'
THE MAG - THE WEEKLY MAGAZINE BY FLASH!

Perdas de milhões e um boicote global de marcas, personalidades e até das Kardashian. Kanye West em queda livre após discurso de ódio e desta vez não há quem o salve

Tanto provocou que conseguiu. Comentários anti-semitas e racistas foram a gota de água de uma carreira de excessos para o ex-marido de Kim Kardashian ser "cancelado", perder patrocínio de grandes marcas e com elas alguns dos mil milhões de dólares. Mas como chegámos aqui? Para onde caminha, afinal, Kanye, que agora responde pelo nome de Ye, e como pode sobreviver a um mês de queda vertical.
Amarílis Borges
Amarílis Borges
27 de outubro de 2022 às 23:08
kanye west
kanye west
kanye west
kanye west
pub
donald trump, kanye west
Kanye West em liberdade condicional
Kanye West convida Obama para o casamento
pub
pub
Kanye West com Grammys
kanye west
Kim Kardashian no espetáculo de Kanye West, Donda
pub
kanye west
kanye west
kanye west
donald trump, kanye west
Kanye West em liberdade condicional
Kanye West convida Obama para o casamento
Kanye West com Grammys
kanye west
Kim Kardashian no espetáculo de Kanye West, Donda

A imagem de Kanye West a ser escoltado da sede da Skechers, em Los Angeles, talvez fosse difícil de imaginar no mês passado, mas aconteceu na última quarta-feira, 26. O rapper foi expulso do edifício depois de aparecer sem ser convidado, explicaram os executivos num comunicado. 

"A Skechers não está a ponderar nem tem intenção de trabalhar com West. Condenamos os seus recentes comentários e não toleramos anti-semitismo ou qualquer forma de discurso de ódio", disse a nota que está a ser citada na imprensa norte-americana. Kanye West e alguns membros da sua equipa estariam a filmar sem autorização enquanto tiveram "uma breve conversa" com alguns funcionários, daí terem sido expulsos da empresa. 

A carregar o vídeo ...
O novo 'mimo' luxuoso de Kanye West deixou Kim Kardashian em choque

Ye, como Kanye West passou a ser legalmente conhecido depois de alterar o seu nome de batismo, perdeu as plataformas de discurso de ódio, o apoio das Kardashians, os contratos que lhe enchiam os bolsos e a advogada. Para tentar controlar os danos das últimas semanas, o rapper contratou a advogada que salvou Johnny Depp, Camille Vasquez, um acordo que durou... menos de uma semana.

Johnny Depp em tribunal com a advogada Camille Vasquez
Johnny Depp em tribunal com a advogada Camille Vasquez Foto: getty images

"Depois de Ye multiplicar os comentários no fim de semana, Camille deixou-o. A firma de advogados [Bro

wn Rudnick] ainda o queria representar mas com a condição de ele retratar-se, o que não fez - então Kanye demitiu-os", contou uma fonte ao 'The New York Post'. Perder os representantes legais foi só a ponta do iceberg.

wn Rudnick] ainda o queria representar mas com a condição de ele retratar-se, o que não fez - então Kanye demitiu-os", contou uma fonte ao 'The New York Post'. Perder os representantes legais foi só a ponta do iceberg.

O DECLÍNIO DO IMPÉRIO DE KANYE WEST SEMANA APÓS SEMANA 

Não se pode dizer que Kanye West seja uma personagem discreta. Pelo contrário, a sua vida tem sido recheada de histórias e de projetos megalómanos - que incluem a vontade de se candidatar a presidente dos Estados Unidos. Isto para não falar no balado relacionamento com a celebridade televisiva Kim Kardashian.

Entre perdas e ganhos, o rapper conseguiu manter-se sempre no topo, graças ao seu talento. Até agora...

A grande polémica que está a mudar a sua vida e a emagrecer substancialmente a conta bancária começou no início do mês de outubro no desfile da marca Yeezy na semana de moda de Paris, em que Kanye West apresentou as camisolas com a frase "white lives matter" (vidas brancas importam), a mesma frase utilizada por movimentos supremacistas brancos desde 2015 em resposta ao movimento contra o racismo "black lives matter" (vidas negras importam). Não demorou para começarem a circular as críticas às novas criações do designer.

