
Completadas duas sessões de julgamento da morte de Sara Carreira, a advogada Paula Varandas analisou o progresso do caso até este momento e deu a sua opinião sobre qual será o desfecho.
"Aqui houve algumas posturas por parte de alguns arguidos, talvez por estratégia dos próprios advogados no sentido de requerer uma abertura de instrução. Temos o acidente que causou a morte, abre-se um inquérito porque houve uma morte, após esse inquérito há uma acusação", disse, na condição de comentadora do programa ‘Casa Feliz’, da SIC, nesta sexta-feira.
"Nessa acusação ou o arguido se conforma ou então faz um mini debate instrutório, que é tipo um mini julgamento antes do julgamento final que é este que está a acontecer agora. Em março deste ano, quase todos, com exceção do Ivo, requereram esta abertura de instrução – com a família do Tony Carreira como assistentes por quererem apurar alguns factos que achavam que estavam em falta na acusação – porque acharam que dos crimes de que eram acusados, que deviam ser absolvidos", acrescentou.
"Dá-se o tal debate instrutório e o juiz de instrução vai decidir pela pronúncia ou não pronúncia. É como se fosse uma segunda acusação, só que esta segunda acusação é mais pesada. Quem é que saiu aqui prejudicado? Foi exatamente o Ivo, que do homicídio negligente simples, cuja pena ia até três anos, viu-se deparado com uma prenuncia, desta feita por um juiz, a alterar a qualificação e passa para homicídio negligente grosseiro, pelo excesso de velocidade que trazia", agregou Paula Varandas.
"Quando os arguidos pedem este mini julgamento, podem correr o risco de esgotar, que é o mais certo, todas as provas que tinham. No julgamento que está a decorrer, o mais certo é que todos sejam condenados pelos crimes que o juiz de instrução naquele mini debate indiciou", explicou ainda.
Por fim, esclareceu que o mais provável é que as penas, caso sejam atribuídas, sejam suspensas: "Na prática tenho algumas dúvidas que isto vá resultar em prisão efetiva seja para quem for. Atendendo ao registo criminal, porque realmente aqui não houve intenção, o dolo, houve negligência, depois é apurar se houve a negligência do género ‘Sem querer, não tive noção’ ou ‘Eu devia ter tido noção, mas mesmo assim isto não vai acontecer e acaba por acontecer’, que é negligência grosseira".