
André Ventura tem estado no centro das atenções devido aos dois episódios de saúde que teve num curto espaço de tempo. Nas duas ocasiões em que se sentiu mal, os seus gestos foram sempre idênticos: começou por levar a mão ao peito e, depois, ao pescoço, tendo na primeira vez chegado a cair inanimado no chão, enquanto discursava em Tavira. No primeiro internamento, acabaria por ter alta no dia seguinte, tendo sido descartados problemas cardíacos, com os exames de diagnóstico ao coração a revelarem-se normais, tudo apontando para um "espasmo esofágico" - que ocorre devido à "passagem do conteúdo gástrico pelo esófago".
No entanto, depois do segundo susto com a saúde, André Ventura, de 42 anos, seria transportado para o Hospital de Setúbal onde seria sujeito a um cateterismo cardíaco, um procedimento que permite avaliar qual o estado das principais artérias do coração e, se for caso disso, desentupi-las. A Flash! falou com o conhecido cardiologista Manuel Carrageta, que explicou que há duas formas de fazer este procedimento "ou pelo braço ou pela perna". "No caso de André Ventura, terá sido feito pelo braço, uma vez que de outra forma teria de permanecer internado e só teria alta no dia seguinte", explicou, o que ajudou a desmistificar porque é que Ventura teve alta tão rapidamente quando a maior parte dos pacientes sujeitos a cateterismo passam a noite no hospital.
Quanto ao diagnóstico e sem querer entrar em especulações por desconhecer o historial clínico do líder do Chega, de 42 anos, Manuel Carrageta admite que há muitas condições cujos sintomas se assemelham aos que são indicadores de problemas cardíacos e que podem ser igualmente assustadores, pelo que os primeiros exames terão sido determinantes para excluir essa condição.
"A dor no peito pode ser causada pelo coração, início de um enfarte, uma angina de peito associada ao esforço, depois há o esófago, que também passa pelo centro do tórax, hérnia de hiato. E há outras dores, pode haver uma dor óssea, pode ser indiciador de uma embolia pulmonar. Daí que seja tão importante tanto a descrição da dor como a história clínica do paciente, de familiares e os exames complementares".
E sendo verdade que em casos como o de André Ventura se possa voltar rapidamente à vida normal, o cardiologista alerta para o facto de aqui esse regresso ter sido prematuro por uma campanha eleitoral não favorecer a tranquilidade, descanso e condições essenciais à recuperação. "É um cenário em que se dorme horas a menos, muitas vezes não se come tão bem quanto se deveria e tudo isso tem impacto, poderá ter sido determinante. Por isso é que agora há a indicação para não regressar à campanha."
ACUSADO DE FAZER 'TEATRO'
Os sustos de saúde de André Ventura levaram a um enorme burburinho mediático com muitos a acusarem o político de estar a simular doença para granjear simpatia na reta final da campanha eleitoral.
O caso tem sido amplamente debatido e à 'Sábado', o especialista em linguagem corporal Alexandre Monteiro, disse que pese embora todas as manifestações corporais serem inidiciadoras da veracidade do 'ataque', o político aproveitou-se, depois, da condição em seu benefício.
"Aproveita-se do show-off da doença" para despertar "sentimentos de pena. Exagerou", diz, acrescentando que a exposição nas redes sociais completou o cenário."Reza, abre a camisa para mostrar o penso, e está a usar isto como meio de ganhar vantagem política".
Nas redes sociais foi onde o debate esteve, aliás, mais fervilhante, com muitos a duvidarem do facto de André Ventura estar sequer doente.