Corinna zu Sayn-Wittgenstein. Este foi um nome que começou a surgir há muitos anos em algumas revistas e jornais. Sempre associada ao rei Juan Carlos de Espanha. A bonita e elegante princesa alemã não passava despercebida às câmaras dos fotógrafos que acompanhavam o então monarca espanhol e, nos bastidores, começou-se a perceber que o casal estava sempre junto, independentemente do evento e até do país onde ocorresse. Era ela que estava com o rei numa caçada de elefantes no Botsuana, em 2012. Com a convicção de que tudo podia, o pai de Felipe VI não escondia a amante de ninguém. Surgia a seu lado aos olhos de todos, humilhando publicamente Sofia, a legítima mulher e mãe dos seus três filhos. Esta atitude era escudada no acordo tácito que imperava há décadas entre a coroa e a imprensa espanhola: os jornalistas não revelavam segredos dos Borbón por mais "cabeludos" que estes fossem. E foi desta forma que Juan Carlos conseguiu manter uma imagem perfeita aos olhos da opinião pública. Corriam rumores, mas como não existiam certezas, os espanhóis tinham do seu rei a ideia de um homem respeitado e respeitável.
A queda de um ídolo e herói nacional começa precisamente após essa tão polémica caçada. É aí que se fala pela primeira vez na alemã e que os media começam, pouco a pouco, a não respeitar esse acordo que tanto jeito deu a Juan Carlos ao longo dos tempos. Essa caçada marca uma viragem e por mais poder que o rei tivesse junto de quem dirigia jornais e revistas, não era mais possível continuar a acobertar situações pouco recomendáveis da família real. Esta mudança ocorrida na imprensa espanhola é, diga-se, muito motivada pelo interesse que a imprensa internacional começa a manifestar pelo monarca espanhol. Não podiam continuar a enterrar a cabeça na areia como a avestruz. Assumida essa consciência, abriu-se uma verdadeira caixa de Pandora e a imagem de Juan Carlos começa a ruir como um castelo de cartas. E é nessa mesma altura, em que cai em desgraça, que Corinna (agora Larsen, pelo divórcio) deixa de ser a amante apaixonada e mostra as suas garras. Percebendo que nunca tomaria o lugar de Sofia e que o rei - que entretanto havia abdicado a favor de Felipe - nada mais lhe tinha para dar, para além de um papel secundário, a alemã põe em curso um plano de vingança que não se detém perante nada nem ninguém. Irá até às últimas consequências, pois é isso que ainda mantém na ribalta do mediatismo e a fazer engrossar sua conta bancária.
UMA MULHER AMBICIOSA DE GOSTOS CAROS Quem é então a princesa alemã? É uma mulher bonita, elegante e refinada, domina cinco idiomas, desloca-se de jato privado, veste alta-costura, assiste aos desfiles e apaixonada por joias. Quem não se lembra de ver fotografias de Corinna nas mais elististas receções em que conjunga as joias com a cor dos seus olhos? Será por isso que as esmeraldas são as suas pedras favoritas. A beleza, o casamento com um nobre alemão e, sobretudo, a sua ambição abriram-lhe as portas para um meio onde circulam pessoas com muito dinheiro, uma elite. Aí chegada, abre uma empresa de organização de eventos de caça, em Londres. E é assim que entra na vida de Juan Carlos e de muitas outras grandes fortunas mundiais. Através da sua 'Boss & Co. Sporting Agency', a alemã descobre uma propriedade em Sierra Morena, Espanha, onde organiza uma caçada destinada às elites. Juan Carlos, amante da caça, marca presença, e ela não o larga mais. Não se importa com o facto dele ser casado e ela também. O monarca, que não resistia a uma mulher bonita, não resistiu a Corinna e ao contrário do que julgou não foi ele que conquistou, mas sim o que foi conquistado. Afinal, a presa daquela caçada de 2004 foi ele.
O início deste romance ficou marcado pela distância, mas a alemã soube alimentar a paixão do homem que tinha (e tem) mais 26 anos do que ela. Falavam regularmente por telefone e foi-se insinuando a Juan Carlos, um homem vaidoso que acreditava ser um verdadeiro galã. O primeiro encontro foi em fevereiro, na tal caçada, e só se voltaram a encontrar frente a frente meses mais tarde. "O primeiro encontro foi no início do verão. Ríamos muito. Ligamo-nos imediatamente em muitas coisas e tínhamos muitos interesses em comum: política, história, boa comida, vinhos…", contou Corinna nas das suas inúmeras entrevistas, esta à BBC. Nessa mesma conversa com a estação pública britânica, a alemã disse ainda que se preocupou com o facto do rei ser casado. Garante que pensou na rainha Sofia. "Ele disse que tinham um arranjo para representar a Coroa, mas que viviam vidas completamente diferentes e separadas. E o rei havia saído de uma relação de quase 20 anos com outra senhora que tinha um lugar muito especial no seu coração e na sua vida."
