
Ao longo da sua já longa carreira de jornalista, contam-se pelos dedos das mãos as polémicas em que esteve envolvido. Discreto, visto como ultra-credível, um 'tipo simpático' e muito 'low-profile', Júlio Magalhães, ou Juca, como é carinhosamente tratado, sempre pautou a sua vida profissional por uma sobriedade e mesmo na pessoal nunca nada havia a apontar.
Casado há mais de há mais de 30 anos com a mesma mulher, Manuela Magalhães, mãe dos seus dois filhos, nunca deu que falar nas revistas cor-de-rosa e quando aparecia era por bons motivos, com a estabilidade da união a ser bastante elogiada.
Foi assim durante toda a sua vida até que, na última terça-feira, um escândalo a envolver o seu nome o obrigaria a suspender as funções, com efeitos imediatos, na TVI, com a sua idoneidade a ser posta em causa. Júlio Magalhães, de 61 anos, estava na Rádio 'Observador', para a qual colabora, quando recebeu uma chamada de caráter urgente: se não fosse imediatamente para a casa que arrenda em Lisboa, a porta seria arrombada, com os inspetores da Polícia Judiciária a darem conta ao jornalista do mandato que tinham para fazer buscas na sua residência. Passaram-na, depois, a pente fino, no âmbito da Operação Maestro em que o jornalista, em conjunto com Manuel Serrão, o principal arguido, e outros, é suspeito dos crimes de abuso de poder, desvio na obtenção de subsídio, fraude fiscal e branqueamento de capitais, num esquema em que terão usado indevidamente perto de 39 milhões de euros, conseguidos através de fundos públicos. Em causa estão 14 projetos financiados por fundos europeus entre os anos de 2015 e 2020.
Apesar de o empresário Manuel Serrão ser o principal suspeito, a verdade é que Júlio Magalhães, sócio de duas empresas do nortenho, vê também a sua seriedade posta em causa, o que o levou a tomar decisões imediatas, em nome da transparência exigida na sua profissão de jornalista. Assim, comunicou à TVI que decidiu suspender as funções de pivô. Em comunicado, o canal avançou que o jornalista "comunicou à empresa a sua indisponibilidade para se apresentar ao trabalho", salientando que o "entendimento é mútuo." Também a colaboração com a Rádio Observador foi interrompida por causa do processo judicial que o envolve.
A DECISÃO QUE LHE TRAMOU A VIDA Em 2011, Júlio Magalhães surpreendeu ao anunciar que iria trocar a carreira mediática que o levava a ser um dos rostos mais queridos da TVI por uma vida no Porto, como diretor do Porto Canal, que seria necessariamente mais afastada dos holofotes mediáticos. "Está tudo concentrado em Lisboa e quando as pessoas se afastam de Lisboa obviamente que a visibilidade deixa de ser a mesma e o interesse também", disse à FLASH! na altura, acrescentando que era tempo de regressar ao Porto, a sua terra natal, e uma cidade em que já tinha sido tão feliz.
A DECISÃO QUE LHE TRAMOU A VIDA
Em 2011, Júlio Magalhães surpreendeu ao anunciar que iria trocar a carreira mediática que o levava a ser um dos rostos mais queridos da TVI por uma vida no Porto, como diretor do Porto Canal, que seria necessariamente mais afastada dos holofotes mediáticos.
"Está tudo concentrado em Lisboa e quando as pessoas se afastam de Lisboa obviamente que a visibilidade deixa de ser a mesma e o interesse também", disse à FLASH! na altura, acrescentando que era tempo de regressar ao Porto, a sua terra natal, e uma cidade em que já tinha sido tão feliz.
E era também tempo de voltar a unir a família, uma vez que, com a aposta na carreira, o jornalista assumiu que passaria a viver sozinho em Lisboa, afastado da mulher e dos dois filhos que permaneciam no Porto. Foi assim, como o próprio assumiu, durante mais de 20 anos, com Júlio Magalhães a elogiar largamente a mulher que aguentou o barco enquanto ele estava empenhado na carreira a vários quilómetros de distância. "Namorei dez anos, casei-me há 20. Portanto, estou com a Manuela há cerca de 30 anos. Talvez o segredo do meu casamento seja a minha mulher. É uma mulher fantástica, que percebe a vida que tenho", disse há cerca de um ano, numa das raras exceções que abriu para falar sobre a companheira. Reservado, o jornalista sempre preferiu não misturar a família com a profissão e abria apenas algumas exceções em lançamentos de livros - ele faz parte da geração de pivôs que também escrevem romances - e alguns eventos em que surgia acompanhado por Manuela, que agora vê o nome da família arrastado para a polémica, com a megaoperação da Polícia Judiciária que, pela primeira vez, coloca o clã numa posição delicada.
E era também tempo de voltar a unir a família, uma vez que, com a aposta na carreira, o jornalista assumiu que passaria a viver sozinho em Lisboa, afastado da mulher e dos dois filhos que permaneciam no Porto. Foi assim, como o próprio assumiu, durante mais de 20 anos, com Júlio Magalhães a elogiar largamente a mulher que aguentou o barco enquanto ele estava empenhado na carreira a vários quilómetros de distância.
