O que se faz quando um filho desaparece sem deixar rasto? Como se lida com o medo? Como se gerem as saudades? E, sobretudo, como atuar perante a incerteza e o vazio? A cada dia que passa sem notícias sobre o paradeiro de Carolina Torres, de apenas 18 anos, o sofrimento da mãe aumenta.
Já passaram muitas semanas desde que Noori, como era conhecida e gostava de ser tratada, foi vista pela última vez. A jovem de cabelo pintado de azul desapareceu a 9 de outubro, em Almada. Nunca mais se soube dela nem sequer aparecem pistas sobre o que lhe poderá ter acontecido.
Agora, quase dois meses após o seu desaparecimento, Cristiana Gaspar, volta a deixar uma mensagem dirigida à filha: "Carolina… Há verdades que o coração sente muito antes de o mundo as conseguir aceitar. Há silêncios que falam mais alto do que qualquer palavra. E há pressentimentos que nenhuma mãe queria carregar", começa por dizer a enfermeira.
Prossegue esta mãe que desespera por notícias: "O tempo passa, mas a dor não abranda. Vivo todos os dias entre aquilo que sei cá dentro… e aquilo que posso dizer cá fora. Entre o que sinto… e o que o mundo consegue entender. Tu não desapareceste de mim. Estás comigo em cada pensamento, em cada noite sem dormir, em cada pergunta que não tem resposta", sublinha.
E acrescenta: "E mesmo quando tudo parece já querer empurrar-me para outra realidade, eu continuo aqui, firme, porque o amor de mãe não esquece, não abandona e não vira a cara à verdade que dói. Seja qual for o desfecho que a vida me impôs, eu vou continuar a lutar por ti. Vou continuar a procurar-te com o respeito que mereces, com a força que ainda me resta e com a dignidade que te quero garantir, sempre."
E termina com palavras sentidas: "Não te abandonei. Não te larguei. E enquanto eu respirar, o teu nome terá voz, terá lugar e terá luz. Carolina, minha filha… Onde quer que estejas, que saibas: a mãe está contigo. Sempre."
