
Rodrigo Guedes de Carvalho, de 58 anos de idade, descobriu Cláudio França, de 28, na SIC, então estagiário, e deu-lhe a mão. Hoje, dois anos depois, o jornalista que causou celeuma nas redes sociais, por ser negro e ter rastas, é um dos rostos da informação da SIC Notícias. A esse propósito, o consagrado pivô do 'Jornal da Noite' faz um balanço desta experiência positiva (mais uma) na sua carreira e aproveita para deixar algumas críticas aos diretores.
"Sou mentor do pessoal mais novo há muitos anos. Não sou sempre eu quem tem esta tarefa, mas já formei muita gente na SIC. Com o passar dos anos, e de forma nunca oficial ou burocrática, fui vendo pessoas que iam chegando e que achava que tinham potencial para reportagem ou, sobretudo, para pivôs. E propunha, e proponho, às várias direções", começa por explicar Rodrigo Guedes de Carvalho, à 'TV Mais'.
Sobre este caso concreto de Cláudio França, o jornalista lamenta que, na SIC, a realidade que conhece como ninguém, os responsáveis pela informação não tenham tempo ou não saibam formar os mais novos que estão a dar os primeiros passos em televisão. As palavras são duras. "Circulo muito pela redação. Sei que os estagiários chegam cá e, às vezes, as chefias ou direções, por falta de tempo ou de vocação, vão-lhes marcando serviços, mas nunca olham a sério duas ou três vezes para eles. E eu gosto de ir olhando, porque trabalho em TV e, portanto, sei que a imagem interessa. E, ao andar pela redação, reparei no Cláudio, que tem boa estampa física. Depois, ouvi-o falar e gostei da voz. Fui percebendo que o Cláudio é uma pessoa inteligente e é preciso sê-lo para fazer este papel."
Durante a formação a Cláudio França na estação de Paço de Arcos, Rodrigo Guedes de Carvalho foi implacável. Gostava dele, mas não facilitou, preparando-o para o pior da profissão. "Não o poupei, mas uma coisa era dizer isso tudo e ir à direção informar que ele não servia. Nunca esteve em causa. Foi sempre: 'Isto hoje foi péssimo, mas tu vales muito mais.' E assim foi: formei o Cláudio e dei-lhe uma carapaça suficiente para ele ir para o ar", relata a estrela do 'Jornal da Noite', sem esquecer que, "depois, é uma questão de tempo e o tempo opera maravilhas nos pivôs inteligentes, que sabem usar o tempo a seu favor". "Não faz nada pelos medíocres. Nós temos pivôs no ar que são medíocres há muitos anos, e assim serão..."