"Namorei dez anos, casei-me há 20. Portanto, estou com a Manuela há cerca de 30 anos. Talvez o segredo do meu casamento seja a minha mulher. É uma mulher fantástica, que percebe a vida que tenho", disse há cerca de um ano, numa das raras exceções que abriu para falar sobre a companheira.
Reservado, o jornalista sempre preferiu não misturar a família com a profissão e abria apenas algumas exceções em lançamentos de livros - ele faz parte da geração de pivôs que também escrevem romances - e alguns eventos em que surgia acompanhado por Manuela, que agora vê o nome da família arrastado para a polémica, com a megaoperação da Polícia Judiciária que, pela primeira vez, coloca o clã numa posição delicada.
Na verdade, acabaria por ser a decisão de regressar ao Porto e para junto da família que faria com que Magalhães estivesse fisicamente mais próximo de Manuel Serrão - de quem é grande amigo há vários anos - o que coincidiu com os anos em que decorreram as fraudes em torno dos fundos europeus. Agora, com a sua vida a ser investigada, também o casamento e a família ficam expostos aos olhos da Polícia Judiciária, com a vida pessoal e profissional do jornalista a ser analisada de fio a pavio.
Na verdade, acabaria por ser a decisão de regressar ao Porto e para junto da família que faria com que Magalhães estivesse fisicamente mais próximo de Manuel Serrão - de quem é grande amigo há vários anos - o que coincidiu com os anos em que decorreram as fraudes em torno dos fundos europeus. Agora, com a sua vida a ser investigada, também o casamento e a família ficam expostos aos olhos da Polícia Judiciária, com a vida pessoal e profissional do jornalista a ser analisada de fio a pavio.
A mudança para o Porto coincidiu também com os anos em que esteve menos exposto e, pela primeira vez em muito tempo, com uma vida mais afastada do mediatismo de quem está num canal generalista. Mas o maior baque, afirmou o jornalista, acabaria por ser quando saiu do Porto Canal, em 2021. Na altura, Magalhães revelava que, ao deixar a direção e a televisão, sentiu que o seu telefone passou a estar muito mais 'calado' do que antigamente.
A mudança para o Porto coincidiu também com os anos em que esteve menos exposto e, pela primeira vez em muito tempo, com uma vida mais afastada do mediatismo de quem está num canal generalista.
Mas o maior baque, afirmou o jornalista, acabaria por ser quando saiu do Porto Canal, em 2021. Na altura, Magalhães revelava que, ao deixar a direção e a televisão, sentiu que o seu telefone passou a estar muito mais 'calado' do que antigamente.
"A televisão é muito viciante para nós. E a verdade é que eu quando saí da televisão, deixei de existir. E desde que eu saí do Porto Canal em janeiro, deixei de existir. Tenho muita gente que nunca mais me ligou. Nós temos a nossa família, depois temos os nossos amigos e depois para o resto somos aquilo que representamos. É assim a vida", disse em conversa com Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz no 'Dois às 10', acrescentando que não guarda mágoa desses tempos mas sim uma aprendizagem. "Senti na pele uma coisa que eu não tenha sentido. Sou um tipo simpático, dou-me bem com toda a gente e às vezes senti que, amigos de outros canais, não me ligavam com algum constrangimento porque pensavam: 'eu não tenho um convite para lhe fazer'", afirmou.
"A televisão é muito viciante para nós. E a verdade é que eu quando saí da televisão, deixei de existir. E desde que eu saí do Porto Canal em janeiro, deixei de existir. Tenho muita gente que nunca mais me ligou. Nós temos a nossa família, depois temos os nossos amigos e depois para o resto somos aquilo que representamos. É assim a vida", disse em conversa com Cláudio Ramos e Maria Botelho Moniz no 'Dois às 10', acrescentando que não guarda mágoa desses tempos mas sim uma aprendizagem.
"Senti na pele uma coisa que eu não tenha sentido. Sou um tipo simpático, dou-me bem com toda a gente e às vezes senti que, amigos de outros canais, não me ligavam com algum constrangimento porque pensavam: 'eu não tenho um convite para lhe fazer'", afirmou.
Sendo um dos rostos mais acarinhados da televisão, Júlio Magalhães sempre cultivou várias amizades no pequeno-ecrã e até o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que fazia comentário na TVI na altura em que o pivô lá trabalhava, era uma dessas pessoas próximas. Agora, e numa situação necessariamente diferente, Júlio Magalhães terá uma nova oportunidade de perceber quem está afinal ao seu lado quando passa pela fase mais desafiante da sua vida, com as suspeitas que o envolvem a abanarem os seus alicerces.
Sendo um dos rostos mais acarinhados da televisão, Júlio Magalhães sempre cultivou várias amizades no pequeno-ecrã e até o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que fazia comentário na TVI na altura em que o pivô lá trabalhava, era uma dessas pessoas próximas.
Agora, e numa situação necessariamente diferente, Júlio Magalhães terá uma nova oportunidade de perceber quem está afinal ao seu lado quando passa pela fase mais desafiante da sua vida, com as suspeitas que o envolvem a abanarem os seus alicerces.