
Foram quase dois dias a tentar fugir à guerra, numa longa e perigosa viagem de carro até à Moldávia e depois Roménia. Paulo Fonseca e a família podem finalmente respirar de alívio mas estão longe de estar tranquilos, pois na Ucrânia continuam familiares de Katerina, mulher do treinador de futebol.
"Há uma guerra cruel no meu país e é completamente inaceitável. É tão difícil ver morrer mulheres e crianças, pessoas pacíficas da Ucrânia. O meu coração está completamente destroçado", afirmou a mulher de Paulo Fonseca à chegada a Lisboa, acrescentando: "Esta guerra louca tem de parar já."
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Por sua vez, Paulo Fonseca, que estava a viver em Kiev mesmo sem estar a treinar qualquer clube, destacou a felicidade de aterrar em Portugal: "Foi um alívio para mim e para a minha família, mas custou-me muito deixar aquele povo que está a lutar de forma heroica. Custou-me muito ver o que se passava em Kiev e o pânico que senti. Sinto uma tristeza muito grande."O treinador recorda que já tinha previsto sair da Ucrânia mas que foi surpreendido com o início dos combates. "Iamos apanhar um voo para a Suíça de manhã, mas de madrugada começámos a sentir as bombas a cair em Kiev. Entrámos em pânico e só tivemos tempo de pegar nas malas e sair para a rua. Ainda tentámos de sair de Kiev nesse momento, mas o trânsito era tanto que não conseguimos. O momento em que sentimos mais medo foi quando sentimos as bombas a cair perto de nós. Foi naquele momento que percebemos que a guerra tinha começado."
Paulo Fonseca, que treinou o Shakhtar Donetsk entre 2016 e 2019, apelou para que todos continuem a lutar pelo povo ucraniano, acrescentando que este está a "sofrer de uma forma injusta e cruel".