Cada dia que passa sem notícias do outro lado do mundo é um murro no estômago para a família de Daniel 'JoJo Mariani' dos Santos, antigo campeão português de bodyboard que despareceu, em circunstâncias misteriosas na remota ilha de Ko Pha Ngan, na Tailândia. Já lá vai um mês e desde então não há uma única pista válida que ajude a mãe e os dois irmãos de Jojo a perceberem o que terá acontecido para que este tenha desaparecido sem deixar rasto.
"É muito angustiante. Queremos acreditar num milagre de Natal, mas cada dia que passa o sofrimento é maior", diz à FLASH! um familiar do antigo atleta, acrescentando que a família está em contacto permanente com a Embaixada Portuguesa na Tailândia, que faz a ponte com a polícia local e a Polícia Judiciária Portuguesa, para tentar juntar as peças de um puzle que possa ajudar a compreender o que estará na origem do desaparecimento misterioso de Jojo, aos 51 anos.
Na Tailândia, estão as duas testemunhas-chave do caso que podem ter a explicação para aquilo que aconteceu: a companheira de Daniel, Avalon Giuliano, mãe dos seus dois filhos, e o sogro, o ator da Netflix Geoffrey Giuliano, mas para a família é aí que reside a maior parte do problema, uma vez que a versão dos factos contada pela mulher tem mudado à medida que o calendário avança e nas últimas publicações feitas no grupo criado para ajudar a encontrar Daniel, o ator e a filha referem-se mesmo a Daniel como se este estivesse morto.
Num dos posts, Avalon assinala um mês desde o dia em que Daniel desapareceu e diz que vai deitar flores ao mar em jeito de homenagem ao marido, enquanto o sogro de Jojo também se refere ao atleta no passado. Mas este é apenas um dos pontos que alavancam, para a família, a tese de que há alguma coisa que não bate certo nesta história.
O principal prende-se com aquilo que consideram uma série de "notícias falsas disseminadas" na página de Facebook criada para ajudar a encontrar Jojo. No passado dia 12, por exemplo, uma luz de esperança acendeu-se para a família quando o sogro de Daniel anunciava que o surfista tinha sido avistado numa zona da ilha - que tem cerca de 10 mil habitantes e 168 km 2 (a título comparativo, a Madeira é cinco vezes maior do que Ko Pha Ngan) - em muito mau estado, a viver como um indigente, e a pedir comida em restaurantes. A notícia, dizia o ator, tinha-lhes sido comunicada pela polícia tailandesa, que já estaria em cima do acontecimento.
Prontamente, a família de Daniel confrontou as entidades competentes, que garantiram que essa pista não era verdadeira. "Confirmaram-nos que a polícia tailandesa não tinha qualquer informação sobre esse avistamento. Para nós, foi horrível, porque naturalmente esse tipo de notícias dão esperança e depois é muito pior", admite o familiar com quem a FLASH! conversou.
Outro dado curioso é que na publicação em que Geoffrey Giuliano diz que o genro foi avistado, pede ajuda para que se organizem buscas àquela parte específica da ilha. Na sequência do pedido, houve alguns seguidores que questionaram o porquê de não ir a própria mulher em busca do marido se estava apenas a alguns minutos do local. A resposta surgiria alguns dias depois, em tom de lamento.
"Esta é a verdade. Eu tenho 71 anos e tenho dificuldade em ir até à cozinha quanto mais até às montanhas da ilha. A minha filha tem dois bebés pequenos e há cerca de um ano magoou-se no pé, por isso também não pode fazer nenhum tipo de exploração mais profunda", fez saber, entre pedidos de ajuda para buscas e peditórios para que se ajude monetariamente os dois filhos do antigo surfista.
A CRONOLOGIA DO DESAPARECIMENTO
Mas afinal, qual é a real história do desaparecimento de Jojo? Tudo o que se sabe é aquilo que Avalon conta: que no passado dia 17 de novembro o marido saiu de casa para nunca mais voltar. Tudo terá acontecido após uma feia discussão entre os dois, sendo que dias mais tarde Avalon garantia ter encontrado os pertences de Jojo numa outra parte da ilha, graças a um airtag, uma tecnologia de rastreamento, que o marido tinha na carteira.
"Com a ajuda do meu filho (de oito anos) e através do ipad, conseguimos rastrear a carteira, que estava com outros pertences, como o passaporte e o fato de mergulho", contou Avalon à FLASH! dias após o desaparecimento do marido.
No entanto, a afirmação acabaria por ser questionada pelo irmão de Jojo, que recordava que o airtag - dispositivo da Apple para seguir objetos - tem um raio de ação muito limitado e nunca poderia funcionar à distância a que Avalon estava do sítio em que foram encontrados os objetos.
Paralelamente, o que intriga a família é também a preocupação que Avalon demonstrou desde o início por questões monetárias, muitas vezes maior do que em encontrar Jojo. "Aconteceu logo no início uma situação estranha. Aproximava-se o Natal, a Avalon conversava com o meu irmão e sabia que a minha mãe ia dar algum dinheiro de presente para as crianças. E quando o meu irmão desaparece, a primeira coisa que ela me pergunta é se a minha mãe tinha intenção de dar os presentes. Então, o meu irmão desaparece e a preocupação dela é essa?"
A desconfiança tem aumentado com o passar do tempo, sendo que a distância que separa a família da ilha de Ko Pha Ngan não ajuda a que as dúvidas se esclareçam. A ilha paradisíaca, conhecida pelas suas festas de lua cheia, tem também um historial de mortes trágicas de turistas. Em 2017, a história de Elise Dallemange, uma turista belga, encontrada morta na ilha, correu o mundo. A jovem andava a viajar pela Ásia há quase dois anos e meio quando o seu corpo foi descoberto na selva, já parcialmente comido por lagartos.
No mesmo ano, um casal de turistas foi encontrado morto numa praia paradisíaca da ilha, sendo que três birmaneses seriam detidos por suspeitas de serem os homicidas dos dois britânicos, na casa dos 20 anos, sendo que estes são apenas dois episódios que fazem parte da longa lista de homicídios que fazem com que se cultive quase uma aura de maldição em torno da ilha.
No entanto, à Flash! o irmão de Jojo, Alexandre, que tem estado a acompanhar de perto o caso ressalva um dado importante. "Até agora, penso que só há um caso de um turista desparecido que não foi solucionado."
Para a família, a esperança continua viva, ainda que o passar do tempo seja traiçoeiro e aumente a sensação de tristeza a dias do Natal.
