
As redes sociais tornaram-se um verdadeiro campo de batalha no que diz respeito a negócio. As marcas pagam cada vez valores mais altos para estarem no Instagram de pessoas influentes no mundo digital. Circulam milhões de euros naquele que é agora um dos negócios mais renatáveis do século XXI: ser influencer.
Mas afinal o que realmente interessa às marcas? O que as faz optar por uma ou outra celebridade? Que público querem atingir? A popularidade de determinada pessoa é sinónimo de rentabilidade? Porque será que uma Margarida Corceiro tem mais impacto do que uma Cristina Ferreira quando a atriz tem cerca e 1 milhão e 100 mil seguidores e a diretora de Entretenimento e Ficção da TVI soma mais de 1 milhão e meio e já foi considerada uma das mulheres mais influentes de Portugal? Terão as marcas a avaliar erradamente os seus clientes?
A FLASH! falou com um especialista em marketing digital e redes socais que explica ponto por ponto o que pode ser um casamento perfeito entre as marcas e os influencers.
AFINAL O QUE É MAIS IMPORTANTE: O NÚMERO DE SEGUIDORES OU DE INTERAÇÕES COM O PÚBLICO?
"As marcas compram erradamente os influenciadores pelos números de seguidores. É possível verificar que há muitas contas pequeninas com dez vezes mais interações do que a Cristina Ferreira, por exemplo. No final, o número de seguidores que é usada como argumento de compra, não quer dizer nada porque esses seguidores não estão a ver conteúdo", começa por explicar o especialista.
Troquemos isto por miúdos: "Posso ter uma conta de Instagram com 1 milhão de pessoas a seguir-me mas é vista e apenas 10 mil, 20 mil ou 30 mil pessoas que interagem comigo. E temos influenciadores com 100 mil seguidores, com contas mais pequeninas, que por ter uma relação mais real, mais verdadeira, mais transparente, mais sem filtros, têm outra audiência. Têm uma conta mais mexida e chegam a mais pessoas."
Ou seja, o segredo está na identidade! O público fideliza-se mais a quem normaliza a sua utilização das redes sociais - a quem se mostra sem maquilhagem, mostra as rotinas diárias, partilha problemas do quotidiano e é no fundo uma pessoa "real" -, do que em quem se dedica a ser uma "montra" de marcas e aceita estar ligada a qualquer identidade, fazendo ora publicidade a uma... ora a outra.
"O mais importante não é o numero de seguidores, é a relação que estabelece com os eles e a confiança. Se não quebrar essa confiança, funciona. Se tiver uma conta que é um catálogo publicitário, que tem publicidade em todos os posts do início ao fim, as marcas olham para elas como olham para um cartaz publicitário. Vale pela visibilidade e não se converte em vendas. Ou seja, está lá para saber que a marca existe mas não vai gerar vendas."
CRISTINA FERREIRA FICA PARA TRÁS NESTA CORRIDA
E aqui chegamos à discussão da semana! Cristina Ferreira reivindicou as notícias de que o seu negócio havia decrescido no que diz respeito às redes sociais por ser considerada a quarta personalidade mais influente no que diz respeito ao número de interações diárias (cerca de 104 mil e 143), mas depois estar em 64º na tabela das celebridades que mais interações conseguem por publicação (cerca de 27 ml 847).
Mas, segundo o mesmo especialista, estes números podem realmente ter um impacto negativo na área comercial das redes sociais da apresentadora. "A publicação é a unidade de compra das marcas. Quando há um acordo entre um influenciador e uma marca normalmente este é geralmente pago por post, o que faz com isso seja o que realmente importa."
Sendo esta a medida que se impõe, Cristina Ferreira está longe do pódio."Neste momento há três contas que batem todos os recordes de interações: Margarida Corceiro (127 mil e 866), Angie Costa (92 mil e 246) e Helena Coelho (71 mil e 586). Batem dez 'Cristinas Ferreiras'. Qual é o problema? Estamos a falar de influência e não de visibilidade ou popularidade e as marcas confundem. As últimas duas são hiper populares mas será que vão vender?"
Esta é a diferença entre as influencers que conseguem efetivamente vender produtos e as que, mesmo fazendo publicidade, não conseguem chegar ao público de forma a fazer com que o consumidor invista na marca.
Mas o "problema" de Cristina Ferreira pode vir de trás. Segundo o nosso especialista, existiu desde sempre a dificuldade de fazer a ponte entre os produtos apresentados nas redes sociais da apresentadora e o seu público-alvo. Ou seja, a falta de identificação. "No início, quando a Cristina lançou o blog era muito do género: 'Estou em Cannes, com um colar de não sei quantos mil euros, uns sapatos da Dior e um vestido XPTO e os comentários em baixo eram sempre: 'Gostei muito de ver a Cristina com o Goucha hoje de manhã', "Gostei muito de ver a Tininha"… Não havia uma ligação entre o conteúdo publicado e as respostas das pessoas. Era fácil perceber um desfasamento entre narrativa e audiência. A audiência estava lá e gostava dela mas aquilo que ela estava a dizer, o nível de vida não dizia nada às pessoas que a seguiam."