
Os dias passam, mas o que aconteceu na Calçada da Glória dificilmente será esquecido por lisboetas e portugueses, no geral, que acompanharam a tragédia com um sentimento de total dor e consternação. Para aqueles que vivem na cidade ou para quem esta lhes é particularmente especial, a sensação de devastação é ainda maior e muitos são os que utilizam as redes sociais para deixaram depoimentos sentidos.
Catarina Furtado, que durante toda a sua juventude se moveu naquela parte específica da cidade, não deixou de lamentar a tragédia com um texto em que reflete sobre uma série de questões. "Toda a minha pré adolescência e adolescência foi passada no Bairro Alto (...) Do Jardim de São Pedro de Alcântara até à Baixa ia sempre no elevador da Glória e regressava, metendo conversa com quem seguia para o trabalho ou para uma visita ao centro do coração de Lisboa", começa por escrever, acrescentando que, de lá para cá, tudo mudou na dinâmica da cidade, nomeadamente o fluxo incessante de turistas.
"Estava cansado. Tinha 140 anos e nunca trabalhou tanto como nos últimos tempos em que Lisboa está inundada de turistas. Quando nasceu, nunca se pensou que iria fazer tantas subidas e descidas e com gente a mais para a sua estrutura."
A apresentadora da RTP lamentou ainda que o dia negro apague ainda a bonita história do elevador. "Independentemente das responsabilidades, a tragédia de um só dia ficará na História e apaga mais de cem anos de uma História de uma beleza imensa.
"As milhares de vidas que o elevador transportou, deixam de contar, perante as mortes que o seu descarrilamento provocou. É demasiado triste. Andamos mesmo desfocados do essencial. Os meus sentimentos às famílias das vítimas e o desejo de melhoras às pessoas que se encontram nos hospitais."