
Há 49 anos que a família real de Espanha reserva uns dias em agosto para se instalar no Palácio Marivent, em Palma de Maiorca, e usufruir de uns dias de férias. A rainha emérita não abdica desta tradição e faz de tudo para que se mantenha. Mas os últimos anos, apesar de nunca ter deixado de lá ter passado as férias, foram de grande tristeza para a rainha de origens gregas. Assistiu ao desmoronar da sua família. O casamento de fachada que a ligava a Juan Carlos foi publicamente desmascarado. Os seus oito netos deixaram de conviver entre si. Os três filhos afastaram-se e houve tempos que mal se falaram. Nunca mais conseguiu reunir a sua família no Palácio de Marivent. Vinham – quando vinham - em alturas diferentes para não se cruzarem. Ainda tentou juntar os netos, mas Letizia mostrava-se sempre desagradada quando as suas filhas, a princesa Leonor e a infanta Sofia, conviviam com os primos, os quatro filhos da infanta Cristina e os dois da infanta Elena. Ela, que já não suporta Palma de Maiorca, ainda suportava menos estes ajuntamentos familiares promovidos pela sogra.
Mas a rainha emérita aguentou-se! Suportou os "mais fígados" de Letizia durante os tempos em que esta era "obrigada" a permanecer em Maiorca. Suportou assistir ao afastamento dos filhos e dos netos. Apoiou-se na irmã, a princesa Irene, que foi a sua companhia na ausência da sua família mais direta, e começou a delinear um plano na sua cabeça. Acreditou que os seus oito netos voltariam a juntar-se nas férias. Que iria conseguir fazer com que Felipe, Cristina e Elena voltassem a falar. E que a nora iria ter de aceitar esta reconciliação. E parece que é isto que está a acontecer este ano. Antes dos reis chegarem à ilha, já lá estavam doña Sofia e as suas duas filhas, as infantas Elena e Cristina, que vive o seu primeiro verão na condição de mulher separada após o escândalo da traição de Iñaki Urgandarín.Assim, o convívio familiar tornou-se quase inevitável, mesmo que nos primeiros dias tenham imperado algum desconforto.
AFASTAMENTO DE IRMÃOS
Ninguém nos disse nem nós lá estávamos para o testemunhar, mas isso é imperativo. Depois de uma zanga, de mágoas por resolver e de um afastamento é evidente que levará algum tempo para que este desconforto inicial desapareça. Há que dar tempo para que o amor – que sempre existiu entre os três irmãos – fale mais alto. Como acabou por falar, sem que Letizia pudesse fazer alguma coisa para o impedir. Embora haja a certeza de que o rei nunca deixou de falar completamente com as irmãs, é quase certo que a relação entre eles há muito que deixou de ser tão chegada como no passado. Houve um inegável afastamento. E estas férias em Maiorca estão a servir para reverter este distanciamento. Contudo, não se pense que a situação já está completamente sanada e que doravante a família real vai voltar a mostrar-se unida e inseparável. Não será assim, garantidamente. Este foi apenas o primeiro passo para a reconciliação sonhada pela rainha emérita. Uma aproximação que, ainda assim, não resultará numa fotografia oficial da família alargada. Desde 2014 que a imagem que é concedida pelos reis à imprensa passou a ser apenas de Felipe, Letizia e das filhas, Leonor e Sofia. Acabaram as tradicionais fotografias da família alargada. Daquelas em que até as roupas eram escolhidas a combinar. Quando os filhos de Juan Carlos e Sofia eram pequenos os looks do dia da fotografia oficial eram em pandã.
Mas com ou sem fotografia conjunta e ainda que a família não se deixe ver junta pelas ruas de Palma – pelo menos até ao momento e o que não deixa de ser estranho – que ninguém duvide que a rainha emérita organizou serões em que toda a família se juntou à mesa. É também garantido que o pequeno-almoço foi tomado em conjunto e que em todas estas alturas as conversas fluiram entre todos. Até Letizia participou. Poderá ter sido a contragosto, mas que participou, participou.
RECONCILIAÇÃO ESCONDIDA
Agora que Cristina e Elena e os filhos já deixaram Palma de Maiorca, levanta-se uma grande questão. Quando é que os Borbón vão assumir que os irmãos estão mais próximos? Quando darão sinais públicos de reconciliação? Estará a ser analisado qual será a melhor opção política: continuar a dar a imagem de que os reis se mantêm afastados de qualquer "contaminação" externa ou aos poucos mostrar que os laços familiares estão a ser restabelecidos. Qual será o melhor para a monarquia? E isto que preocupa Felipe e ele não hesitará em sujeitar-se ao que for o mais vantajoso para a coroa. Mesmo que tenha que esconder dos olhares públicos a reaproximação à sua família.
Não deixa de ser curioso que estas férias em Marivent acabem por ser um teste à reação popular. Como reagirão os súbditos ao ver os Borbón, à exceção de Juan Carlos, novamente juntos e a cumprir uma tradição familiar? A rainha emérita está convencida de que a reação do povo será a melhor. Acredita que esta reunião do rei e das irmãs e sobrinhos é algo que será aplaudida pelos espanhóis que ainda têm na família um dos pilares mais fortes. Certamente que apreciarão perceber que a família sobre ultrapassar os problemas que tinham entre si e que resolveram rancores do passado. Apesar do "sangue azul" mostrarão que são pessoas iguais a todas as outras e que o amor acaba por ser mais forte que as dificuldades e as desavenças. É evidente que Letizia e as filhas terão que participar nesta reconciliação. Terá de haver cedências de parte a parte, mas a rainha não poderá ficar afastada deste plano de doña Sofia.
A RAZÃO DAS ZANGAS
Já muito se falou do distanciamento que ocorreu entre Felipe, Cristina e Elena. As razões estão à vista de todos e Letizia terá tido um papel preponderante para que o marido "cortasse" relações com as irmãs, especialmente com Cristina após o marido desta, Iñaki Urgandarín, ter sido condenado num processo de corrupção que manchou o nome da família real e a monarquia por arrasto. Já o distanciamento para com a infanta Elena ocorreu quando esta se manifestou incondicionalmente ao lado do pai quando ele também foi implicado em diversos escândalos de corrupção, fraude e lavagem de dinheiro. A infanta não concordou que exílio forçado do pai. Culpou o irmão e afastou-se da Zarzuela. Ainda assim, a relação dos dois nunca ficou tão melindrada como a de Felipe e Cristina. Logo eles que no passado chegaram a ser tão próximos. Convém recordar que foi a infanta que esteve ao lado do irmão quando este se apaixonou por Letizia. Acobertou o romance e influenciou os pais para que aceitassem a jornalista. Mas como dissemos, o amor de irmãos tem falado mais alto, especialmente agora que a infanta Cristina se está a divorciar do homem que tanto mal fez à imagem da coroa espanhola.