Júlio Magalhães está isolado com a família no Porto desde a semana passada, quando a polícia judiciária fez buscas na casa do jornalista em Lisboa na sequência de uma investigação de alegado desvio de 39 milhões de euros de fundos europeus, que está a ser chamada de Operação Maestro. Em causa está o suposto envolvimento do jornalista com negócios de Manuel Serrão. Os dois são amigos de longa data e Júlio Magalhães já chegou a ficar de lágrimas nos olhos com as declarações do sócio.
Foi em 2021 que Júlio Magalhães foi ao programa de Manuel Luís Goucha para recordar a carreira na televisão. Na altura, o jornalista estava a passar por outro pesadelo, também envolvendo a Justiça. Depois de oito anos como diretor do Porto Canal, Júlio Magalhães deixou o cargo e foi obrigado a ir a tribunal devido à divulgação de trechos da correspondência eletrónica de figuras ligadas ao Benfica no programa ‘Universo Porto – da Bancada’. Perante a Justiça, o jornalista defendeu-se argumentando que não tinha envolvimento nos formatos dedicados ao emblema portista mas sim à restante composição da grelha, de cariz generalista, e acabou por ser absolvido.
Mas todo o processo deixou marcas no pivô, que não escondeu as lágrimas ao ouvir no programa de Goucha uma declaração do amigo Manuel Serrão.
"O que nos une, que é o que interessa, é uma amizade longa, de há muitos anos. É gostarmos do Porto e do nosso Norte, é gostarmos do nosso Futebol Clube de Porto, é gostarmos de comer e beber, é gostarmos de estar com amigos até altas horas da madrugada, quando podemos…", disse Manuel Serrão na declaração em 2021.
"É nunca deixar um amigo para trás", continuou. "É sempre darmos o nosso melhor por quem está ao nosso lado. Uma vez disseste que sou quase tua família… Eu posso dizer que tu és mesmo da minha família", assegurou Manuel Serrão.
Emocionado, Júlio Magalhães surpreendeu Goucha. "Nunca te vi assim", comentou o apresentador. "Aquele que é o meu núcleo duro do Porto, nós há anos jantamos, têm sido uma almofada grande nestes momentos, nestes últimos meses", afirmou Júlio Magalhães, apontando para Manuel Serrão.
Depois daqueles meses à volta do polémica dos emails, Júlio Magalhães regressou à TVI/CNN Portugal, no ano passado, onde tinha um ordenado de 10 mil euros, segundo a 'Nova Gente', valor este que se somava a 3500 euros da Rádio Observador. Agora, o pivô tem as suas atividades suspensas enquanto aguarda o fim das investigações da Operação Maestro.
Até ao momento, nenhum dos visados na Operação Maestro foi constituído arguido. No caso do jornalista, o MP suspeita que Júlio Magalhães tenha simulado serviços prestados para as empresas de Manuel Serrão. O jornalista também era sócio daquele empresário em pelo menos três empresas.
A PJ explicou na semana passada que foram realizadas 78 buscas na Operação Maestro, que visam projetos cofinanciados por fundos comunitários que terão permitido aos suspeitos ganhos ilícitos de quase 39 milhões de euros, entre 2015 e 2023.