"Estou com um pouco de sono esta noite, mas quando acordar vou ativar 'death con 3' no povo judeu", escreveu, supostamente referindo-se ao termo militar "defcon 3", um dos cinco níveis de ameaça à segurança de um país.

"O mais engraçado é que eu na verdade não posso ser considerado anti-semita porque os negros são judeus. Vocês também brincaram comigo e tentaram jogar a bola em qualquer um que se opôs à sua agenda", afirmou ainda. O tweet foi retirado pela rede social e a conta suspensa. O Instagram também suspendeu a conta do rapper temporariamente, mas voltou a dar acesso na quarta-feira, 26, à noite.

Nos dias seguintes, Kanye começou a sentir no bolso as consequências dos seus comentários de ódio. De acordo com a 'Billboard', as audiências do rapper nas rádios caíram 21,4% nos oito dias a seguir os comentários anti-semitas. Famosos revoltaram-se com as declarações e pediram um boicote aos negócios de Kanye e a 21 de outubro chegou a primeira resposta de uma marca. 

A Balenciaga que tinha acabado de lançar uma nova colaboração com Kanye West, para a coleção de verão 2023, cortou laços com o criador. "A Balenciaga não tem mais nenhuma relação ou planos futuros com este artista", disse o grupo Kering num breve comunicado. O anúncio foi seguido da declaração de Anna Wintour, diretora da Vogue norte-americana, de cortar laços com o músico. 

Um documentário finalizado sobre Kanye West teve o seu lançamento cancelado pela MRC Entertainment, anunciou a produtora a 24 de outubro. "Esta manhã, após uma discussão dos nossos cineastas e parceiros de distribuição, tomamos a decisão de não distribuir o nosso documentário recém-concluído sobre Kanye West", escreveram os diretores da empresa, Modi Wiczyk, Asif Satchu e Scott Tenley, num comunicado. "Não podemos apoiar nenhum conteúdo que amplifique a sua plataforma." 

"Kanye é produtor e 'sampler' de música", continuaram. "Na semana passada, fez um 'sampler' e um 'remix' de uma música clássica que está a tocar há mais de três mil anos: a mentira de que os judeus são maus e conspiram para controlar o mundo para obter lucros", disseram ainda os responsáveis, citados pela 'Billboard'.

Uma das maiores agências de talentos de Hollywood, a CAA, que representava o músico há 10 anos, também o deixou, noticiou a CBS. Não houve declaração da empresa mas as maiores agências concorrentes apressaram-se em pedir publicamente um boicote a Kanye. O diretor executivo da Endeavor, Ari Emanuel, assinou um artigo de opinião do 'Finantial Times' afirmando que "não deve haver tolerância em nenhum lugar ao anti-semitismo de Kanye West". 

O diretor da United Talent, Jeremy Simmer, escreveu uma nota aos funcionários da agência apelando ao apoio ao boicote. "Enquanto empresa, apoiamos a diversidade de vozes e ideias mas não podemos tolerar o discurso de ódio, intolerância e anti-semitismo". 

O golpe final foi da Adidas. A empresa alemã cortou a relação milionária com Kanye West a 25 de outubro. A tensão na parceria com o músico e designer já durava há algumas semanas, desde setembro, depois de Kanye acusar a marca de "roubo" das suas criações. 

Com as declarações anti-semitas de Kanye no Twitter, a marca que foi fundada por membros do partido nazi decidiu colocar um ponto final na parceria de quase 10 anos. "A Adidas não tolera anti-semitismo ou qualquer outro tipo de discurso de ódio", disse a empresa num comunicado. "Os comentários e ações recentes de Ye foram inaceitáveis, odiosos e perigosos, e violam os valores da empresa de diversidade e inclusão, respeito mútuo e justiça." 

No início do mês, o músico afirmou no podcast 'Drink Champs': "Posso dizer m# anti-semita e a Adidas não pode deixar-me". Dias depois, a marca provou que ele estava errado. Chegou ao fim a produção dos produtos Yeezy e um lucro de 246 milhões de dólares (cerca de 245 milhões de euros) para a empresa. As famosas sapatilhas representavam entre 4% e 8% das vendas, disse a 'Forbes'.

