
Francisco Conceição foi decisivo no arranque da Seleção no Euro'2024: entrou, fez golo e levou a equipa das Quinas à vitória na prova, mostrando, aos 21 anos, a importância de sangue novo na equipa. É considerado um dos 'meninos de ouro' de Portugal e é um dos cinco filhos do treinador Sérgio Conceição, que viu os seus rapazes seguirem-lhe as pisadas. À exceção do mais novo, que tem apenas nove anos, todos jogam a nível profissional, sendo que Francisco é aquele que mais se tem destacado.
Com o escudo nacional ao peito e o início do Europeu de Futebol, na Alemanha, Francisco inicia agora uma nova etapa, mais desafiante, em que salta debaixo da alçada do pai, que era o seu treinador no FC Porto. Antevendo as mudanças, na final da Taça de Portugal, conquistada pelos Dragões, pai e filho choraram abraçados, num momento de comunhão que comoveu o país.
Foi um dos raros momentos em que transpuseram a relação familiar para os relvados, até porque consciente de que os dois estariam debaixo de todos os holofotes, Sérgio Conceição não só sempre tratou o filho como outro jogador qualquer, como muitas vezes teve uma mão ainda mais pesada para Francisco, para que não o pudessem acusar de nada nem pusessem em causa o profissionalismo do treinador e jogador.
"Essa parte emocional fica em casa quando estou com ele. Aqui, é um jogador como os outros, leva duras como os outros; se tiver de dar um abraço, dou. Caiu-lhe uma lágrima e a mim também", disse, quando Francisco se estreou ao serviço da equipa principal do FC Porto, remetendo-se de seguida ao silêncio. "Não queria entra muito nesse plano pessoal. Não é justo", respondeu quando questionado sobre a evolução do filho, que também é parco em comentários sobre Conceição.
Das vezes em que falou sobre como era trabalhar diretamente com o pai, Francisco também relativizou o assunto, garantindo que os assuntos ligados ao FC Porto eram deixados à porta de casa.
"É difícil, mas a forma como eu e o meu pai vivemos o futebol fica mais fácil porque sabemos distinguir os papéis de treinador e filho, pai e filho, e jogador e treinador. Conseguimos diferenciá-los bem. Conversamos sobre tudo. Falamos de futebol, mas no trabalho. E em casa falamos mais de família, de amigos, não tanto de futebol, porque também ajuda a aliviar um pouco o stress", explicou. Ainda que isso nem sempre seja tarefa fácil numa casa em que todos respiram e vivem intensamente o futebol, inclusivamente a mulher de Sérgio Conceição, Liliana.
Ainda que isso nem sempre seja tarefa fácil numa casa em que todos respiram e vivem intensamente o futebol, inclusivamente a mulher de Sérgio Conceição, Liliana.
Se dúvidas houvesse, isso ficou bem patente recentemente, quando Sérgio Conceição foi preterido do FC Porto e viu o seu adjunto, Vítor Bruno, com quem mantinha uma relação profissional e de amizade há mais de 13 anos, ascender ao seu lugar, naquilo que muitos consideraram uma traição. Perante os ventos de mudança, a mulher Liliana não escondeu a sua revolta.
"Sempre contigo, ontem, hoje e sempre. Sempre fiel aos teus princípios, leal, grato e um Homem de respeito para com o próximo. Não vale tudo para chegar ao topo. A ganância e a fome de poder destroem o mundo. Nós homens, seres racionais, nem sabemos a sorte que tínhamos em sermos comandados pelos animais. Seres fiáveis e amáveis", escreveu no Instagram. Mas não foi a única, uma vez que os filhos também se ressentiram com o duro golpe.
"Às vezes, ajudar as pessoas só serve para revelar a ingratidão delas", escreveu Rodrigo, enquanto o filho mais velho, Sérgio, que joga pelo Feirense, não escondeu o quanto as polémicas acabam por ter implicações no seio familiar.
