Engenheiro de Minas e mestre em engenharia de petróleos, professor jubilado do Instituto Superior Técnico (IST) aos 70 anos, António Costa e Silva, o novo ministro da Economia e do Mar descobriu o segredo para acumular dinheiro e fazer um valente pé de meia. Esta semana, o Jornal de Notícias (JN) divulgou quanto ganham, o que poupam (ou não) e o que possuem os 17 ministros do Governo liderado por António Costa. E surpresas é coisa que não falta na vida privada do executivo.
Pois é, António Costa e Silva, o titular da Economia, não tem apenas só mais um apelido no nome público em relação ao seu quase homónimo António Costa, o seu "Boss" no Governo. O homem que foi o crânio da Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030 e que presidiu à Comissão Nacional de Acompanhamento do Programa de Recuperação e Resiliência - resumindo, o mentor dos setores onde vamos gastar as dezenas de milhares de milhões de euros da bazuca europeia – é um homem poupado, milionário, e não consta que, na linha da sua área de trabalho, tenha descoberto ouro numa mina - ou seja dono de um poço de petróleo no Beato, em Lisboa, à semelhança do que acontecia na novela satírica 'Moita Carrasco', que foi um sucesso do 'nonsense' televisivo dos anos 80 do século passado, abrilhantado pelo protagonista Nicolau Breyner no seu 'Eu show Nico' (embora nada disto venha agora ao caso)...
Assim sendo, Costa e Silva é o mais rico de todos os ministros e no seu espólio de fortuna possui carteiras de títulos, contas bancárias a prazo e aplicações financeiras equivalentes num total de 291 490,3 euros.
Ele foi também o novo governante que, em 2021, mais dinheiro ganhou, de acordo com as declarações de rendimentos e patrimónios entregues ao Tribunal Constitucional e consultadas pelo JN. Com um rendimento bruto de 384 936,96 euros no ano passado, é o ministro com mais dinheiro em contas à ordem, quase um milhão de euros (vamos ser mais precisos e dizer que tem 905 307, 64 euros).
ANTÓNIO COSTA (SEM SILVA), O PRIMEIRO-MINISTRO QUE ADORA IMOBILIÁRIO
Se o ministro que acrescenta Silva ao nome gere a sua carteira com tino e é poupadão, quem se dedica aos investimentos e gere o que herda é o seu quase homónimo António Costa, o primeiro-ministro, que é dono de cinco imóveis, dois deles herdados (um em Goa, na Índia, o outro em Lagoa, no Algarve), três comprados e um sexto a caminho de assinar a escritura de compra.
Na carteira de títulos António Costa é um bocadinho mais modesto do que o seu colega da Economia e do Mar e por isso investiu em ações, títulos e participações que, somados à data da declaração de rendimentos valiam um total apurado de 122 361, 44 euros, onde se incluem 50 ações do SLB, o clube do coração do chefe do Governo e que recentemente lhe trouxe uns certos dissabores, quando o seu nome apareceu na Comissão de Honra de Luís Filipe Vieira nas penúltimas eleições benfiquistas, quando sobre o então presidente que se estava a recandidatar pendiam acusações de corrupção na Justiça, e que meses depois ditaram a sua detenção e afastamento clube. Na alínea dos rendimentos de trabalho, Costa aparece em quarto lugar no ranking dos ministros que mais ganham, tendo em 2021 somado 116 100,8 euros brutos do ordenado de primeiro-ministro, o único que pode auferir.
O MINISTRO QUE JUNTOU UM PÉ DE MEIA COMO COMENTADOR NA TVI
Outro governante que mais tem andado na berlinda nos últimos meses é Fernando Medina, o novo ministro das Finanças. Delfim político de António Costa, perdeu a contenda eleitoral na Câmara de Lisboa para o rival Carlos Moedas, foi recompensado pela fidelidade partidária com um cargo ministerial, mas não tardou a cair nas bocas do mundo quando se descobriu um alegado esquema de troca de serviços e avenças entre o político que vestia a pele de comentador na TVI e Sérgio Figueiredo, o antigo diretor de informação da estação de Queluz de Baixo e antigo presidente da Fundação EDP.
