
Pinto da Costa atravessa, por estes dias, o seu momento mais difícil de saúde. A lutar contra um cancro, aos 87 anos, o antigo presidente azul e branco vê também expostas em praça pública os relatos daquilo que se considera uma gestão danosa ao longo dos 40 anos que esteve à frente do clube.
Numa análise minuciosa, a direção de André Villas-Boas revirou faturas e documentos de contabilidade para denunciar aquilo que são milhões de euros em gastos que nada se prendem com a atividade profissional do próprio Pinto da Costa e outros administradores da SAD do FC Porto, como Vítor Baía, que terão comprado joias e outros bens valiosos com recurso ao cartão de crédito do clube.
Agora, de acordo com o Correio da Manhã, o Ministério Público poderá pedir o arresto desses bens do antigo presidente dos dragões, uma vez que em causa estão crimes que não carecem de queixa.
"Se houver uma constituição de arguidos poderá haver uma penhora de bens. Até porque o que que está aqui é uma soma muito avultada", disse o jurista Rui Pereira à CMTV.
Factos que podem delapidar uma herança considerada milionária, mas que se analisa cada vez mais a licitude com que foi edificada. Questionado sobre o valor do seu património, Pinto da Costa sempre disse ter amealhado muito pouco dinheiro e que as suas contas bancárias falavam por si.
Recentemente, no seu livro de memórias, 'Azul até ao Fim', o antigo líder do FC Porto abordaria esse assunto para garantir que de nada vale que se procure contas suas no estrangeiro, uma vez que não tem dinheiro escondido em paraísos fiscais. "Já disse aos meus filhos que não tenho qualquer conta no estrangeiro, nem qualquer sociedade", escreveu no livro.
No entanto, ao longo das últimas semanas, novos documentos alavancam a certeza de que Pinto da Costa poderá ter lesado os cofres do clube a seu favor. Na Justiça estão também a ser investigados o rasto de 40 milhões de euros desaparecidos, relativos à transferência de jogadores, num caso que envolve também o filho mais velho de Pinto da Costa, Alexandre. O processo remonta a 2021, altura em que o Ministério Públicio anunciou a abertura de vários inquéritos para que Pinto da Costa, o filho Alexandre e o empresário Pedro Pinho explicassem vários negócios de jogadores, com os quais teriam obtido ilegalmente vários milhões de euros, numa quantia que ascenderia aos 40 milhões. O esquema teria sido perpetuado durante mais de dez anos.