Para Kanye, trata-se de uma perda gigante do seu património, que lhe custou o estatuto de multimilionário e mais de 1,5 mil milhões de dólares. 

donald trump, kanye west
donald trump, kanye west Foto: Reuters

A GAP, que já tinha cortado relações com Kanye em setembro, decidiu retirar de vez os produtos Yeezy das prateleiras e encerrar o site de vendas. A Foot Locker fez o mesmo. Os jogadores Aaron Donald e Jaylen Brown cancelaram o acordo que tinham com a agência de marketing Donda Sports. O ex-presidente Donald Trump afirmou que Kanye estava "demasiado maluco" e precisava de "ajuda", noticiou a 'Rolling Stone'. E as perdas do rapper continuaram até ao fecho desta edição da 'The Mag'. 

SEM APOIO DA FAMÍLIA

Enquanto era casada com Kanye West, Kim Kardashian afirmava publicamente e com cuidado que o marido tinha "visões diferentes". Agora a empresária declarou-se finalmente contra as posições do pai dos seus quatro filhos. "Discurso de ódio nunca é aceitável ou desculpável", escreveu nas redes sociais. Recorde-se que a empresária tem assumido cada vez mais posições políticas, primeiro na luta pelo reconhecimento do genocídio arménio, há 107 anos, e depois pelas mudanças no sistema judiciário norte-americano. 

Kanye West e Kim Kardashian
Kanye West e Kim Kardashian

Khloé Kardashian saiu em defesa da irmã e desmentiu o ex-cunhado publicamente quando Kanye tentou desviar a polémica das t-shirts para acusar Kim Kardashian de "sequestrar os filhos" no início do ano. "Ye, amo-te, não quero fazer isso nas redes sociais, mas continuas a trazer isso para aqui. És o pai das minhas sobrinhas e sobrinhos, estou a tentar ser respeitosa, mas por favor, para de atacar a Kimberly e usar a nossa família quando queres desviar. Mais uma vez a narrativa do aniversário. Basta. Todos sabem a verdade e, na minha opinião, todos estão cansados disto", disse numa primeira publicação, mostrando depois apoio à escritora Jessica Seinfeld: "Apoio os meus amigos judeus e o povo judeu".

A ALEGRIA DA EXTREMA DIREITA E QUE RESTA A KANYE WEST

A rede social de extrema direita Parler anunciou este mês a intenção de Kanye West de comprar a plataforma que tem cerca de 16 milhões de usuários até ao final do ano. De acordo com a 'Euronews', não há confirmação sobre os valores da venda.

Recorde-se que esta rede social foi suspensa da lojas da Google e da Apple depois da invasão ao Capitólio, em janeiro de 2021.

A empresa Spotify tem sofrido pressão para retirar as músicas de Kanye da plataforma, mas isso não vai acontecer, garantiu o diretor executivo Daniel Ek, condenando as declarações do rapper. Contudo, naquela plataforma as músicas de Kanye "não violam as políticas" da empresa. "Cabe à sua editora, decidir se quer ou não tomar medidas".

A Apple Music também vai manter o catálogo de Kanye, mas apagou a lista dos seus maiores êxitos. 

Do lado dos apoiantes, grupos neonazis não escondem a satisfação com toda a polémica. Os comentários de Kanye deram impulso a um desses grupos em Los Angeles a fazer uma manifestação em que exibiram faixas de apoio ao músico enquanto faziam a saudação nazi.

O advogado Sam Yebri afirmou ao 'LA Times' que a manifestação foi apenas um dos muitos incidentes anti-semitas naquela cidade nos últimos dias. Moradores encontraram panfletos em casa e nos carros com estereótipos racistas e intolerantes. 

Kanye West entretanto regressou ao Instagram na quarta-feira, 26, e numa das primeiras publicações escreveu a Ari Emanuel, o diretor executivo da agência Endeavor que pediu o boicote. "Ari Emanuel, perdi dois mil milhões de dólares em um dia e ainda estou vivo. Isto é discurso de amor, ainda amo-te, deus ainda ama-te, o dinheiro não é quem eu sou, o povo é quem eu sou".

você vai gostar de...


Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável