
Nel Monteiro, de 77 anos de idade, nunca pensou chegar a este estado. Cantor popular, com uma carreira de sucesso e milhares de discos vendidos em Portugal, perdeu (quase) tudo na pandemia, agravado com o divórcio da primeira mulher. Parece mentira, mas é verdade.
"Foi muito, muito difícil. Até à pandemia, estava bem, trabalhava bastante e tínhamos dinheiro... Mas o facto de não ter levado nada do meu antigo casamento, deixei ficar tudo, o património todo, comecei do zero e a pandemia deu cabo da nossa vida. Durante dois anos, dinheiro a sair e nada a entrar", contou à 'Vidas'.
Na hora da miséria, valeu a Nel Monteiro, um antigo cavador de vinhas em Vila Real, a ajuda de alguém próximo – e não só. "Tivemos pessoas que não nos conheciam e que nos deram dinheiro, sem pedir nada. Tivemos quem nos quisesse emprestar, grandes amigos. Dez, 15 mil euros, mas eu disse sempre que não. Prefiro encher a barriga de sopa, e nunca quis. Mas se nos dessem cinco euros, aceitávamos", reconhece o artista à revista do 'Correio da Manhã'.
Porém, Nel Monteiro acabou mesmo por receber donativos avultados e preciosos quando não tinha dinheiro na conta. "Uma senhora da praia de Carcavelos, que ainda hoje não conhecemos, sabia da nossa história e gostava muita da Júlia [a atual mulher]. Pediu o número da nossa conta e depositou mil euros. Tivemos mais algumas pessoas assim."
O seu estado de saúde agravou-se, entretanto. "Estive muito mal, quase à beira de um AVC, com 23 de tensão. Estava sempre a pensar no dia de amanhã, não conseguia dormir, estava sempre a pensar no que ia fazer à minha vida. Estava com uma carga enorme de medicamentos. Faziam bem a uma coisa, mas também faziam mal a outras", esclarece o cantor, amargurado, sem negar a depressão por que passou.