
A Zara pode agora ocupar vários quarteirões no Rossio e fazer sombra àqueles que, em tempos, eram os chamados 'donos do largo', mas não os derruba. A nova Lisboa é mesmo assim: os edifícios modernos, renovados, andam de braço dado com os tradicionais que mantêm orgulhosamente na luta pela subsistência.
Um desses exemplos é a Pérola do Rossio. A clássica loja, famosa pelos seus chás e cafés, fundada em 1923, tinha fechado em 2021, a propósito das obras no edifício onde funcionava antigamente a Pastelaria Suíça, mas está agora de volta pronta para mostrar aos turistas que nem só de 'franchisings' se faz esta zona nobre da cidade.
A Pérola reabriu com cara lavada, sim, mas preserva as suas tradições que ainda são o que era, como o café moído na hora, que dá à loja aquele cheirinho tão característica e a oferta de produtos únicos e de qualidade. Os conselhos, esses, continuam a ser dados por quem mais sabe do assunto: o sr. António, que não arreda pé do balcão.
Um regresso feliz para a baixa, onde os velhinhos negócios fazem finca pé para se manterem no ativo, resistirem à escalada vertiginosa das rendas, em nome da história, daquilo que é característico e de um amor a esta Lisboa que encanta cada vez mais multidões.