
Os dados têm demonstrado no mundo todo que as crianças estão a ser poupadas pelo coronavírus. Em Portugal, de um total de 3544 pessoas infectadas até ao dia 26 de março, havia 43 crianças dos 0 aos 9 anos com covid-19 (14 rapazes e 29 raparigas) e nenhuma óbito nesta faixa etária, o que representa 1,2% dos infectados.
Também no resto do mundo os valores são semelhantes. Um estudo divulgado há duas semanas pela 'News Cientist' revela que apenas 1% de um grupo de 44.672 infectados tinham menos de 10 anos de idade.
As estatísticas parecem descansar os pais, mas é aí que mora o perigo. As crianças podem ser infectadas e podem contaminar objetos e outras pessoas em silêncio exatamente por terem na maior parte dos casos sintomas leves ou mesmo nenhum sintoma da doença. Podem estar assitomáticos.
"Isto não é como uma gripe", diz Akiko Iwasaki da Universidade de Yale. Com uma gripe, as crianças e os idosos são os grupos de maior risco, então porquê este coronavírus é diferente? Ainda não há conclusões sobre este facto. Uma teoria diz que por não terem tido contato com outros coronavírus, o sistema imunológico combate este novo vírus sem criar estratégias que acabam por ser prejudiciais aos pulmões; Nos adultos, os anticorpos criados para combater outros coronavírus poderão criar uma resposta destrutiva ao próprio corpo.
Existe uma hipótese de que alguns anticorpos podem na verdade deixar os adultos piores, porque não são compatíveis com o novo coronavírus. "Às vezes anticorpos que não combinam podem fazer mais mal do que bem", explica Wendy Barclay do Colégio Imperial de Londres.
O que se sabe em concreto é que as crianças muitas vezes nem têm sintomas do coronavírus mas podem ser focos de infeção. "Há um perigo em ser complacente porque as crianças não são doentes críticos", declara Akiko Iwasaki.
Os sintomas de coronavírus mais comuns nas crianças, ainda que leves, são febre, tosse e dificuldade em respirar. Há também casos de cansaço, dores no corpo, dor de garganta e diarreia.