
"Esta semana fui surpreendido com uma campanha do Bloco de Esquerda com o slogan 'Fazer o que nunca foi feito’. Não será preciso ser um génio para associar de imediato o dito à minha canção 'Fazer O Que Ainda Não Feito’." Foi assim que Pedro Abrunhosa, de 63 anos de idade, reagiu, indignado, ao marketing do partido de Mariana Mortágua, em cartazes e outdoors espalhados pelo País, para as eleições Legislativas de 10 de março.
Garantindo que não vota no BE, o cantor considera a escolha do slogan uma "chico-espertice", elaborada por "alguém muito pouco criativo", e afirma que não pode compactuar com a "apropriação indevida de propriedade intelectual alheia". Pedro Abrunhosa adianta que, se o Bloco de Esquerda tivesse solicitado autorização prévia para usar a frase, essa autorização "teria sido prontamente recusada".
Num extenso texto, Pedro Abrunhosa vai mais longe nas acusações e revolta, depois de ter visto a campanha dos bloquistas na rua. "Qualquer partido com aspirações governativas tem de assegurar uma honestidade intelectual blindada, nomeadamente face à capacidade criativa dos cidadãos e ao direito autoral conforme consagrado na lei." O músico do Porto acrescenta que já recorreu aos seus representantes legais, para que estes peçam à Sociedade Portuguesa de Autores que notifique o partido de Mortágua, com vista à imediata retirada da frase de qualquer suporte político/publicitário.
Mas a polémica promete não ficar por aqui, pois rapidamente muitos seguidores deixaram comentários na sua conta social Instagram, com críticas ao seu narcisismo e piadas ao seu protesto. Se há quem, desde logo, sublinhe que a frase do slogan e o título da canção não são exatamente iguais – a primeira recorre à palavra "nunca" e a segunda a "ainda não" –, outros sublinham que Pedro Abrunhosa "não é o dono da língua portuguesa"; "haja noção! Apropriação de propriedade intelectual? Deixa-me rir"; "quer dizer que nunca mais posso dizer 'o bacalhau quer alho'?"; ou "o melhor é notificar já todos os falantes de língua portuguesa, vivos e falecidos'; "se eu disser, então, 'vamos fazer o que nunca foi feito' vou ter de pedir autorização?"; e "concordo, qualquer anedota destas merece o riso de um juiz."