Todas as cerimónias foram preparadas ao detalhe, pela própria rainha Isabel II - afiança a imprensa inglesa e os seus comentadores especializados em "casa real". Começando no "sitting" de Meghan e Harry na catedral, único dia em que se mostraram publicamente em todo o Jubileu de Platina, longe de William e Kate, longe da restante família real - afinal, uma escolha dos próprios, que abdicaram do seu papel na família e na coroa.
Nesse primeiro dia, conta ainda a imprensa, Harry terá tentando brincar e fazer piadas com os mais jovens. Inúteis. Aliás, no seu semblante era notório o enfado do momento, contrastante com a mulher, a antiga atriz Meghan, sempre de sorriso aberto, tentou tirar partido do momento. Afinal, o casal tinha feito a simpatia de viajar dos Estados Unidos, onde vive, até Londres, para homenagear a "avó" Isabel II. Mais, seria o momento de apresentar à monarca a bisneta que até então se tinha mantido afastada - e que já fez um ano, Lilibet Diana. O encontro de avó e o rebento decorreu em privado, longe dos olhares da imprensa, entretida com todas as comemorações. Obrigações cumpridas, o casal retirou-se e deles mais não se ouviu falar.
Ao contrário do que aconteceu com o neto herdeiro do trono, William. Na fotografia de família do último dia, após a parada do Jubileu de Platina, após a rainha se ter mostrado na carruagem real, toda ela "forrada" a ouro, especialmente usada em ocasiões muito especiais, está tudo descrito. IUsabel II rodeia-se dos seus, daqueles com quem conta para o fururo: Carlos, William, George - em linha de sucessão.
A relação com Carlos, mais próxima e ternurenta, ficou expressa na linguagem corporal dos dois. Aliás, o próprio discurso de Carlos - que já foi formalmente assumido como herdeiro do trono após a morte de Isabel II - durante a Festa do Jubileu de Platina no Palácio, não podia ser mais significativo. Estava ali, como sempre esteve, apesar das polémicas, das dores, das hesitações, ali estava, ao lado da mãe, a rainha.
E com Camilla Parker Bowles, a mulher que escolheu para ser rainha - e que também já foi aceite como tal, sempre consigo. Camilla que, devagar, ao longo dos anos, e sabendo atravessar crises, tem estreitado relações com William e Kate, tornando-se quase a madrasta perfeita, que evidentemente não substitui a mãe Diana, mas se tem portado à altura para o lugar que ocupa.
Kate tem sido fundamental para estreitar estas ligações. Discreta, super-mãe, apaixonou os britânicos e tem mantido um casamento de sonhos - que é real e não feito de aparências. A relação com William é, possivelmente, das raras certezas da corte - habituada a dramas conjugais, rupturas e desavenças. Não é o que acontece entre ambos. E se Kate se afastou - de forma bem visível - de Meghan Markle, quando percebeu o que estava para vir, com a ruptura entre irmãos e de Harry com a família, também soube criar alianças com os "sogros" - Camilla e Carlos.
Os resultados estão à vista nestes dias de Jubileu. A família real surgiu unida, mais "britânica" do que nunca, sorridente, genuinamente feliz. Riu com e como qualquer "súbdito", cantou as músicas dos muitos artistas que desfilaram nas paradas e na magnífica Platinum Party no palácio real, brincou, mimou as crianças, conversou, esteve junta para mostrar que a sucessão pode começar.
Tudo esteve quase perfeito. Quase. Harry ainda é uma "pedra no sapato", apesar da presença que demonstrou ter-se tornado incómoda. E, claro, o facto de Isabel II, aos 96 anos, já não ter tido a saúde necessária para se mostrar em todas as comemorações. Ninguém ficou triste, todos compreenderam. God save de Queen.
