
Em Espanha, a imprensa não tem dúvidas. O rei emérito está decidido a sair dos Emirados Árabes Unidos. Está farto e quer voltar a casa. Mas o filho, o rei Felipe VI, e amigos próximos de Juan Carlos têm tentado demovê-lo de voltar para Espanha. Pelo menos, nos próximos tempos. Recorde-se que embora não exista um mandado de captura, o regresso ao seu país, neste momento, só iria prejudicar a coroa. Além disso, pedem-lhe que faça mais um sacrifício até que o processo que ainda incorre contra si seja arquivado, pois tudo indica que a Procuradoria do Supremo Tribunal poderá encerrar, em breve, as três investigações abertas sobre o emérito.
Isto significa que Juan Carlos venha a ser beneficiado pelo arquivamento dos casos, escapando, assim, a que seja apresentada uma queixa formal pelos seus supostos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção. Esta decisão, a acontecer não deixará de suscitar alguma indignação, é justificada pelo facto de os alegados crimes terem ocorrido quando o monarca ainda tinha imunidade e pela impossibilidade de processar os crimes antes da abdicação em 2014, mas também pelas regularizações fiscais já efetuadas e pela falta de provas mais consistentes. Apenas na Suíça, as coisas parecem não ser tão favoráveis ao pai do rei de Espanha. Mais rigorosos e exigentes, as autoridades suíças insistem em manter a investigação em curso.
Convencido que, de facto, mais vale aguardar mais um pouco antes de regressar ao seu país, Juan Carlos quer, no entanto, abandonar o médio oriente. A hipótese de se fixar temporariamente em Portugal é a que mais lhe agrada. Conhece bem o país, desde o tempo que cá viveu quando o seu pai, Juan de Borbón, foi obrigado a exilar-se com a família no Estoril. Desses tempos de juventude, tem ainda muitos amigos, como é o caso de Francisco Pinto Balsemão e Vasco Pereira Coutinho.
Outra vantagem de Portugal é a sua proximidade a Espanha. Tranquilamente e de forma bastante discreta, Juan Carlos poderá viajar para Madrid e, sobretudo, até à Sanxenxo, na Galiza, localidade que é um dos seus refúgios prediletos e onde vive o seu melhor amigo, Pedro Campos. Além do mais, a vantagem da proximidade também joga no sentido inverso, ou seja, o rei emérito poderá ser visitado tanto pelas filhas, Elena e Cristina, com maior frequência, como pelos netos – que não vê desde que se exilou nos Emirados Árabes Unidos – e amigos mais próximos. Não será espectável que a mulher, a rainha Sofia, o venha visitar. Os pais de Felipe VI há muito que já não fazem o frete de fingir que ainda são um casal.
Outro detalhe a favor da vinda do antigo monarca espanhol para o nosso país, tem a ver com o facto de ser muito mais fácil realizar o seu desejo de morrer em Espanha e ter um funeral mais digno. Caso a morte aconteça em Portugal, a trasladação do corpo seria mais rápida e mais fácil. Se, por outro lado, adoecesse gravemente, também poderia ser transferido para o país vizinho para que o último suspiro ocorresse, conforme seu desejo, na sua pátria. As duas hipóteses permitem que o emérito tenha "o final que merece" antes de ser sepultado no Panteão do El Escorial, em Madrid.
Por todas estas vantagens, Juan Carlos mostra-se conformado e percebe que ainda não é a altura certa para regressar ao seu país. O Palácio da Zarzuela como o Palácio da Moncloa (residência oficial do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez) "estão já à procura de possíveis residências na zona do Estoril e Cascais". Tanto assim é, que parece que já "existe uma urbanização que se adataria na perfeição às exigências necessárias para acolher alguém com o estatuto de Juan Carlos", avança ‘Vozpópuli’. Este diário digital, que está a ser citado inclusivamente pela edição espanhola da ‘Vanity Fair’, garante que já existe inclusivamente uma moradia na Quinta da Marinha (Cascais), que está a ser considerada como a nova residência de Juan Carlos. Como se sabe, esta é uma zona elitista, discreta e muito restrita.
VÁRIAS CASAS PARA O REI
Mas a Quinta da Marinha não é a única opção para o pai de Felipe VI, já que a sua irmã, Margarita tem casa no Estoril. Trata-se de um T3, com duas casas de banho, sala e cozinha. Uma simplicidade que nada tem com a falada mansão da Quinta da Marinha. Ainda assim, o antigo monarca espanhola poderá aceitar o convite da duquesa de Soria, já que o apartamento do Estoril está muito próximo da Villa Giralda, onde os duques de Barcelona e os quatro filhos passaram tanto tempo. Mas não se pode deixar de referir que esta é uma casa de má memória para Juan Carlos, pois foi ali que por acidente que este matou o seu irmão mais novo, Afonso, quando manejava uma arma.
O site ‘Vanitatis’, por sua vez, revela que o Estoril é o "paraíso" da infanta Margarita, que como se sabe é cega. Não prescinde de passar largas temporadas por cá. O único verão que não veio para o Estoril foi em 2020 por conta do confinamento obrigatório. Ter o irmão a viver consigo ou perto de si, traria certamente grande felicidade à senhora que conta já com 82 anos de idade.
A certeza de que Juan Carlos fixará residência muito em breve no nosso país, seja no Estoril ou em Cascais, é dada, uma vez mais, pelo diário digital ‘Vozpópuli’ que garante que Felipe VI já recorreu às boas relações que mantém com Marcelo Rebelo de Sousa, para o informar da "operação" que estará em curso e, apelando, inclusivamente, à ajuda do o Presidente da República de Portugal.