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A fascinante vida privada de Francisco Pinto Balsemão: as três mulheres, os cinco filhos e o herdeiro-surpresa que só reconheceu aos 20 anos

Se na reta final da vida lhe conhecemos um amor sereno, com Tita, a mulher que esteve incondicionalmente ao seu lado, na fase áurea de Francisco Pinto Balsemão, a vida sentimental foi marcada por grandes turbulências. O primeiro casamento acabou entre traições, com o nascimento de um filho fora do casamento, que culminou num divórcio polémico e magoado. Seria apenas muito depois da batalha judicial que o fundador da SIC aceitaria reconhecer Francisco, o terceiro dos cinco filhos que, a par com a mulher, completa o leque dos seus legítimos herdeiros.
Rute Lourenço
Rute Lourenço
22 de outubro de 2025 às 20:47
Tita Balsemão (à esq.) foi a última mulher; Com Belicha (à dir.) teve dois filhos
Tita Balsemão (à esq.) foi a última mulher; Com Belicha (à dir.) teve dois filhos

"Ele era uma pessoa muito livre, viveu sempre de forma muito livre, desde que nasceu até ao fim. Tinha também os seus caprichos, e isso era uma coisa que lhe dava essa graça, esse charme." As palavras são do filho mais novo, Francisco Pedro – o seu grande sucessor nos negócios – e revelam bem a essência de Francisco Pinto Balsemão que, se na vida profissional sempre lutou por um jornalismo livre, a título pessoal regia-se pelos mesmos códigos. Viveu intensamente, alheio, muitas vezes, às regras quase impostas a alguém oriundo de um estatuto social tão elevado quanto o seu e nunca teve medo de seguir os seus instintos, mesmo que isso implicasse ir contra todas as convenções, e ainda que estes lhe tivessem valido grandes dores de cabeça, principalmente na juventude.

As histórias são conhecidas, mas desvaneceram-se no tempo, que fez prevalecer o seu último grande amor e principal parceira de vida, Mercedes Balsemão, mais conhecida por Tita, com quem o fundador da SIC se casou em segundas núpcias e que honrou os votos de estar ao seu lado na saúde e na doença, acompanhando-o até à sua morte – aos 88 anos, na última terça-feira, dia 21. Apaixonaram-se antes do 25 de Abril, mas o amor afigurava-se tudo menos simples, porque Balsemão já tinha sido casado, ou a bem da verdade ainda o era, uma vez que esse divórcio seria tudo menos pacífico. "Encontrámo-nos numa boate em Cascais, ela também engraçou comigo, depois começámos a conversar e a coisa foi andando. Depois, ela veio viver comigo, eu estava separado, mas não havia divórcio naquela altura, e ela veio viver comigo ainda antes do 25 de Abril, o que foi um ato de coragem, sobretudo no ambiente social em que ambos coexistíamos. Essa parte foi muito importante", disse Balsemão, em conversa com Daniel Oliveira no 'Alta Definição', enaltecendo a coragem da mulher.

Quando a conheceu, passava por um período de alguma turbulência pessoal, devido a uma série de acontecimentos que culminaram com a separação da primeira companheira, Isabel Costa Lobo, mais conhecida como Belicha, então considerada uma das mulheres mais belas do País. Juntos, tiveram dois filhos, Henrique e Mónica, mas aquele que tudo tinha para ser um casamento duradouro acabou envolvido numa enorme polémica, com um filho ilegítimo pelo meio.  “O ano de 1970/1971 coincidiu com um período de vida extramatrimonial agitado e desordenado que conduziu inexoravelmente ao fim do meu casamento", lê-se na biografia de Balsemão que, de um caso extraconjugal, viu nascer o terceiro filho, Francisco, que se recusou a assumir, nascido em 1970. 

Isabel Costa Lobo, mais conhecida por Belicha, foi a primeira mulher de Balsemão
Isabel Costa Lobo, mais conhecida por Belicha, foi a primeira mulher de Balsemão

Isabel Maria Supico Pinto – filha da atriz Maria Lalanda e de Clotário Supico Pinto, que fora ministro de Salazar – tentou chamar Balsemão à razão, pedindo-lhe que este aceitasse registar o filho com o seu nome, mas perante as recusas não teve outra opção que não a de avançar para tribunal, numa longa demanda, que só terminou quando o pequeno Francisco já tinha quatro anos. 

