
O realizador Manuel Pureza e o ator Diogo Martins criticaram Marco Paulo por não ter dado abertura para contar a sua história na série da Opto lançada no ano passado.
Em declarações no podcast 'Na Realidade É Ficção', de Renato Godinho, o realizador e o ator que deu vida a Marco Paulo recordaram os desafios de fazer a série em 12 dias, depois de apenas um almoço com Marco Paulo, e como tentaram contar uma história mais profunda, mas que acabou por ter obstáculos do cantor."Nós estamos a dar dignidade a uma figura que é muito querida dos portugueses, da qual temos muito pouca certezas. Ninguém sabe muito bem quem é o Marco Paulo, nem ele próprio sabe muito bem quem é que se tornou. Se perguntares ao Cristiano Ronaldo quem ele é, ele vai te fazer uma fábula: 'Eu sou um gajo de sucesso'. Nunca tem medo, nunca chora, tem fragilidades, esse gajo não existe", declarou Manuel Pureza.
No caso de Marco Paulo, "ele vai te contar a história que estás à espera, do menino pobre com a voz de ouro, o que é que isso interessa? Interessa-me o dia em que ele não teve voz. E nós não conseguimos contar isso, porque não há essa abertura".
"Esse processo desta série foi muito enriquecedor, porque não estamos a contar o que queríamos contar, porque não podemos, ninguém abre a porta para isso, o Marco Paulo não abre a porta para isso, abre a porta para aquela história que toda gente já conhece. Ele quer manter essa ideia, essa persona. Tens uma equipa de escrita maravilhosa, que tentou ter com ele e escarafunchar, mas vai até à porta de vidro. Sentes por parte da equipa toda que tenta desesperadamente espreitar por trás do vidro", explicou o realizador.
"Sim, está digno", completou, "mas é uma história que é comparável à história do Bambi". "Ninguém quer ver essas histórias", disse ainda.
Diogo Martins considerou também que a série "foi um desafio". "Principalmente pelo tempo que nós tivemos".
"Eu percebo isso [que Manuel Pureza explicou], ele é que tem a prioridade de dizer o que é que quer falar, na verdade é isso", argumentou.
"No fundo o Marco não nos deu muito conteúdo. Lembro-me de perguntar como é que foi a guerra para ele, e, na minha perspectiva, teria sido um lado mais negro da vida dele e não foi isso que nos passou, pelo contrário, foi um sítio porreiro onde ele esteve, onde foi bem tratado, era idolatrado. A mim chocou-me isso porque não estava à espera dessa resposta", recordou.