir-me bem ao lado da pessoa que dormiu comigo, nem que fosse apenas por uma noite. Sempre usei preservativo. Acho que uma ou duas vezes fui para a cama com pessoas que não queria mas até isso serviu para aprender."

"TIVE A SENSAÇÃO QUE ME IA ACONTECER ALGUMA COISA"

A viver a um ritmo alucinante, em 2011, Zé Pedro apanhou um susto que o fez abrandar. "Entrei no hospital muito mal mas sempre tive a certeza que ia sobreviver a tudo. Um mês antes tive a sensação que me ia acontecer alguma coisa que me ia obrigar a parar. Rebentaram as veias do isófago. Percebi que a droga e o álcool tinham que parar. Tive um anjo da guarda que me pôs um travão."

E foi o fim o mundo da droga para o cantor que, quando deixou os estupefacientes "achava que tinha dinheiro a mais".

Foi no mesmo ano em que Zé Pedro recebeu um transplante de fígado com o qual vivia até hoje. "Nessa altura que me custou mais nem foi saber que tinha esse problema. Foram sim as duas semanas antes em que estive ansioso à espera do telefonema que me diria que ia ser operado. E não gostava de saber de quem é o meu fígado porque alguém teve que morrer para eu o ter."

DO 'MIÚDO PUNK' AOS RESTAURANTES GOURMET

Se por um lado se olhava para Zé Pedro e se via a simplicidade nos seus olhos e na maneira de interagir, por outro lado havia verdadeiros prazeres da vida que não dispensava.

Adorava comer e, se em tournée, quando era mais novo comia em qualquer esquina, agora tinha os gostos bem mais apurados: "Adoro comer em restaurantes com estrelas Michelin. Gosto do gourmet. É pouca comida mas gosto. Já de dobrada e de rojoões não gosto. São comidas muito pesadas para mim."

você vai gostar de...


Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável