
Carlos Lopes, figura lendária do atletismo português e campeão olímpico em 1984, foi o convidado deste sábado, 12 de julho, do programa 'Alta Definição', da SIC.
Durante a conversa, o antigo atleta abordou, pela primeira vez e de forma transparente, um dos momentos mais difíceis da sua vida: o diagnóstico de cancro na boca.
"Já passei por tanta coisa... nem da saúde tenho medo", começou por dizer. "Tento sempre encarar os problemas pelo lado positivo. A minha mulher diz que, para mim, nunca há dores, nunca há nada. Como se fosse tudo normal", continuou.
O ex-atleta partilhou a forma tranquila como enfrentou a doença: "Eu não complico a vida. Nós e muita gente é que a complica. Se a gente enfrentar com a real necessidade de saber sobreviver as coisas cumprem-se todas. Eu quando tive o problema do cancro da boca fui ao médico, mas acha que fiquei muito preocupado? Não fiquei. Se isto está aqui, é para tirar, acabou. (...) Para mim a vida é uma festa".
Carlos Lopes revelou então que a mulher, Teresa, recebeu o diagnóstico de cancro da mama seis meses depois do seu.
"Para mim, o cancro não assustou. Nada. Mas assustou muito a minha mulher. Meio ano depois, foi ela que sofreu... teve de tirar um peito. Sofreu muito, mesmo".
O ex-campeão olímpico revelou ainda que o tratamento foi exigente e incluiu sessões de radioterapia. "Esse processo foi muito duro. Disseram que estava sujeito a ter de comer por um tubo, foi aquilo que eu fiz. Com muito custo, mas ia comendo. As idas ao hospital eram um sacrifício", revelou.
Embora nunca tenha perdido totalmente a fala, ainda vive com as sequelas: "Não é aquela fala fluente. Às vezes tenho dificuldade em dobrar a língua, porque o céu da boca foi 'todo à vida', ainda não tenho dentes numa das partes de cima... Mas são coisas que uma pessoa tem de saber gerir com paciência", concluiu.