A HISTÓRIA DE UMA PAIXÃO QUE ACABOU MAL
A HISTÓRIA DE UMA PAIXÃO QUE ACABOU MAL
Foi um relacionamento muito intenso. Embora não passando de amante (mais uma de tantas que Juan Carlos teve ao longo do seu casamento), Corinna Larsen como que assumiu o papel de legítima. Acompanhava o rei para todo o lado e até foi ela que esteve a seu lado na clínica quando foi operado à anca. Sofia esteve numa sala à parte e nem sequer entrou no quarto onde estava o marido, apenas para enganar os jornalistas. Uma revelação feita por Pilar Eyre à FLASH!. Também viajaram as duas no mesmo avião numa visita oficial. E tudo isto a atual rainha emérita "engoliu". Enquanto isso, o pai de Felipe VI ia prometendo este mundo e o outro à amante. Terá chegado até a dar-lhe a esperança que se divorciaria e que faria dela a "sua" rainha. Era este o sonho daquela que foi princesa, mas sem qualquer mediatismo. A coroa espanhola era uma ambição que esteve praticamente ao seu alcance, mas que de repente lhe escapou das mãos. E isso ela não perdoou ao homem que dizia amá-la. Quando o romance chega ao fim, ela é uma peça fundamental para derrubar Juan Carlos que já estava caído em desgraça.
Pode-se dizer que sem as declarações, acusações e revelações de Corinna Larsen, Juan Carlos não teria atravessado tantas tormentas e tempos tão carregados de sombras. Foi ela que fez com que não fosse possível "limpar" este tão grande escândalo que manchou a monarquia e a Espanha. É muito possível que sem a sede de vingança da alemã, Juan Carlos apenas saísse "chamuscado" desta tão embaraçosa situação que acabou por levá-lo ao exílio. A deixar a sua tão amada pátria e que o obriga a manter-se longe da família e dos amigos. Da vida que sempre teve. Mas Corinna ainda não está satisfeita. Agora, tem um podcast a que deu o nome de 'Corinna and the King'. Com medo que a sua história (ou especialmente o seu nome) caiam no esquecimento, a alemã propõe-se contar - a troco de muito dinheiro - novos novelos deste 'affair' amoroso que empurrou a monarquia espanhola para a lama. Vai falar de ganância, de corrupção, de dinheiro escondido e adquirido de forma menos lícita. É assim que este podcast é anunciado.
O TEMIDO PODCAST
No 'trailer' de quase dois minutos, diz Corinna Larsen: "Ele conseguia dar a sensação de que era a única pessoa que estava numa sala cheia de pessoas". Faz revelações sobre o inicio do romance: "Ligava-me mais de 10 vezes por dia e envia-me centenas de cartas". Ter-se-à apercebido porco tempo depois que Juan Carlos "não levava apenas uma vida dupla, mas sim quintupla". Ainda assim o amor durou muitos anos, mas acabou com acusações arrasadoras no High Court [tribunal], de Londres, cidade onde fixou residência esta alemã que tem um estilo de vida muito caro de sustentar. Diz ainda sobre o ex-amante: "Existem milhares de exemplos de homens que não aceitam que a ex-parceira não queira continuar com eles. O inusitado aqui é que o autor deste crime seja o ex-chefe de Estado". E continua: "Há algo muito imprevisível, além de não ter escrúpulos". A razão para continuar a manter viva esta história é, diz Corinna, a forma de se manter viva, pois teme pela sua vida. Diz que chegou a ser ameaçada: "Acordo de manhã cedo e alguém está de pé sobre a minha cama no meu quarto de hotel", diz a mulher de origens dinamarquesas e alemãs: "Se não seguires as instruções, poderás morrer num túnel como a princesa Diana."
"O ódio que alguém tem por ti só pode ser simétrico ao amor e à paixão", considera Corinna. Estão previstos oito episódios deste polémico podcast, que serão emitidos semanalmente e que coincide com um recurso de Juan Carlos num julgamento que foi interposto pela sua ex-amante. A defesa do rei emérito advoga que como membro da família real espanhola, Juan Carlos não pode ser julgado na Grã-Bretanha. Recorde-se que Corinna Larsen entrou com uma queixa no Tribunal Superior de Londres alegando que foi assediada e alvo de espionagem a mando de Juan Carlos. A ver vamos como ficará toda esta história que parece estar longe do fim. Pelo menos enquanto houver muito dinheiro em jogo.
