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'Tirem o mofo dessas asas'! Anjos voltam à passerelle mas desfile da Victoria's Secret é arrasado pela crítica. Tudo o que está a gerar polémica

Prometia muito, mas redundou num enorme bocejo. Depois de uma ausência de seis anos, os 'anjos' voltaram a desfilar e a marca lingerie atirou com a lenha toda para a fogueira. Alessandra Ambrósio, Adriana Lima, Gigi e Bella Hadid, Irina Shayk, até Kate Moss, estavam todas lá, sabe-se lá quantos milhões em cima da mesma passerelle. Mas o show soou a mais do mesmo e desiludiu os fãs, que deixaram uma mensagem clara através das muitas críticas nas redes sociais: 'truz, truz, está aí alguém? O mundo mudou desde 2018, sabem?'
Rute Lourenço
Rute Lourenço
16 de outubro de 2024 às 20:18
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Nos tempos em que o mundo ainda não tinha mudado, as modelos eram todas magras, a contar calorias, e a inclusão só era debate para associações solidárias, o desfile anual dos chamados 'anjos' da Victoria's Secret era um dos momentos mais aguardados da moda. Porque nenhuma outra marca tinha budget para reunir, numa só passerelle, as manequins mais conceituadas do mundo, e ainda por cima num cenário idílico, em que asas de anjo cheias de plumas e purpurinas ganhavam vida no corpo de algumas das mulheres mais bonitas do planeta, que desfilavam em lingerie.

No dia do show da Victoria's Secret, as redes sociais praticamente vinham abaixo e não se falava de outra coisa, com a marca norte-americana a surfar na onda do próprio sucesso: tudo aquilo refletia-se em vendas que, em 2018, assumiram a proporção histórica de 9 mil milhões de dólares. Uma fortuna que dava para todos e mantinha toda a gente feliz: as modelos, que enchiam os bolsos de dinheiro, as clientes que tinham a lingerie mais desejada e, claro, os patrões, que lá iam duplicando a sua fortuna.

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Gigi Hadid abre o desfile que marca o regresso dos 'Anjos' da Victoria's Secret

Na altura, se alguém lhes dissesse que bom, bom era cederem aos ventos que começavam a mudar, esquecerem o 86-60-86, que os corpos são todos diferentes, e que também não lhes fazia mal abrirem portas a modelos transgénero e que, vá, as manequins também podiam ter cabelos afro, não precisavam de ser todas daquele liso-escorrido, provavelmente, as gargalhadas masculinas que se ouviriam nessa sala de reuniões iriam demover qualquer iniciativa. 

Na altura, o responsável de marketing, Ed Razek, disse mesmo, à laia de sermão, que não iam fazer casting a modelos plus size ou transgénero porque o espetáculo da Victoria's Secret era para ser "belo", "fantasia", como se  uma coisa excluísse a outra.

Na sobranceria da vitória, acharam-se invencíveis, que a marca não capitularia, que os anjos eram para sempre os anjos, mas as vendas mostraram precisamente o contrário. A partir de 2019 iniciaram o seu caminho de queda livre, os espetáculos da marca foram cancelados, e, sem que qualquer caminho fosse preparado nesse sentido, a Victoria's Secret passou a ser, de repente, a marca das modelos plus size, dos corpos mais cheinhos, numa decisão tomada à pressa e que, por isso, soou a falso, não vingou.

E, como uma desgraça nunca vem só, juntaram-se denúncias de condutas duvidosas para com as modelos, em tempos em que o #metoo se tornava implacável. Os anjos penduravam então as asas, os shows acabaram, pouparam-se uns milhões, é certo, mas a marca começou a andar ali à deriva sem que ninguém percebesse qual era o seu conceito e o seu caminho: para mulheres reais, para as mulheres sonharem ou para coisa nenhuma?

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Bella Hadid ao som de Cher no desfile dos 'Anjos' da Victoria's Secret

SEIS ANOS DEPOIS... O REGRESSO

Havia, por isso, uma enorme expectativa em saber como seria, seis anos depois, o regresso dos famosos 'anjos', num desfile que decorreu na última terça-feira em Nova Iorque e foi transmitido pela Prime Video. O investimento era milionário, e tudo foi mantido num enorme secretismo. Que novidades iria apresentar a marca que mostrassem, de alguma forma, qual o caminho que pretendia trilhar, a sua nova cara?

A resposta chegou-nos logo no primeiro momento, quando Gigi Hadid, linda, magra, atlética, pisava a passerelle com as suas asas de anjo rosa bebé, a sensação de, de repente, termos entrado numa máquina do tempo e aterrado em 2018. Ok, poderia ser mais ou menos aquela coisa de manter um fio condutor, contextualizar, e a partir daí entrar num cenário de mudança. 

Gigi Hadid
Gigi Hadid

Só que não. Fora duas modelos transgénero e outras tantas plus size, que às tantas dava a ideia de que só estavam ali para preencher a quota, porque era de bom tom, tudo o resto foi um mergulho no passado, um deja vu, bonito, sim, mas mais do mesmo, às tantas aborrecido. Sem dúvida que estava lá este mundo e o outro que 'interessa' (tirando a nossa Sara Sampaio, que foi carta fora deste baralho de anjos), entre Alessandra Ambrosio, Kate Moss, Irina Shayk, Bella Hadid e por aí fora. Não há dúvida que a marca investiu milhões nisto, mas a questão é que se fechássemos os olhos estávamos a ver o mesmíssimo último desfile, e o antes desse, e o antes, antes desse. E fora a sensação de familiaridade, como quando entramos na casa das nossas avós, nada de bom pode resultar daí.

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Kate Moss faz história ao desfilar aos 50 anos para a Victoria's Secret

Porque se o mundo pula e avança, nós não podemos ficar teimosos, reféns de um conceito que está ultrapassado.

Valentina Sampaio
Valentina Sampaio

As críticas foram ferozes e não se fizeram esperar: que as modelos eram todas magérrimas (à exceção das tais plus size, colocadas ali a martelo), que duas modelos transgénero não chegam para se falar de inclusão, e que nada foi fresco, as modelos eram as mesmas, os conjuntos, mais do mesmo, as mesmas sandálias de salto fino, os mesmíssimos apontamentos musicais, o mesmo show de sensualidade que, às tantas, nos pode deixar um pouco confusos acerca de qual é, afinal, o público-alvo desta marca: serão mesmo mulheres?

"A Victoria's Secret voltou com o show mais aborrecido de sempre", "Tirem o mofo dessas asas" ou "que espetáculo vazio, sem alma", "a marca tem de ir de encontro ao que o público quer. O que foi isto?" foram algumas das muitas críticas que se lerem aqui e ali, onde também era apontado um pormenor que faz todo o sentido.

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Modelo plus-size Ashley Graham divide opiniões no desfile da Victoria's Secret

Se antes havia como que um preparar terreno para este grande dia, uma escalada ascendente promovida pelas modelos, pelo apresentar de novos anjos, rostos jovens que eram recebidos de 'asas abertas' pelos séniores, desta vez parece que todos caímos no espetáculo de pára-quedas: não se falava de nada e de repente os anjos estão de volta, já viram? Pois, o problema é que já vimos, mas foi em 2018...

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Adriana Lima arrasa no desfile dos 'Anjos' da Victoria's Secret

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