
Corria o ano de 2000 e Luís Figo hesitava entre aceitar a proposta milionária de Florentino Pérez, candidato que se tornaria presidente do Real Madrid graças a usar o seu nome em campanha eleitoral, ou manter-se em Barcelona, onde era amado pelos sócios do clube mas onde não se sentia "reconhecido" pelo que dava ao clube.
A história, que é longa e cheia de pormenores picantes e secretos, é contada agora no documentário ‘O Caso Figo: A Transferência que Mudou o Futebol’, na Netflix, com realização de David Tryhorn e Ben Nicholas, disponível na streaming desde quinta-feira, 25 de agosto. Mas há um detalhe que passa quase despercebido mas é vital para o desenrolar desta transferência milionária, que ascendeu a 60 milhões de euros e mudou para sempre a História do futebol mundial e revolucionou os mercados de transferências.
É que Helen não queria que Figo saísse de Barcelona e aceitasse ir para Madrid. Isto após Florentino Perez já ter ganho as eleições, prometido Figo e existisse um pré-acordo assinado pelo agente do craque, José Veiga, e Perez, que o davam como certo. Está tudo contado pela voz dos protagonistas.
Como tudo aconteceu
É Paulo Futre (internediário no caso), José Veiga (Agente do jogador) e o próprio Figo que relatam o caso, 22 anos depois, no documentário da Netflix. Vamos resumir os acontecimentos: Florentino Perez ganha as eleições, dando o nome de Figo como certo para vestir a camisola do clube madrileno e, nesse momento, já com o novo presidente eleito, Figo diz que não vai para Madrid. Futre e Veiga ficam desesperados. Afinal, além da "palavra", havia milhões em jogo - a clausula de rescisão do jogador e a comissão milionária dos agentes. Os dois decidem apanhar um avião e ir ter com Figo, de férias com a família na Sardenha. E é lá que tudo começa a decidir-se, na praia, em reuniões. Mas nada de chegarem a um acordo co o jogador. Até que Futre e Veiga decidem marcar um encontro entre Florentino Perez e Luís Figo em Lisboa. Pegam no jogador e voam para a capital. O encontro dá-se no escritório de Veiga, à época no Campo Grande. E o presidente recém-eleito do Real consegue convencer Figo a mudar-se para Madrid.
"Até que ele diz: tenho de ligar à minha mulher [Helen Svedin]", recorda Paulo Futre, no documentário. E é aí que recomeçam os problemas. Veiga explica: "Ele só dizia, sim, sim sim". E quando desliga diz que já não vai para Madrid. Na verdade, Helen não queria deixar Barcelona nem todas as rotinas que já ali estavam "instaladas", com a casa, as crianças, o dia-a-dia.
O que aconteceu entre marido e mulher desde esse telefonema para Helen e o "sim" ao Real, com Figo a ser apresentado oficialmente logo depois, é o que fica por explicar. O jogador acabou por ceder à pressão da mudança e dos milhões, traindo a vontade da companheira. A família mudou-se mesmo e, hoje, Figo diz que não se arrepende da decisão. Apesar dos pesares.