Em 2021, quando ainda era edil da capital e comentador nas horas vagas na TVI, Fernando Medina ganhou 127 089,88 euros, somando o ordenado de presidente da câmara de Lisboa com as avenças dos comentários que fazia à noite na televisão.
Sem registo de casa comprada em Lisboa, depois ter vendido um apartamento nas Avenidas Novas onde morou, o titular das Finanças tem um imóvel em Vila Real e outro em Celorico de Basto, ambos provenientes de uma herança.
A MINISTRA DISCRETA QUE ANDOU NA SEGUNDA LINHA E PODE SER A SUCESSORA
A terceira ministra que mais ganhou dinheiro em 2021, batendo o "patrão" António Costa, foi Ana Catarina Mendes, na altura deputada e líder da bancada socialista na Assembleia da República e, também, comentadora política na Circulatura do Quadrado, o programa que transitou da SIC Notícias para TVI 24 e onde fazia fogo cruzado com o centrista António Lobo Xavier e o social-democrata José Pacheco Pereira, e é apontada pela 'entourage' de Costa como uma possível sucessora do 'primeiro' no PS, caso este deserte para um cargo europeu em 2024.
A nova ministra dos Assuntos Parlamentares faturou 121 800 euros e assim ganhou cinco mil do que o então primeiro-ministro. Ficando ela por ela estar com um pé dentro do Governo ou andar ali nas imediações do núcleo central de quem manda. Mas não é por isso que se dedica mais ao imobiliário. Ana Catarina é dona de dois imóveis herdados em Vila Nova de Foz Côa.
O MINISTRO MAIS 'TESO', MAS QUE FAZ MILAGRES NA MULTIPLICAÇÃO DAS CONTAS
Deste top quatro ministerial para baixo é uma miséria franciscana nos bens declarados ao Tribunal Constitucional. O mais pobrezinho de todos… (q vamos começar por ele) é Pedro Adão e Silva, o ministro da Cultura, que em 2021 registou o menor rendimento bruto: 33 479 euros, como professor e comentador. Mas quem não se recorda da polémica em torno deste agora elevado à categoria de ministro, que esteve na calha para ter um cargo de peso e responsabilidade e, também, um "upa, upa" no rendimento mensal?! Ah, pois, é. Quem se recorda da polémica que se levantou quando se soube quanto Pedro Adão e Silva ia ganhar como Comissário Executivo das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974? Pois, eram 4.500 euros por mês, qualquer coisa como 54 mil anos, e isto durante cinco anos.
Mesmo ganhando pouco, Adão e Silva é a prova de que se pode ser poupado e fazer o dinheiro crescer. Ao Constitucional, na sua declaraçãozinha, o homem que ama o mar e as ondas boas para o surf, juntou no banco 179 351, espalhados por mais de 30 contas bancárias (será fetiche?), maioritariamente no Barclays Bank.
O MILAGREIRO DO PORQUINHO MEALHEIRO E A MINISTRA "ESTROINA"
José Luís Carneiro, o especialista em assuntos africanos que é ministro dos fogos… perdão… da Administração Interna, declarou em 2021 um rendimento de trabalho de 62.734,47 euros, quando só era deputado e secretário-geral adjunto do Partido Socialista desde 2019. Já no capítulo das contas à ordem, o político de Baião declara ter poupado 149 769,5 euros, tendo sido batido por Adão e Silva, o ministro que, do "nada", faz milagres no porquinho mealheiro.
Helena Carreiras, a ministra da Defesa, diz que ganhou brutos 63.680,56 euros, mas é a mais "estroina" a gastar pois no banco só tem 5749,77 euros e afirma que não tem nenhuma propriedade em seu nome, sendo, no fundo, a governante que mais declara estar nas lonas. Devia era pedir uns conselhos à colega da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, que tem depósitos bancários num total de 133 132,44 euros, uma boa almofada para dias mais negros.
