
Esta terça-feira foi Dia Internacional do Beijo e um dos assuntos que se tornou especialmente pertinente tendo em conta a situação pandémica que atravessamos foi a importância do ato de beijar, numa época em que se tornou numa atividade de risco.
A primeira questão a colocar é: beijar é realmente importante? Um artigo do Institute for Family Studies, de 2020, afirma que sim. Utilizando dados relativos aos Estados Unidos, a análise reuniu algumas fontes que indicam que "pessoas que beijam mais tendem a ter relações mais felizes e duradouras", acrescentando ainda que "psicologicamente, os afetos não-verbais são desejáveis e socialmente benéficos."
No entanto, a pandemia leva a que haja um risco acrescido à atividade de beijar, que facilmente acarreta uma grande probabilidade de infeção caso uma das partes esteja contaminada com o novo coronavírus, isto porque envolve uma grande troca de saliva, transformando-a numa atividade inclusivamente mais arriscada que as relações sexuais. De facto, desde cedo, uma das recomendações foi mesmo a de evitar beijos, abraços ou apertos de mão, e, adicionalmente, a Organização Mundial de Saúde partilhou em julho um vídeo com alternativas a este tipo de contactos durante a era da Covid-19, que incluíam, por exemplo, dizer olá em linguagem gestual ou acenar.
Num artigo do LA Times publicado em junho de 2020, a especialista em sexualidade humana Helen Fisher alegou que "quando se beija, está-se a recolher muita informação pela outra pessoa, todos os cinco sentidos ficam ativados. Somos mamíferos, amamos o toque", enquanto que para Kory Floyd, ‘expert’ na comunicação do afeto, não há perigo de que a redução do ato de beijar durante a pandemia se torne permanente: "Há sempre esta atenção de compreender a transmissão viral ou bacteriana. Não andamos por aí a beijar pessoas quando estamos doentes, nem o fazemos a quem o esteja. Quando recuperamos, voltamos a interagir da forma normal."
Por outro lado, um inquérito feito em dezembro à população indiana concluiu que três quartos dos respondentes já não se sentiam confortáveis para beijar ou ter relações íntimas no primeiro encontro, de acordo com o The Print. Analogamente, uma sondagem do OnePoll refere que beijar estranhos é a quarta coisa que mais inquiridos dizem querer deixar de fazer no pós-pandemia. Finalmente, um estudo na revista Susteinability revelou que a perceção dos beijos de língua, quer passados, quer futuros, entre as jovens espanholas, se tornou mais negativa após serem desvendados como potenciais fonte de infeção.
Em conclusão, não há unanimidade sobre como a pandemia alterará os nossos hábitos, no que aos beijos concerne, mas as previsões indicam que há uma possibilidade real de que as coisas fiquem exatamente como antes, mesmo que de forma inconsciente. Por enquanto, o que há a fazer é mesmo seguir as recomendações da DGS e da OMS, e esperar por dias melhores.