"Foram dias de muita pressão, muita dor. Uma semana difícil para mim. Eu e o os meus irmãos somos muitas vezes atacados por coisas que não temos nada que ver com elas e temos de estar sempre calados. Se abrimos a boca somos prejudicados. Mas eu e os meus irmãos respondemos dentro de campo. Esta vitória vai para a minha família, para as pessoas que estão comigo sempre. Obrigado pai, mãe e manos por estarem sempre ao pé de mim", salientou o jogador, depois de uma partida frente ao Lourosa, em que bisou.
"Toda vida, desde pequenos, tivemos de nos habituar a ser julgados mais facilmente que os outros. Portanto, quanto mais rápido nos habituarmos, mais bem preparados estamos para o futuro", concluiu.
A polémica afetou toda a família, mas Francisco, naturalmente, remeteu-se ao silêncio, até porque vai começar a nova época a ser dirigido por aquele que muitos consideram o traidor do pai. Ainda que seja preciso 'estômago' para enfrentar a situação, o jogador revela o profissionalismo de quem sabe que há assuntos que têm de ser deixados fora do campo. Ainda assim, a curiosidade é muita para saber se o mal-estar pessoal e familiar irá afetar a relação entre o jovem jogador e Vítor Bruno, que agora assume os comandos dos dragões.
LILIANA É O PILAR DA FAMÍLIA Sobre Francisco Conceição, muitos dizem que herdou a 'raça' do pai, conhecido por ter sido um jogador aguerrido e agora um técnico que não deixa nada por dizer, um feitio, por vezes confundido com arrogância, que virá do seu percurso duro de vida. O treinador, de 49 anos, não tem uma história de vida fácil e teve de contornar as aversidades a pulso. "Tive uma infância difícil", assumiu, numa entrevista à FLASH!, recordando que ficou sem os pais muito jovem e que essa orfandade teria um impacto profundo na sua vida. "Perdi os meus pais muito jovem. Tinha 16 anos quando perdi o meu pai e 18 quando perdi a minha mãe. Foi um golpe duro, porque sou de famílias muito humildes. Foi difícil", relembrou. E continuou: "Era como todos os jovens adolescentes, cheio de sonhos, e toda essa dificuldade fez com que me revoltasse com a própria vida. Não foi um momento nada fácil."
Sobre Francisco Conceição, muitos dizem que herdou a 'raça' do pai, conhecido por ter sido um jogador aguerrido e agora um técnico que não deixa nada por dizer, um feitio, por vezes confundido com arrogância, que virá do seu percurso duro de vida. O treinador, de 49 anos, não tem uma história de vida fácil e teve de contornar as aversidades a pulso. "Tive uma infância difícil", assumiu, numa entrevista à FLASH!, recordando que ficou sem os pais muito jovem e que essa orfandade teria um impacto profundo na sua vida.
"Perdi os meus pais muito jovem. Tinha 16 anos quando perdi o meu pai e 18 quando perdi a minha mãe. Foi um golpe duro, porque sou de famílias muito humildes. Foi difícil", relembrou. E continuou: "Era como todos os jovens adolescentes, cheio de sonhos, e toda essa dificuldade fez com que me revoltasse com a própria vida. Não foi um momento nada fácil."
Numa altura particularmente dolorosa, o treinador azul e branco assume ter-se apoiado na enorme fé que sempre o moveu. "Sou crente. A religião, para mim, foi extremamente importante naquilo que foi o meu equilíbrio, o meu crescimento e tudo aquilo que foi a educação dos meus pais, à maneira deles."Ao longo do percurso, acabaria por conhecer Liliana, a mãe dos seus cinco rapazes, com quem partilhou toda a sua vida e que é considerada o verdadeiro pilar da família."Para mim, continuas a ser a mesma miúda, agora mulher, por quem me apaixonei há tantos anos. Mas ao longo destes anos, tornaste-te tanto mais do que isso. És a mãe dos nossos cinco incríveis rapazes, o verdadeiro esteio da nossa família", disse, acrescentando ter noção dos sacrifícios que Liliana faz por causa da sua profissão exposta.
"No meio dessa tempestade, és o nosso porto de abrigo, és tu que seguras o leme quando nós, por vezes, deixamos de ver o Norte. A tua forma de estar tão discreta e simples, mas ao mesmo tempo tão forte é o que nos mantém unidos".