
Paris Hilton dormiu com 21 anos e acordou com 40. "Sinto que vivi com 21 anos toda a minha vida e agora estou pronta para seguir em frente", assegura a rainha das festas, exageros, extravagâncias, purpurina, fogos-de-artifício e vários tons de cor-de-rosa em conversa com a cúmplice dos seus crimes, Kim Kardashian, na série da Netflix ‘Cooking with Paris’.
A estrela de reality show surge na cozinha da sua mansão com um livro de receitas, a rir-se de si própria. Os saltos altos atrás da ilha de mármore, a roupa de alta costura para ir ao supermercado, os utensílios com brilhantes, as longas extensões dos cabelos estilo Barbie, a voz falsa, os cães que lancham caviar. Está tudo lá, mas agora a herdeira do império Hilton controla a narrativa.
Desde que lançou no YouTube o documentário ‘This is Paris’, no ano passado, a socialite veste uma diferente pele para cada projeto. É que de acordo com as declarações que ela deu no filme, a Paris que nos habituamos foi sempre uma personagem, um alter-ego com voz e estilos próprios.
"Tenho interpretado a personagem por tanto tempo, é parte da minha marca, da minha minha persona, as pessoas agora percebem que não sou uma piada. Sei exatamente o que estou a fazer, não sou uma loira burra, sou apenas muito boa a fazer-me passar por uma. Parte desta personagem é muito engraçada, livre, brincalhona, e eu sou tímida", disse em maio numa entrevista ao ‘Wall Street Journal’.
A personagem com uma vida perfeita seria fruto dos abusos e agressões que sofreu na escola interna na adolescência, após ter sido raptada de dentro da própria casa a mando dos pais, para ser ‘reeducada’ na escola secundária de Provo Canyon.
A MÃE DE TODAS AS INFLUENCERS
Este mês de setembro faz 21 anos que Paris ‘debutou’ na carreira de socialite nova-iorquina e quase provocou uma paragem cardíaca na mãe, Kathy Hilton, ex-atriz e modelo das donas de casa milionárias de Nova Iorque. Paris saiu nas páginas da ‘Vanity Fair’ com uma micro saia cor-de-rosa, camisola de rede a mostrar as mamas, óculos escuros e o dedo do meio apontado para a câmara de David LaChapele. A pose aconteceu no coração do império dos Hilton, a sala do bisavô Conrad.
A partir desta fotografia "icónica", como ela definiu, Paris foi pioneira de um mundo novo, das influencers e it girls que acabariam por dominar os novos negócios 20 anos depois.
Os fotógrafos adoraram a herdeira rebelde acabada de sair da escola interna Provo, ansiosa por vingar-se dos pais. Quem não recorda de Paris Hilton a ser seguida a todo o instante, das festas em que ela parecia estar sempre presente, fotos nua, secções de "ups" nos jornais com os deslizes da jovem, e, claro, a famosa sex tape, divulgada pelo ex-namorado Rick Salomon, não esteve atento no início dos anos 2000.
A pouco e pouco, Paris tentou reconstruir a imagem e aproveitou as aventuras nas festas para fazer disto outra carreira, agora como DJ, uma das mais bem pagas do mundo, tendo chegado a arrecadar um milhão de dólares (845,6 mil euros, no câmbio atual) numa noite. Em 2014, Paris ganhava 2,7 milhões de dólares (2,3 milhões de euros) por quatro noites. Pelo meio gravou discos, fez filmes e toda loucura com os paparazzi começou a esmorecer.
Aos olhares mais atentos não passou despercebido que Paris estava a tentar construir o seu próprio império. Ligada a dezenas de marcas, a empresária já acumulou 300 milhões de dólares (253,7 milhões de euros). E não, não foi com dinheiro dos hotéis do bisavô.
TUDO O QUE TOCA VIRA OURO
Quando o avô de Paris Hilton, Barron, morreu em 2009 deixou apenas 3% da fortuna à família (de oito filhos e 15 netos), os outros 97% foram para a sua fundação, que tem projetos de solidariedade. Há quem acredite que foi tudo uma manobra para fugir aos impostos sobre as heranças. Seja como for, algo despertou um novo objetivo em Paris Hilton, de fazer uma fortuna de mil milhões de dólares. "Aí, vou ser feliz", disse no documentário. Menos de um ano depois destas declarações, a empresária corrigiu-se, mas já lá vamos.
Com o avô, aprendeu a arte de multiplicar o dinheiro. "Desde pequena que o admiro como homem de negócios. Sinto-me tão grata por ter tido um mentor tão incrível. Eu sempre quis deixá-lo orgulhoso. Na última conversa que tivemos, há alguns dias, falei-lhe do impacto que teve na minha vida. O seu espírito, coração e legado viverão em mim", escreveu a empresária no Instagram.
Agora, uma boa parte dos rendimentos de Paris sai de mais de 50 lojas que vendem 19 linhas de produtos internacionalmente. São mais de quatro mil milhões de vendas ao todo, de acordo com o jornal ‘South China Morning Post’.
O documentário, a série na Netflix, as novas entrevista em jornais de negócios e os novos podcasts são tudo parte de uma nova reinvenção, outra, depois de tantos negócios que fez nos últimos 20 anos.
"Agora sinto que as pessoas respeitam-me e admiram-me. Estou muito orgulhosa porque durante tanto tempo fui mal interpretada e subestimada", disse ao ‘Wall Street Journal’.
Já nem Ibiza fazem parte dos seus planos. Este verão, Paris e o noivo, Carter Milliken Reum, passaram as férias sozinhos em Córsega. Os dois planeiam ter gémeos este ano a partir dos óvulos que ela congelou há uns anos. A ideia é escolher uma menina e um menino. À menina quer dar o nome London. Para o rapaz ainda não escolheu o nome.
Desde que disse que queria ganhar mil milhões de dólares as suas "prioridades mudaram". "Penso que disse isto antes porque não estava muito feliz na minha vida pessoal, mas agora sinto o meu coração tão preenchido que o que é mais importante para mim é ter uma família. Os meus negócios estão a correr incrivelmente bem não estou nada preocupada com isso. Importo-me mais em ter bebés do que milhões".