
Em plena campanha eleitoral, Pedro Nuno Santos, de 46 anos, tem aproveitado as várias entrevistas para mostrar um lado mais pessoal que até aqui poucos conheciam. O homem-forte dos socialistas tem optado por manter a vida privada um pouco mais resguardada, mas abriu uma exceção para falar sobre a família que construiu com a mulher, Catarina Gamboa, com quem tem um filho, Sebastião, de sete anos.
"Temos uma grande alegria e, depois, temos uma desilusão", continuou, para dar conta que, por detrás da sua postura serena, estão, na maioria das vezes, outros sentimentos que as pessoas não conhecem. "Habituamo-nos a conviver com um político e esquecemo-nos de que há ali vidas como as outras".
"Como é que aquilo que é tão importante para mim, tão importante para a Catarina e o que nos aconteceu…’como é que amanhã tenho de fazer de conta que estou como estava antes?'", questionou.
Apesar de não ter uma resposta, a verdade é que Pedro Nuno Santos sempre fez de tudo para manter a família unida e, acima de tudo, proteger a mulher, Ana Catarina Gamboa, que volta e meia tem sido 'atingida' por estilhaços do cargo público que o marido desempenha.
Em 2019, por exemplo, o então Ministro das Infraestruturas viu a idoneidade da companheira questionada, quando esta foi nomeada nova chefe de gabinete da secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares - o anterior cargo do atual ministro, lugar que tinha sido ocupado por Duarte Cordeiro.Perante as questões que surgiram, o político acabaria por fazer um longo esclarecimento nas redes sociais, em que lamentava que o profissionalismo de Ana Catarina Gamboa, de 41 anos, tivesse sido posto em causa, apenas pelo facto de ser sua mulher.
Perante as questões que surgiram, o político acabaria por fazer um longo esclarecimento nas redes sociais, em que lamentava que o profissionalismo de Ana Catarina Gamboa, de 41 anos, tivesse sido posto em causa, apenas pelo facto de ser sua mulher.
"A Catarina, que é a minha mulher e a mãe do meu filho Sebastião é, também, a Catarina Gamboa: excelente profissional, pessoa de enorme competência e confiança", escreveu Pedro Nuno Santos.
"O povo tem o direito de questionar e de querer garantir que os cargos de poder político não são usados para que alguns se sirvam a si e às suas famílias. E é obrigação dos políticos não apenas garantir que essa situação não tem lugar, mas também responder, com verdade, às dúvidas e perplexidades que possam surgir", escreveu, acrescentando ter o dever de esclarecer o assunto, tanto para o povo português como pelo bom nome da família. "Para com o povo português mas também por respeito ao Duarte e, sobretudo, à Catarina, que não merece ser menorizada no seu percurso profissional - que nada deve a mim - apenas por ser minha mulher".
"Podia dizer que a nossa história é tão banal como a de qualquer outro casal. Mas compreendo que o grau de escrutínio público a que estamos sujeitos, pelas nossas funções, não possa ser banal. É por compreender essa necessidade de transparência que também gostaria que compreendessem que não posso abdicar da defesa de um princípio que considero muito importante: o de que ninguém deve ocupar uma função profissional por favor, como ninguém deve ser prejudicado na sua vida profissional por causa do marido, da mulher, da mãe ou do pai", concluiu.
MULHER DEIXA CARGO PÚBLICOApesar de se terem conhecido na vida política, Pedro Nuno Santos e Ana Catarina Gamboa tomaram uma decisão drástica assim que o líder do PS anunciou a sua candidatura: a mulher vai deixar o atual trabalho para evitar conflito de interesses.
Foi também logo no início da campanha eleitoral que o candidato socialista afirmou que não iriam ver a companheira na campanha e que iria respeitar inteiramente a decisão de manter a mulher resguardada, na retaguarda."Foi na política que a conheci. Nós tentamos separar [a vida familiar do trabalho], nós queremos o sucesso um do outro", afirmou, para explicar que a companheira se prepara para fazer um "sacrifício".
"Nós partilhamos uma vida, tomamos opções em conjunto, e essas opções às vezes têm consequências num dos dois", argumentou.
A deixar o cargo de chefe de gabinete com quem trabalha há 10 anos, a mulher de Pedro Nuno Santos vai abdicar de um ordenado bruto de 4.828,66 euros, aproximadamente 2.784,05 líquidos, segundo o site do governo.
No cenário de campanha eleitoral, Ana Catarina Gamboa "não está disponível para algumas coisas". "Muitos políticos em Portugal fazem questão – eu nunca gostei – de aparecer com a mulher no palco. A Catarina não gosta disso, não quer e eu respeito isso. Aliás, acho que depois não nos podemos queixar. Se queremos expor a nossa vida familiar e depois, ao mesmo tempo, não queremos que se fale sobre ela. Até agora tenho conseguido fazer essa questão".A HISTÓRIA DE AMOR E O FILHO QUE LAMENTA A AUSÊNCIA DO PAI
A história de amor de Pedro Nuno Santos e Ana Catarina Gamboa começou no universo político, mas os dois só começariam a namorar alguns anos mais tarde.
"Foi nesse percurso que conheci uma jovem militante da equipa concelhia do Duarte. Uma mulher bonita, divertida e com muita graça, inteligente, desafiadora e, sobretudo, competente. Ela era inquieta, rebelde, sempre pronta a desafiar e a questionar as minhas decisões. Mas apesar de chocarmos muito, gostava da personalidade dela e do seu instinto político. Era uma pessoa assim que precisávamos na nossa equipa e foi por isso que ela fez parte do meu primeiro Secretariado Nacional da JS", escreveu no Facebook em 2019, quando a mulher enfrentou uma onda de críticas por ter sido nomeada chefe de gabinete do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.
Da relação, nasceu o pequeno Sebastião, agora com sete anos, que mudou a vida do político e agora muitas vezes o faz questionar se, afinal, está no caminho certo. O cargo político levou-o a trabalhar mais horas do que queria, o que culminou numa maior ausência em casa, que Pedro Nuno Santos admite ser cobrada pelo filho.
"Os últimos dois anos não foram anos fáceis e, portanto, eles também sofreram com isso. É natural que eles sintam ausência, a minha ansiedade, a minha angústia, as alegrias e as tristezas. O meu filho sente muito a ausência do pai, faz notar isso e isso preocupa-me. Primeiro, porque queria estar com ele e isso faz-me falta também a mim. (...) Normalmente sou eu que o deito à noite, mas isso não tem acontecido e ele telefona-me e pergunta-me quanto tempo é que eu demoro, a que horas é que chego e eu digo a verdade", disse, sem esconder que tem medo de se vir a tornar um pai ausente. No entanto, acredita que com um bom suporte tudo irá ser gerido.