
Há cerca de 15 anos, quando Carolina Patrocínio não tinha atingido o nível de popularidade dos dias de hoje, e certamente não seria ainda elegível para um documentário na Prime em seu nome - estreia esta sexta-feira, dia 30 na plataforma de streaming - a apresentadora deu uma entrevista que se tornaria célebre por uma declaração peculiar. Durante a conversa, e alheia ao facto de grande parte do país viver a leste dessa realidade, Carolina falava de como só conseguia comer cerejas e uvas quando a empregada lhes tirava as grainhas e caroços. Na altura, tinha 22 anos, era mandatária da juventude do PS e viu o caso tornar-se no assunto mais debatido do momento com as redes sociais a darem palco ao movimento que pedia a "libertação da empregada" de Patrocínio.
O episódio foi como que o primeiro grande aviso de que nem tudo aquilo que se passa na sua vida de privilégio - de quem cresceu com abastança numa família numerosa no exclusivo bairro do Restelo - será bem compreendido por aqueles que não partilham consigo o berço ou hábitos de vida endinheirados. No entanto, isso nunca a impediu de abrir portas àquilo que é o seu lado mais íntimo e de partilhar os valores em que acredita e a legião de quase 1 milhão de seguidores que entretanto conseguiu atingir foi conquistada à custa de tanto amor como de 'pedradas'.
Da primeira vez que engravidou, e numa altura em que o exercício na gravidez ainda não estava tão banalizado, causou uma onda de crispação ao mostrar-se de abdominais definidos na gestação a levantar barras de pesos no ginásio. "Como é que é possível, o bebé ali apertado, nem tem barriga", atacava-se nas redes sociais com a mesma convicção com que, quando meses mais tarde, ela deixava a maternidade colocavam em causa como é que Carolina já estava tão magra quanto antes. "Não podia ser genética, tinha de haver ali mais qualquer coisa", deixavam no ar. Às tantas, o rosto da SIC habituou-se que provavelmente iria ser sempre assim. Afinal, é impossível agradar a gregos e troianos.
“Há uma expectativa de que, por ser influenciadora, tenho de ser exemplar. E isso não acontece, farto-me de errar”, disse à SIC a miúda que começou no 'Disney Kids' com apenas 16 anos e soube trilhar o seu percurso na senda da sua verdade.
A popularidade deve-se também ao facto de Carolina, hoje com 38 anos, ter crescido como que 'em direto', com os portugueses a acompanharem as mudanças na sua vida, quase como a uma filha: do casamento com Gonçalo Uva – o jogador de râguebi com quem namora desde a adolescência – à chegada dos filhos, Diana, Frederica, Carolina e Eduardo, que compõem a imagem de família perfeita.
Com a chegada dos filhos e o mediatismo que se multiplicava conforme a família ia crescendo, Carolina manteve a coerência: não fechou portas sob o pretexto de agora já não lhe interessar conversas sobre a vida pessoal e continuou a partilhar a sua família encantada, que é impossível que não faça sonhar: das férias em lugares únicos, à sua própria casa que, por si só, é de revista, a apresentadora conseguiu o combo de ter uma prol de filhos giros, que ficam bem em qualquer fotografia. E claro, depois há o resto do 'pacote', as irmãs.
É que, ao estilo das Kardashian, com Carolina vieram também Rita, Mariana ou Inês, que entretanto se tornariam personagens no universo da fama, muito por culpa do orgulho que a apresentadora tem no seu mundo de mulheres e na família, que pese embora seja constituída por pais separados, soube sempre manter a harmonia em prol da felicidade de todos.
E claro que não há cenários perfeitos, que as vidas das redes sociais também têm 'ses' e reticências, mas entre traições de amigos e separações que já atingiram o clã, Carolina escolheu sempre como arma mediática a transparência, a mesma que por vezes lhe traz tantos dissabores.
Como o mais recente, quando Carolina Patrocínio assumiu que foi vítima do desvio de fundos no caso de Manuel Santana Lopes e da agência Notable. “Sermos enganados por quem nos é próximo e tem a nossa confiança é ser roubado duas vezes. E dói duas vezes mais”, lamentou depois de saber que terá ficado sem cerca de 250 mil euros pelas mãos do amigo.