'
FLASH!
Verão 2025
Compre aqui em Epaper
WEEKEND - Um livro por semana

Entenda o fenómeno Freida McFadden, a doutora que vende milhões de livros e pôs meio mundo com 'A Criada' debaixo do braço

Tem 11 livros publicados em Portugal, quase todos bestsellers, e já destronou autores consagrados no top de vendas com os seus thrillers psicológicos. Depois do sucesso de 'A Criada', quase todos os meses há um novo livro de Freida a chegar às livrarias. Com tudo isto, a norte-americana assinou um contrato dourado e tornou-se numa celebridade, aos 44 anos, ainda que descarte o rótulo. A autora não se encontra com fãs, foge de convenções literárias e usa um pseudónimo para garantir que os pacientes das suas consultas - que dá cada vez menos, é um facto - se sintam resguardados.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
12 de fevereiro de 2025 às 21:55
Freida McFadden
Freida McFadden

Certamente já ouviu falar do sucesso da 'Criada', cruzou-se com alguém com este livro aberto no comboio ou viu um amigo a pôr a capa de um olho a espreitar pelo buraco da fechadura nas stories do Instagram. Mesmo para quem não segue atentamente as novidades do meio literário, é difícil que o burburinho lhe tenha passado ao lado.

Freida McFadden, uma médica norte-americana, que trata distúrbios mentais, é a grande responsável pelo fenómeno. Começou a escrever há mais de dez anos, mas na altura em que lançou o seu livro de estreia, 'O Diabo Veste Bata', contava o tempo livre entre a exigente carreira nos hospitais e dois filhos pequenos, que requeriam ainda muita atenção. Foi preciso esperar um par de anos para que se criassem as condições perfeitas para que se pudesse dedicar com mais calma àquela que sempre foi a sua grande paixão: a escrita para ficção e, nomeadamente, os thrillers psicológicos. E acertou em cheio. Os seus livros vendem como pãezinhos quentes, alavancados no sucesso do primeiro grande bestseller: 'A Criada', que conta a história de uma jovem acabada de sair da cadeia, que consegue finalmente ser aceite num trabalho, em casa de uma família abastada. 

Só que, na verdade, este vai revelar-se um emprego bastante diferente do idílio que Millie imaginou. Os famosos plot twists surpreendentes são uma das imagens de marca de Freida, que face ao sucesso da 'Criada', continuou a sequela da história com mais dois livros da saga, editados em Portugal pela 'Alma dos Livros'.

Paralelamente, há sempre histórias novas da autora, de 44 anos, a chegar ao mercado, como se não houvesse limites para a sua criatividade ou para o seu arquivo que ainda não viu a luz do dia. Em Portugal já estão publicados 11 livros (mas ela já tem 23 cá fora) e, apesar de um dos últimos, 'Ala D', ter sido lançado há muito pouco tempo, há já um novo a chegar às livrarias, 'O Acidente'.

Freida McFadden
Freida McFadden

Todo este frenesim de escrita traduziu-se num sucesso que nem a própria Freida, de 44 anos, algum dia imaginou. Nos Estados Unidos, entrou para o top dos autores mais vendidos, destronando nomes como James Patterson ou John Grisham. As mais de seis milhões de cópias vendidas levaram-na a assinar um contrato de ouro com a Poisoned Pen Press, que se dedica agora a publicar não só as suas histórias novas como as antigas, com o nome de Freida McFadden a estar constantemente nas estantes, não havendo tempos mortos para que os fãs se possam esquecer dela, ou trocá-la por outra novidade.

Amada por muitos, detestada por outros tantos - que consideram que as histórias de Freida são, por vezes, alavancadas em personagens superficiais e narrativas com pouca força - certo é que a autora conseguiu trazer muitos para o lado da leitura, numa altura em que continua a ser difícil agarrar novos leitores, tornando-se também numa das autoras mais adoradas do Tik Tok.

Apesar do sucesso retumbante e do interesse mediático em torno da sua vida, a verdade é que Freida é avessa a exposição mediática e tem em McFadden um pseudónimo, precisamente para preservar esta esfera da sua intimidade e blindar o seu mundo mais privado. É que, além de enchentes, multidões e atenção mediática a deixarem atordoada, ela continua a ser uma médica no ativo e preocupa-a a forma como os seus pacientes se possam sentir, de alguma forma, expostos ou desconfortáveis, se reconhecerem nela a escritora bestseller. Por isso, a ideia é manter cada coisa no seu sítio e que dentro do consultório ela continue a ser apenas a doutora em quem os doentes confiam.

A MENINA QUE CRESCEU ENTRE A MATEMÁTICA E OS LIVROS

Filha de médicos, Freida cresceu em Manhattan, entre o fascínio pela matemática, e os (muitos) livros que os pais lhe faziam constantemente chegar às mãos. Lia muito e cedo começou a escrever, sendo que já na vida profissional, tinha um blog onde relatava o outro lado da sua vida de médica, e o que acontecia nos corredores de hospital, sempre com a preocupação de preservar a intimidade dos seus pacientes.

Escrever tornou-se, então, numa necessidade, e todos os momentos livres caminhavam para aí. Escreveu muito, propôs livros a editoras, engavetou outros tantos e, curiosamente, aquele que é hoje um dos seus maiores êxitos, esteve quase para não ver a luz do dia porque, a dada altura, Freida achou que não havia espaço no mercado para a história de Millie, 'A Criada', que considerava ser um pouco obscura. O livro acabou por ser resgatado, anos mais tarde, diretamente para o top e levendo-a a vender milhões de cópias.

Freida McFadden
Freida McFadden

O estrondoso sucesso levou a que Freida passasse a inverter os papéis e a fazer da escrita a sua carreira principal, enquanto a medicina é hoje quase como um hobbie. Neste momento, não atende mais do que duas vezes por semana, fazendo essencialmente seguimento de pacientes que já tinha e abrindo uma ou outra exceção quando acha que se justifique.

Assoberbada com o seu próprio êxito, admite que estar exposta nem sempre é fácil, sobretudo porque quem está no topo suscita, muitas vezes, amor na mesma medida do ódio, e aprender a desvalorizar as críticas tem sido um processo. No entanto, deixa um recado a todos os que lhe apontam o dedo com base nas considerações de que os livros de Freida são previsíveis e superficiais. "Não estou a tentar escrever o 'Guerra e Paz'. Só quero entreter." E com isto disse tudo. Fim de conversa!

Saber mais sobre

você vai gostar de...


Subscrever Subscreva a newsletter e receba diariamente todas as noticias de forma confortável