
Camilla Parker-Bowles realiza o sonho de uma vida no próximo sábado, dia 6 de maio. Na Abadia de Westminster, em Londres - que estará repleta de convidados vindos dos quatro cantos do mundo - será coroada rainha ao lado do seu grande amor, o rei Carlos III. O homem que foi casado com Diana Spencer, mas que trocou a mulher para ficar com ela, Camilla. Ela, que nunca teve a beleza da malograda princesa. Ela, que nunca teve o carisma da sua eterna rival. Ela, que nunca conseguiu ter sequer metade da empatia e encanto de Lady Di. Ela, que está longe de alcançar o fascínio e o magnetismo da saudosa 'Princesa do Povo'. O dia da coroação é a sua grande vingança: é ela, Camilla, que estará no lugar que estava destinado a Diana.
A mulher que foi amante de Carlos por 30 anos e que praticamente foi proscrita vê o seu sonho tornar-se realidade na cerimónia da coroação de Carlos de Inglaterra. Mas será que com esta subida ao trono, vai finalmente conseguir eclipsar a memória de malograda princesa de Gales? Conseguirá desvanecer para sempre aquela que foi um ícone a nível planetário? Há muitas dúvidas de que alguma vez Camilla alcance o seu maior desejo. Dizem os especialistas que a rainha vai até experimentar um sabor muito amargo no dia 6 de maio: sentirá, mais do que nunca, a presença de Lady Di na Abadia de Westminster, pois poucos serão aqueles que não recordarão Diana naquele dia tão importante para a monarquia de Inglaterra. William e Harry, os dois filhos de Carlos e de Diana, serão os que mais vão ter a mãe no pensamento e no coração.
A ABADIA DE WESTMINSTER, LUGAR DE BOAS E MÁS MEMÓRIAS
No sábado, quando Carlos III avançar solenemente para trono do rei Eduardo [King Edward's Chair, também conhecida como Coronation Chair (cadeira da Coroação)], para receber a unção com o Santo Crisma, o cetro real, o orbe e a capa antes de ser coroado com a coroa de São Eduardo, em quem pensará o monarca? É quase garantido que se lembrará da sua mãe, a rainha Isabel II que faleceu em setembro do ano passado e a quem ele chamou publicamente de "minha querida mamã". Embora a sua relação com o pai não fosse muito próxima, o rei também recordará aquele que sempre duvidou que ele chegasse ao trono, pois Philip de Edimburgo considerava o filho mais velho demasiado fraco para o lugar. É impossível que também não reviva o dia em que viu a sua mãe - ainda muito jovem - a ser coroada naquela mesma abadia. Ele era ainda uma criança muito tímida que procurou conforto na mão da sua avó, a 'rainha mãe'.
E por fim, é muito provável que recorde também Diana, a mãe dos seus dois filhos. Pois foi ali, naquele mesmo local em que será coroado, que ele assistiu ao sofrimento de William e Harry, de apenas 15 e 12 anos respetivamente, no dia do funeral da princesa. Foi ali, entre aquelas paredes que ecoram os acordes do piano de Elton John para se ouvir 'Candle in the Wind'. E foi também ali, na Abadia de Westminster, que Carlos sentiu muitos olhares reprovadores que o culpavam pelo drama da morte de Lady Di. Mas há mais! Será que o monarca também já esqueceu as duras palavras que saíram na boca da ex-mulher quando esta, em entrevista ao programa 'Panorama' perante o polémico jornalista Martin Bashir, transmitido pela BBC, questionou as capacidades do então marido?
O OLHAR REPROVADOR DO PRÍNCIPE HARRY
"Ser príncipe de Gales oferece mais liberdade, enquanto ser rei é um pouco mais sufocante", opinou Lady Diana, antes de acrescentar: "E porque conheço o personagem, acho que o cargo supremo, como eu lhe chamo, iria impor limites enormes a Carlos, e não sei se ele conseguiria adaptar-se a isso". Isabel II ficou verdadeiramente fora de si com as palavras da nora e o príncipe de Gales sentiu-se profundamente humilhado. Esta foi a entrevista que precipitou o divórcio. Carlos nunca mais esqueceu e perdoou o que a mãe dos filhos disse sobre si na televisão nacional. Voltou a sentir o mesmo tipo de humilhação mais recentemente através de Harry.
Mesmo tendo castigado o filho mais novo colocando-o na 10ª fila na Abadia de Westminster durante a cerimónia da coroação, Carlos sabe que o terá a olhar para si de forma reprovadora. Especialmente por ter Camilla a seu lado e retirando-lhe o título de rainha consorte. Depois de 6 de maio será rainha. O monarca sentirá os olhos do filho em si. Ele que é tão intempestivo e emocional como Diana era. Ele que fez várias acusações à família e ao pai em particular. Sim, ter Harry naquele dia na cerimónia é como ter também um pouco da 'princesa do Povo' naquela abadia.
A ETERNA RIVALIDADE ENTRE CAMILLA E DIANA
Mas é Camilla que mais sofrerá com a memória presente da eterna rival, pois em todas as comparações que se farão naquele dia, a mulher de Carlos III sairá sempre a perder. Nem mesmo o facto da antiga duquesa da Cornualha ter contratado Bruce Oldfield, o estilista favorito de Lady Di, vai ajudá-la nesta tarefa de se sobrepôr à imagem da princesa falecida em 1997. Ela sabe que estará na mira de todas as atenções e que os comentadores e jornalistas que estiverem a acompanhar a cerimónia através da televisão, não vão deixar de falar na antiga princesa de Gales. Conta também com a forte possibilidade que se façam homenagens, mesmo que de forma indireta ou mais singelas, a Diana.
Uma cor, uma música, uma joia, uma lágrima, um gesto... tudo poderá ser motivo para recordar Diana e para a fazer presente na cerimónia. E é isso que os britânicos pedem: "Espero que em algum momento durante o longo fim-de-semana da coroação (...) o rei recém-coroado dê um aceno generoso à sua falecida ex-mulher", disse Angela Epstein, do 'Daily Express'. Mas esse dito "aceno" já pode ter sido dado por Carlos ao permitir que uma fotografia a preto e branco de Lady Di, às gargalhadas com os seus dois filhos, tirada por John Swannell em 1994, tenha sido incluída no álbum de homenagem à coroação oferecido pela National Portrait Gallery.