Só a 28 de janeiro de 1975 houve sentença no Tribunal Cível de Lisboa, reconhecendo o menino como "filho ilegítimo de Francisco José Pereira Pinto Balsemão para todos os efeitos legais". Apesar das certezas, o então diretor do 'Expresso' ainda tentou protelar o caso, recorrendo da decisão, mas sem sucesso. Daria, então, nome ao filho, mas por muitos anos anos não mais do que isso. Durante toda a infância e juventude não privou com o terceiro filho e só no final da década de 80, quando Francisco já andaria a chegar aos 20 anos, aceitou um primeiro encontro, impulsionado pela segunda mulher, Tita, que pretendia a família a viver em harmonia.

 “O primeiro encontro entre ambos ter-se-á dado pela primeira vez já em finais da década de 80, através da intermediação de alguém amigo de pai e filho”, escreve Joaquim Vieira na biografia 'Francisco Pinto Balsemão, O Patrão dos Media que foi Primeiro-Ministro', reforçando a importância de Tita para que as portas de casa fossem abertas a este filho. “A Tita terá sido importante para resolver o problema de integração do Francisco Maria”, disse Fernando Ulrich para o livro de Joaquim Vieira. 

Depois disso, Francisco passaria a ser para sempre um membro da família Balsemão, integrado na estrutura da SIC e com uma excelente relação com os irmãos, numa comunhão que se manteria até ao fim.

Além de Henrique, o primogénito – que sempre recusou seguir o legado do pai, optando por uma vida mais 'slow living', no Alentejo –, Mónica, diretora de Marketing no Grupo Impresa, e Francisco, o filho que acabou por assumir, Balsemão aumentaria a família com Tita, tendo ainda visto nascer Joana, que foi vereadora com a pasta do ambiente na Câmara de Cascais, e Francisco Pedro Balsemão, por fim o sucessor. São, a par com Tita, os legítimos herdeiros de Balsemão que, com cinco filhos e 14 netos, gostava de preservar a união na família, o que acontecia normalmente no verão, palco de todos os encontros, entre a Quinta da Marinha, onde residia, Algarve ou nas viagens que promovia para manter o espírito de comunhão entre todos.

Sobre o que lhes deixa, para além do seu legado, não é certo, uma vez que o património dos Balsemão foi minguando nos últimos tempos. O palacete da Lapa, por exemplo – onde Francisco cresceu – foi posto à venda por 10 milhões de euros, em 2022, segundo revelou a 'Sábado' numa reportagem recente, mas mantiveram a imponente mansão na Quinta da Marinha, última morada do fundador da SIC. E está ainda em cima da mesa o futuro da SIC e a venda de uma "participação relevante" à família Berlusconi, num cenário que ainda não está fechado.

Balsemão com os filhos e netos reunidos no lançamento das suas memórias
Balsemão com os filhos e netos reunidos no lançamento das suas memórias

AMOR LIVRE E UM ESCÂNDALO A ENVOLVER CARLOS CRUZ

Muitos contariam mais tarde que, na década de 60, Balsemão granjearia uma fama de dom Juan, outros dirão que talvez a tenha herdado de um tio "solteirão" com "várias namoradas, solteiras e casadas", como o próprio contaria na sua biografia. Com Tita, Francisco encontraria o amor sólido que o faria assentar, mas o primeiro casamento terá sido marcado por muito mais tumultos e que terminou de forma polémica porque, além do filho ilegítimo que surgia na equação, reza a história que Belicha trocou Francisco Pinto Balsemão por Carlos Cruz, então apresentador de televisão. "A Belicha não se deixava ficar. Acho que, da parte dela, houve outras facadas no matrimónio antes do Carlos Cruz. A lógica dela, perante o comportamento do marido, era: 'Ah é? Então também faço.'", pode ler-se na biografia não autorizada, assinada por Joaquim Vieira.

Segundo o autor Joaquim Vieira, nesse verão de 1971, as duas grandes preocupações de Francisco Pinto Balsemão eram a de que as pessoas pensassem que ele e Belicha eram "um casal libertino" ou, antes disso, que descobrissem que ele tinha sido traído, e quais tinham sido as razões do ato da mulher. "O Francisco queria muito saber se as pessoas estavam a par de que a Belicha andava com o Carlos Cruz. A intensidade com que ele me perguntava se o caso era, ou não, verdadeiro indicava que não se tratava de um jogo entre eles, o casal. Ele ainda tinha dúvidas", embora a mulher lhe tivesse revelado tudo dias depois da traição.

O casamento estava irremediavelmente condenado, com os dois a seguirem caminhos opostos, numa aura de grande polémica, a maior da vida pessoal de Francisco Pinto Balsemão.

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