
O cantor e compositor britânico, Ozzy Osbourne, morreu esta terça-feira, aos 76 anos. O vocalista dos Black Sabbath, conhecido como "Príncipe das Trevas", tinha estado reunido há poucas semanas com os companheiros da banda, para um concerto "de despedida" na cidade natal do grupo, em Birmingham. "É com mais tristeza do que palavras podem expressar que temos que informar que o nosso amado Ozzy Osbourne faleceu esta manhã. Ele estava com a família e cercado de amor", referiu a família de Osbourne em comunicado citado pela Sky News.
A causa da morte não foi ainda revelada. Osbourne sofria de doença de Parkinson e teve outros problemas de saúde nos últimos anos, incluindo complicações com ferimentos após uma queda em 2019.
Os membros originais da banda estiveram reunidos pela primeira vez em 20 anos no passado dia 5 de julho, para se despedirem dos fãs. Sentado numa cadeira ao estilo de trono e decorada com morcegos e crânios: foi assim que Ozzy se apresentou no início do concerto, antes de se ter juntado aos restantes elementos para que apresentassem alguns clássicos. Estiveram presentes no estádio Villa Park, em Aston, mais de 40 mil pessoas.
O músico deixa a mulher, Sharon - de quem chegou a separar-se - , e cinco filhos, Aimee, Kelly, Jack, Jessica e Louis, estes dois últimos do primeiro casamento com Thelma Riley.
O sucesso do casamento, no entanto, também teve os seus baixos. Em 1989, o músico foi preso por tentar assassinar a mulher enquanto estava embriagado: "Acordei numa cela e pensei: 'Que porra fiz agora?'", contou numa entrevista de 2007. "Não consigo descrever o que senti", assegurou. O casal reconciliou-se e, com os filhos Kelly e Jack, manteve o 'reality show' 'The Osbournes' de 2002 a 2005, um sucesso de audiências e prémio Emmy em 2002.
CARREIRA NO METAL
Ozzy Osbourne nasceu John Michael Osbourne, em Aston, Birmingham, em 1948, numa família operária. A pobreza e o abuso sexual por rapazes mais velhos marcaram a infância que definiu como terrível, numa entrevista ao Daily Mirror, em 2003. "Parecia não ter fim", disse. O ambiente industrial do operariado britânico nos anos 1950 viria a alimentar o 'heavy metal' do primeiro projeto de Osbourne, os Black Sabbath.
O primeiro álbum, homónimo, foi lançado em 1970, seguindo-se outros que acabariam por definir o 'heavy metal'. "Paranoid" (1970), que inclui temas como "Iron Man" e "War Pigs", liderou as tabelas do Reino Unido, na época, enquanto "Master of Reality" (1971) continua a ser dado como influência do chamado 'doom metal'. Osbourne gravou mais cinco álbuns com os Black Sabbath, mas tornou-se tão dependente do álcool e das drogas que em 1979 teve de ceder o lugar a Ronnie James Dio.
Depois dos Black Sabbath, Osbourne fez uma carreira a solo, iniciada com o álbum "Blizzard of Ozz" (1980), cinco vezes disco de platina nos EUA. Osbourne editou ainda mais 11 álbuns de estúdio, sendo o mais recente "Ordinary Man", de 2020. O vídeo de promoção contou com colaborações de jovens músicos de rap como Post Malone e Travis Scott, e com a participação especial de Elton John. Para trás ficavam êxitos ocasionais como "Bark at the Moon" (1983), "Perry Mason" (1995) e "Changes" (2003), um dueto com a sua filha Kelly, de 34 anos, nascida do casamento com Sharon Osbourne, a segunda mulher, determinante na gestão da carreira do músico, e na criação do Ozzfest, festival de metal fundado em 1996, uma das fontes da sua fortuna - a 17.ª na lista dos músicos mais ricos do Reino Unido, do jornal The Sunday Times, em 2018.
No passado dia 05, Osbourne reuniu-se com os Black Sabbath, no derradeiro encontro, "Back to the Beginning", para o qual os músicos prepararam um 'set' de cinco temas."Estou de cama há seis anos, não fazem ideia de como me sinto", disse Ozzy Osbourne à plateia nessa noite, reconhecido pela presença dos espetadores. "Obrigado do fundo do coração", afirmou.