
Nas últimas aparições públicas, Rute Cardoso tem sido a imagem do estoicismo e da coragem. Passaram apenas dois meses desde que perdeu o seu grande companheiro de vida, Diogo Jota, vítima de um brutal acidente de automóvel, no entanto é claro que, apesar do enorme sofrimento que a trespassa, a viúva está a tentar reconstruir a sua existência sem o futebolista, mas debaixo dos mesmos alicerces que construíram juntos e isso passa por manter viva a memória do seu único amor. Esta tornou-se – sem esquecer os três filhos, a sua grande prioridade – a nova missão de vida de Rute, que faz de tudo para honrar o legado de uma das pessoas mais importantes da sua vida.
Na gala da Bola de Ouro, que aconteceu na última segunda-feira, dia 22, em Paris, a viúva do futebolista caminhou sozinha na passadeira vermelha, mas não quebrou. De queixo erguido, posou para as fotografias, com um look carregado de simbolismo e que mostra que tudo é feito com Diogo no pensamento. Com um vestido assinado pela estilista Micaela Oliveira, a viúva usou a cor que sempre escolheu desde a morte do marido, o branco, não só em alusão à paz e a um diferente tipo de luto, mas também para honrar o nome carinhoso pela qual Jota a tratava: 'branquinha'. Além disso, na mão, tinha também um terço, reforçando, assim, que mantém a fé, que tem sido muito importante desde o fatídico dia em que perdeu o seu pilar e pai dos três filhos, a mais nova prestes a completar o primeiro ano de vida.
Por mais do que uma vez, Rute já passou essa mensagem, a de acreditar em algo superior, o que de alguma forma a ajudará a suportar a dor da enorme perda. Recentemente, por exemplo, rumou ao Santuário de Fátima durante a noite, e ergueu a sua aliança de casada a Nossa Senhora de Fátima, num sinal de fé, e na tentativa de encontrar respostas para tanto sofrimento.
O futuro é ainda uma zona cinzenta que a viúva tentará, aos poucos, perceber qual o melhor caminho. No entanto, aos poucos, e com a ajuda de uma enorme base de apoio, dá passos firmes para reerguer o seu caminho. O primeiro foi voltar para Portugal, encontrando-se a viver na casa da irmã, onde conta com o apoio de uma das funcionárias que já estava a seu lado em Inglaterra, e que tem uma forte ligação com os filhos.
"Ela tem uma empregada com ela. Ela estava com eles em Inglaterra e está agora com ela aqui por causa dos filhos. Eles tinham três, mas as outras foram embora. Só ficou a que olhava pelos meninos", explicou o avô, Fernando Silva, à TV7 Dias adiantando que em casa da irmã Rute Cardoso tem toda a base de apoio de que precisa, numa fase particularmente dolorosa. “Os bisnetos estão em casa da irmã da Rute porque ela está em casa da irmã. Ela tem a família que lhe dá apoio."
Os meninos recebem também, frequentemente, a visita dos avós, numa altura em que a família se esforça para dar um pouco de normalidade à vida das crianças que, além de perderem o pai, foram confrontadas com uma série de mudanças, que vão desde o país à escola, numa nova vida que agora vão palmilhar em Portugal.
Para já, ainda não decidiu ao certo como irá restabelecer a sua vida, mas os projetos ligados ao marido vão ser, sem dúvida, uma prioridade, tendo-lhe já sido depositado alguns desafios em mãos nesse sentido. Uma missão que ajuda Rute a manter-se viva dentro da dor e, sobretudo, a definir novos propósitos, numa altura em que coloca tudo em causa.
UM MAR DE HOMENAGENS
O tempo passa, mas o nome de Jota e do irmão, André Silva, continuam bem vivos na memória de todos, sendo que nestes primeiros tempos é recorrente que Rute Cardoso e os familiares dos jogadores marquem presença numa série de homenagens, realizadas entre Portugal e Inglaterra, em tributos reconfortantes, que longe de curar a dor, dão, no entanto, algum colo nesta fase tão dolorosa.
Entre as homenagens públicas, a família tem sido também muito acarinhada por todos os jogadores da Seleção, nomeadamente Rúben Neves, melhor amigo de Diogo Jota, que prometeu zelar pelos seus e cumpriu, sendo muito preocupado não só com o futuro de Rute Cardoso e dos filhos, mas também dos pais, que vivem a maior dor por que um ser humano poderá passar, tendo perdido os seus dois rapazes no mesmo dia.
A mãe de André e Diogo, Isabel, é, de resto, a grande preocupação de todos, com o avô dos jogadores a admitir esses receios publicamente. "A minha nora não quer ouvir falar de nada, nem quer ver televisão. A mãe não está boa, coitada”, confessou à revista ‘TV7 Dias’ o avô de Diogo Jota, garantindo que o pai dos futebolistas, apesar da dor extrema, tem tentado aguentar o embate.
“Ele ainda se aguenta, é como eu. Sente cá dentro, mas aguenta."